“Criatividade é o processo de ter ideias que agregam valor”. Ouvi a frase – atribuída a Ken Robinson – , recentemente em uma palestra no Fire Festival, proferida por Fábio Carvalho, Gerente de Inovação na Faber Castell. Ela ecoa em mim desde então em tom provocativo. Será que tenho sido uma profissional criativa?
Aliás, será que todos nós temos sido profissionais capazes de gerar ideias para uma sociedade melhor e mais justa? Infelizmente, creio que a resposta é não. Penso cada vez mais que nossa obsessão por produtividade, materialismo e por entregar tudo mais rápido e acompanhar a velocidade do digital, acaba por blindar nosso potencial criativo.
Em paralelo, nossa falta de capacidade em propor soluções criativas nos aprisiona em uma sociedade que tende, cada vez mais, a querer nos massificar. A nos enquadrar em caixinhas. É uma observação empírica minha, mas ela também já foi corroborada por alguns estudos.
Vou aprofundar um pouco, ok?
Para onde vai a nossa criatividade?
A verdade é que nós nascemos criativos. Toda criança tem dentro de si um desejo inexplicável de explorar o mundo, descobrir novos horizontes, expandir seu olhar. Mas o que geralmente acontece quando ela questiona o porquê das coisas? A resposta é: “porque é assim que o mundo funciona”. Argh.
Dessa forma, à medida que nos tornamos adultos, deixamos de questionar. E, ao pararmos de questionar, paramos de buscar soluções criativas. A prova disso está nesse gráfico. Ele mostra, em termos percentuais a partir de estudos publicados no livro Breakpoint and Beyond, a queda no potencial criativo que ocorre em nós conforme os anos passam.
Triste, não é? Quanto mais velhos nos tornamos, menos nos arriscamos a buscar novas formas de ver o mundo. E eu entendo: todos temos boletos a pagar, a vida adulta às vezes “engole” a gente mesmo. Só que acho um desperdício simplesmente nos conformarmos com essa realidade.
Deixa eu explicar melhor..
Por que você deve se manter criativo?
Porque o mundo precisa desesperadamente dos criativos. E não falo apenas de uma forma esotérica, mas também corporativa. A verdade é que a disrupção digital transformou completamente as formas de trabalho e nossas relações e, ao que tudo indica, sua velocidade exponencial ainda vai modificar a sociedade de forma cada vez mais rápida.
Como reflexo, as empresas que desejam estar à frente do mercado precisam de profissionais criativos, engajados, dispostos a enxergar além do óbvio. Dispostos a imaginar um futuro diferente. E criá-lo. Quer a prova? De acordo com o Fórum Econômico Mundial, até 2022 as três principais “habilidades do futuro” requeridas de colaboradores vão ser:
- Pensamento analítico e capacidade de inovação;
- Capacidade/vontade de aprender;
- Criatividade, originalidade e iniciativa;
Para você ter uma ideia, há alguns anos ser criativo aparecia lá pela décima na posição das habilidades mais requeridas. A criatividade no novo cenário tornou-se uma habilidade profissional valiosíssima.
Em paralelo, nossa própria sociedade (a nível Brasil e exterior) se encontra diante de tantos conflitos assustadores que penso que a única esperança que temos é conservar nosso potencial criativo e propor novas soluções. O meio-ambiente pede socorro, pois os meios de produção hoje existentes já nos fizeram atingir o déficit ecológico.
Isso sem falar em todas as problemáticas de cunho humanitário que enfrentamos. Os refugiados, a guerra nas favelas, o fato de que a cada dois minutos uma mulher é vítima de violência doméstica neste país. Não podemos simplesmente “aceitar que isso faz parte de como o mundo funciona”.
De forma geral, seja para contribuir com soluções mais criativas para esses problemas, ou simplesmente por uma motivação mais pessoal de ascender na carreira, cultivar seu potencial criativo é absolutamente indispensável no mundo de hoje. O que leva à próxima questão:
Mas e aí, como cultivar a criatividade?
Depois de muito refletir, cheguei à seguinte conclusão: o primeiro passo é você desacelerar um pouco. Sim: se você está no modo “rodinha do hamster”, eu sugiro fortemente que comece a incluir alguns momentos de desconexão e contemplação na sua rotina.
Para ser criativo, seu cérebro precisa estar “limpo”. Como mencionei recentemente em outro artigo que relaciona dicas de saúde com produtividade, você precisa se permitir cuidar de você para ser produtivo e criativo. Desacelerar, meditar, respirar. Só assim você vai conseguir verdadeiramente expandir seu olhar.
Outra sugestão que venho experimentando na minha rotina: consuma conteúdos que não têm absolutamente nada a ver com sua área de atuação. Ouça um concerto de Beethoven no Spotify. Leia sobre espiritualidade. Vá a um museu. Assista a uma peça de teatro. É assim que sua visão de mundo se expande.
Ser criativo em um mundo que jamais nos estimula a ser/pensar diferente pode ser desafiador. Mas não podemos desistir.
Vida longa aos criativos!
E aí, curtiu as dicas? Eu espero realmente que elas possam ajudar você na sua trajetória pessoal/profissional. Se for o caso, deixa um comentário aqui para eu saber!
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