Onde o amor-próprio entra na gestão da carreira?

Eu sempre acreditei que êxito profissional estava associado ao esforço empenhado em uma determinada função, à capacidade de “entregar mais do que lhe é solicitado” e ao foco em um contínuo processo de aprendizagem. De fato, tais elementos são importantes. Só que apenas eles não bastam.

Neste ano, descobri que um dos aspectos mais imprescindíveis na gestão de carreira e no sucesso pessoal e profissional (leia-se sucesso aqui como: sentir um senso de felicidade e realização) é o amor-próprio. Conforme falei recentemente em outro artigo, percebi que cuidar da minha saúde, física e espiritual deveria ser uma prioridade na minha vida.

Em outras palavras: que me amar, me cuidar e ter tempo para mim e as pessoas que eu amo deve ser inegociável. E também me torna uma profissional melhor, capaz de entregar um serviço de qualidade, cumprir prazos e gerar confiabilidade ao cliente. Por mais paradoxal que pareça, priorizar o meu bem-estar também é bom para quem me paga.

Topa aprofundar a reflexão? 

Amor-próprio é a causa e a solução dos problemas 

Vou confessar: no início de 2019, eu me deparei com aquela sensação de vazio. Eu tinha a “fórmula para ser feliz”: flexibilidade de horários, oportunidade para viajar, e jobs – muitos jobs – em uma agência incrível. Eu amava (ainda amo) o que faço, mas faltava um elemento muito importante nessa equação.

E fui descobrir o que era com um livro incrível chamado “Você Pode Curar Sua Vida”, da norte-americana Louise Hay. Sim, é um livro de espiritualidade, autoconhecimento, autoajuda ou o que você preferir. Mas, por favor, não torça o nariz apenas por isso. Antes, veja que incrível o que ela diz:

“Quando realmente amamos e aprovamos a nós mesmos, tudo na vida funciona. (…) Amar a si mesmo é algo que realiza milagres. Não estou falando de vaidade, arrogância ou convencimento, pois isso não é amor, somente medo. Falo sobre termos um grande respeito por nós mesmos. O que pensamos sobre nós torna-se verdade para nós” – Louise Hay.

Basicamente, a autora demonstra que, muitas vezes, a sensação de vazio que assola nossas vidas e relacionamentos independe do nosso cargo ou salário. Ela tem a ver com o nosso próprio senso de merecimento acerca do lugar que ocupamos. 

E mais: que o lugar que ocupamos é exatamente aquele que aceitamos com base em nosso nível de amor-próprio!

Quanto menos nos amamos, mais caótico é o nosso trabalho e, muitas vezes, menor é o nosso salário. Foi aí que eu percebi: o que faltava era tempo de qualidade para mim, para meditar, nutrir amizades, ler. Eu precisava ME amar o suficiente para trabalhar menos, receber um valor que eu achasse justo por hora de trabalho.

O mais desafiador? Não me culpar por tudo isso. 

Sacrificar a vida pelo trabalho não é virtude. É falta de amor-próprio

Em sintonia com a leitura do livro da Louise, revisitei recentemente outro livro do Nuno Cobra Jr., chamado “O Músculo da Alma: a Chave para a Sabedoria Corporal”. Ele também aborda o fato de o mundo estar de cabeça para baixo. Todos vivem cansados e correndo. Falta amor-próprio, no trabalho e na vida.

Mas por quê? Na visão de Cobra, trata-se do mecanismo publicitário – e eu acrescentaria o tal do Coaching “modo charlatão” – que nos vende o autosacrifício como uma virtude. Com os inputs cerebrais promovidos por esses discursos, você não precisa convencer as pessoas a se amarem menos. É só vender a elas a ideia de que se sacrificar é bonito.

Assim, você sacrifica tudo. E a vida parece virar um campo de batalha, sempre mais difícil. Até você chegar lá e perceber que o sucesso que lhe venderam não é sucesso. É vazio.

Saiba se valorizar. Isso não é feio, nem errado. Se você se capacitou, cobre o preço que acha justo pelo seu serviço. Defina suas prioridades e imponha elas em sua rotina. Para mim, por exemplo, meu horário na Yoga hoje é inegociável. Você vai ver que será até mais respeitado(a) por isso.

Tem uma frase que eu adoro, do filme “As Vantagens de Ser Invisível”, que diz assim: 

A gente aceita o amor que a gente acha que merece.

Vale para para o contexto do trabalho, para os relacionamentos pessoais e para a vida, essencialmente.

Gostou da reflexão? O que você pensa sobre o tema? Vamos aprofundar nos comentários?

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