Como você preenche sua sensação de vazio?

Imagino que, em algum momento de sua vida, você já tenha se flagrado com um determinado sentimento que eu chamaria de sensação de vazio existencial. Naturalmente, comigo também aconteceu. Descreveria a sensação como um paradoxo entre parecer que está tudo certo e, ao mesmo tempo, tudo errado.

É como uma coceirinha que faz você se perguntar: por quê? Mas é um porquê incômodo. Você acha bobo olhar para ele, sente que é piração da sua cabeça e decide ignorar. É aí que começa o verdadeiro problema. Ignorar o vazio existencial, logo quando ele aparece, gera um buraco de vazio existencial cada vez mais fundo.

Não sou nenhuma guru, mas falo por experiência própria: é preciso encarar esse vazio de frente, com coragem, se você quiser diminuir tal sensação em sua vida. 

Topa aprofundar a reflexão? Então, vou abrir meu coração aqui e compartilhar um pouquinho de como foi meu processo

Identificando os amortecedores por trás do vazio existencial

Há mais ou menos um ano, eu acreditava que tinha minha vida completamente sob controle (risos, muitos risos). Tinha um emprego legal, ia à academia 7 vezes por semana, ganhava um salário “ok”, mas que já me permitia realizar vários sonhos. Conquistei, até certo ponto, aquele tal de American Dream.

Só que aí…boom! Vazio. Volta e meia vinha aquela coceirinha e, mesmo fazendo terapia, tive vários insights sem nunca chegar à sua real causa. Nas sessões, a principal pauta era: trabalho. Trabalho, trabalho, trabalho. Até que, posteriormente, participei de um grupo de Coaching e tive mais clareza sobre o que acontecia na minha vida:

O trabalho era o centro de tudo. Era minha fuga do vazio. Que só gerava mais vazio.

O vazio ia e vinha porque, toda vez que eu tentava olhar para ele, o trabalho se tornava a pauta central novamente e várias outras coisinhas iam rolando para baixo do tapete. E hoje, justamente por amar tanto o que faço, AINDA preciso ter cuidado para não me tornar uma workaholic doida perigosamente próxima de um burnout.

Depois de mergulhar mais fundo na jornada do autoconhecimento, percebi que o trabalho é o meu amortecedor (talvez o seu também) – mas ele não é o único que existe. Há quem opte por um drink todos os dias, outras pessoas encontram esse conforto na comida, outras em festas, outras nas drogas e até no excesso de atividade física.

O primeiro passo para recuperar o equilíbrio é identificar esse amortecedor e começar a administrá-lo para, então, investigar a real causa do por trás dele. 

Como lidar com a sensação de vazio sem se machucar?

A vida às vezes parece muito dura e, sem os nossos amortecedores favoritos, encarar de frente o vazio realmente é assustador. Mas ao topar fazer essa jornada dentro de si mesmo, a recompensa do outro lado é incrivelmente linda e difícil de se transcrever em palavras. Sabe por quê?

Porque você vai descobrir que o vazio é seu amigo. Quando ele aparecer, você não vai mais ter tanto medo – vai encará-lo como uma oportunidade de rever o rumo do seu trabalho, dos seus relacionamentos, das suas escolhas de vida. Vai parar de olhar tanto para fora e começar a olhar para dentro.

E vou avisar: coisas muito loucas vão acontecer a partir daí

O mais louco de tudo? Você vai ansiar por espaços vazios na sua rotina. Momentos de contemplação, mais meditativos, com menos barulho e  compromissos. Vai descobrir a essência do minimalismo, perceber que se pode viver de forma mais leve, simples, fluida. Vai se sentir mais conectado à Natureza e sua beleza e aos outros seres humanos.

Claro que o processo não acontece do dia para a noite. Há altos e baixos. Mas, se eu puder dar um conselho, é: insira a meditação, a Yoga e a leitura de livros sobre autoconhecimento na sua rotina. São as formas mais simples de começar a contemplar o espaço vazio com menos temor e mais confiança.

Olhe para o vazio para construir uma vida mais feliz e com mais significado. Como escreve o mestre Yogananda, um dos meus atores favoritos quando o tema é espiritualidade:

“Os raios jubilosos da alma podem ser percebidos quando você interioriza sua atenção. Não procure a felicidade unicamente em roupas bonitas, pratos deliciosos e outras amenidades (os tais amortecedores que eu mencionei!). Eles aprisionarão sua alegria por trás das grades da exterioridade).

Faça as pazes consigo mesmo, olhe mais para dentro, evite ceder aos seus amortecedores. Ao elevar a sua consciência, aos pouquinhos você vai descobrir que a felicidade não é utopia.

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