O novo filme do Tarantino satiriza carreiras. Eu torci para os hippies.

Acordei hoje com o estômago um pouco estranho. Não sei se quero mais ver filmes do Tarantino. Mas, também, o que eu esperava? “Era Uma Vez em Hollywood” é mais uma mistura de humor ácido, sátira social e, claro, aquela dose de violência escancarada que o diretor adora.

Vamos ao contexto. O filme, que traz atores e atrizes maravilhosos(as) no elenco – desde Leo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie – até outras figurinhas surpreendentes que aparecem em uma cena ou outra (como Dakota Fanning, Damian Lewis e outras carinhas que você certamente vai conhecer) – se passa ao fim da década de 60, em uma Hollywood de tempos estranhos.

Filmes de faroeste em decadência. Vietnã. Hippies na rua. E toda trama gira em torno desse contexto. Ela acompanha a vida de Rick Dalton e seu dublê Cliff Booth – a dupla DiCaprio e Pitt, respectivamente – que basicamente vivem o típico clichê de LA: mansões, bebidas, filmes, fama.

Margot Robbie, se você me perguntar, é o contraponto irônico de feminismo (de forma subjetiva, claro) no longa. Uma atriz que se delicia em simplesmente ir ao cinema assistir aquela cena em que ela apareceu como coadjuvante por dois segundos e depois retornar ao lar, junto de seu marido, outro ator famoso. Mulheres em segundo plano, nada de novidades. 

Mas, voltando ao foco: em termos cinematográficos, não me julgo competente o suficiente para analisar a nova obra do diretor. Só que em termos de narrativa ela escancara, mais uma vez, o tanto que há por trás da imagem de uma “carreira bem sucedida”.

Vou explicar melhor.

O que acontece nos bastidores das “carreiras”?

Frente ao medo de ser esquecido, o personagem do (mais uma vez, brilhante) DiCaprio dá algumas surtadas cômicas em vários trechos do filme. Fala sozinho. Bebe de manhã, de tarde e à noite. Até chorar ele chora. Ser esquecido, para ele, é a possibilidade mais assustadora.

Confessa aí: não parece a gente às vezes?

Ele vive uma vida de excessos e, essencialmente, de medo. Me fez repensar mais uma vez sobre como nosso trabalho molda nossa vida. Faz parte de quem a gente é. Sabe aquela história de separar vida pessoal da profissional? Não existe! Você é uma única pessoa. Como vai dissociar uma coisa da outra? Me parece impossível.

DiCaprio, no filme, é uma versão mais ampliada do que eu, você e provavelmente todos nós aqui já fomos um dia. Obcecados pela carreira. Pela ideia de deixar uma marca. De sermos os melhores, mais ricos, mais bem-sucedidos. Você já teve essa egotrip? Eu já.

E aí entram os hippies.

A contracultura sem final feliz 

Como você pode imaginar, os personagens hippies simbolizam na trama de Tarantino exatamente o oposto de tudo que Pitt e DiCaprio são. O que eles querem é apenas ficar à toa, transar, viver livres, usar drogas e toda essa “parada hippie” que você já ouviu falar em algum momento.

Por conta de algumas reviravoltas de roteiro, porém, no fim os hippies decidem que querem vingança. Vingança dos astros Hollywoodianos que, através de seus filmes violentos, propagam a violência e a matança. Se você pensou: “isso só pode dar merda”, acertou. Principalmente em um filme do Tarantino. 

Eu não vou dar spoilers do fim, claro. Mas você pode imaginar quem se deu bem e quem não se deu na história, né? Buenas, de todo modo, a trama me deixou uma lição. Como venho refletindo há algum tempo, a resposta está no caminho do meio.

Nem Hollywoodianos demais, nem hippies demais. Precisamos de uma vida com mais equilíbrio. Nos relacionamentos, no trabalho, em tudo. O caminho do meio sempre é mais sábio.

Já assistiu ao filme? Me conta aqui o que achou e se teve outros insights!

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