“A escrita que abraça, acolhe, encontra uma quantidade maior de pessoas não é aquela cheia de palavras inatingíveis, mas a que todos têm capacidade de compreender” – Ana Holanda
Escrevo profissionalmente desde que comecei minha carreira no Jornalismo, em 2013 – de lá para cá, pude acumular uma boa dose de insights sobre como produzir conteúdo relevante.
Se você está começando a trilhar um caminho no Marketing Digital como redatora ou redator e deseja trabalhar com produção de conteúdo, portanto, este artigo é justamente para lhe ajudar.
Durante a faculdade e minha trajetória profissional, descobri que nossa forma de escrever pode ser afetada por inúmeras referências, técnicas de escrita e demandas de mercado. A forma como nos expressamos com palavras varia de acordo com nosso trabalho e o momento em que vivemos.
Sei que parece óbvio, mas você topa aprofundar para entender melhor como tudo isso impacta no momento da escrita e, portanto, no resultado do conteúdo?
Entender o contexto é essencial para identificar como produzir conteúdo de valor
Vou iniciar com exemplos. Você já deve ter notado que a reportagem jornalística possui uma liberdade poética mais ampla do que um texto informativo de jornal, que preza por conceitos de objetividade e esclarecimento de fatos.
Já uma monografia ou Trabalho de Conclusão de Curso exige cuidados pontuais mais específicos em relação a citações e referências.
Na internet, um texto bem focado em SEO (otimização para buscadores) demanda a observação de inúmeros detalhes minuciosos – como a repetição bem colocada de determinadas palavras-chaves e a formatação de intertítulos. Um post escrito para uma rede social, por sua vez, pode incluir emojis e outras “ferramentas de linguagem”.
Se você atua no mercado digital, muito provavelmente também já ouviu o termo “Copywriting”. Trata-se de um estilo de escrita mais persuasivo, que leva em consideração a necessidade de conduzir o leitor a tomar uma ação. Apresenta uma estrutura mais envolvente, sedutora, com o intuito de promover produtos/serviços e converter vendas.
Outra técnica amplamente utilizada em filmes, séries e na internet é a do Storytelling, a já bem conhecida “jornada do herói”. Ela consiste, para explicar de forma bem resumida, em relatar fatos por meio de narrativas, acompanhando a trajetória de um personagem que passa por provações e, no fim da história, encontra uma solução e as supera.
O que quero dizer com tudo isso? Que, se falarmos em “fórmulas” de escrita, a lista é praticamente interminável. E, ao longo da vida e de nossa jornada como escritores(as), nos deparamos com muitas delas!
Particularmente, acho ótimo ter um repertório, conhecer técnicas diferentes e dominá-las.
Eu mesma estudei todas as que acabei de referir. Jamais diria que foi desnecessário ou perda de tempo. Pelo contrário, anseio cada vez mais por mergulhar nos mais distintos caminhos de escrita e estilos literários.
Adoro ver referências, analisar templates e metáforas, ampliar minha compreensão acerca do uso da palavra.
A grande questão é que, como toda a “regra”, fórmulas mágicas de escrita também podem nos tornar mais tensos e travados. É o que acontece com muita gente na hora de fazer o trabalho de conclusão da faculdade. São tantos detalhes para se pensar…parece que tudo simplesmente não flui.
Percebo muita gente perdida quando começa a ouvir termos como Copy e SEO. De fato, são universos tão profundos que você poderia passar anos estudando. Mas, vamos lá: de que adianta fazer mil cursos online diferentes e nunca colocar nada em prática? A pessoa se afunda em teoria e peca na prática.
Quando, na verdade, praticar é sempre melhor do que ficar só na teoria. Você melhora sua escrita a partir dos feedbacks que recebe. Só que, para obtê-los, precisa começar a mostrar seu trabalho.
Eliminando entraves na produção de conteúdo para a web
No livro Hit Makers, o escritor norte-americano Derek Thompson relembra que as mentes mais brilhantes por trás de hits – sejam eles textos, músicas, filmes ou quaisquer tipos de produtos – são aquelas capazes de transcender a ideia da fórmula. Sua habilidade com as palavras, digamos, é tão intrínseca que a mecânica se torna invisível.
O texto, no caso, simplesmente flui. Quase que sem perceber, você já está fisgado pela história.
Porque quem realmente se destaca com as palavras não leva apenas a escrita como processo, mas sim como um ato de total devoção e entrega. O amor pela criação da obra também é ingrediente da narrativa.
Assim, o artigo toca algum lugar mais profundo e se torna como um amigo, um carinho. É algo semelhante a quando você assiste um seriado e lembra de alguém. Ou escuta uma música e se transporta imediatamente para uma situação ou lugar.
Está além da superfície. A identificação chega até a alma.
Vou propor outro exemplo para contextualizar melhor. Você já deve ter assistido seu filme favorito mais de uma vez, não é? Há pessoas que relatam com alegria, por exemplo, já terem visto a série Friends milhares de vezes (eu também!). Por quê? Porque gostamos dessa familiaridade.
Nossas séries e músicas prediletas se tornam parte de nós. Se transformam em uma linguagem de lembranças.
O mesmo pode acontecer com um texto, perfil de Instagram, blog, ou qualquer projeto de conteúdo online. Pense aí: qual é o DNA do seu conteúdo que gera esse impacto nas pessoas?
O que vai fazê-las quererem ler, reler seus textos, ou acompanhar seus vídeos semanalmente? Como você toca as pessoas de modo que elas anseiem pelo que você publica?
Aí está o ponto-chave sobre o porquê as fórmulas não funcionam. Porque, como gosto de dizer, tudo na vida está em constante fluxo de movimento.
Se há uma “fórmula para um texto de sucesso” e todos optam por segui-la, logo aquele formato provavelmente não será mais tão atraente assim. Por quê? Porque terá virado simplesmente um lugar comum.
Nenhuma série que copiasse Friends seria tão perfeita quanto Friends. Friends é Friends. O que torna o seu texto seu? Como seu projeto de conteúdo revela uma singularidade? Você não vai obter essa resposta de modo exclusivamente analítico.
Apenas voltando a sentir. A saber, afinal, o que torna você única ou único.
Se você quer saber como criar conteúdo interessante, foque nas pessoas
Para concluir o raciocínio, penso que é muito mais válido pensar na escrita e na criação de conteúdo como um processo de libertação, não como algo a ser feito para se atingir um determinado objetivo final. O que vale, como na vida, é a caminhada.
Ao pensar dessa forma, você automaticamente se liberta do “peso” de quaisquer julgamentos e medos de escrever. Pelo menos comigo tem sido assim.
Enquanto escritora, há textos meus dos quais morro de orgulho. Outros, releio e não gosto tanto. Penso que poderia aprimorar. Mas isso tudo é parte do processo. Assim como estou em constante transformação, minha escrita também está.
Isso vai acontecer com você também. Só que é preciso se permitir viver essas transições.
Não entenda mal, mais uma vez: eu mesma recomendo – e fiz – cursos de SEO, Storytelling, Branding e Escrita Criativa. A grande questão é que, ao analisar todas essas técnicas, fui percebendo de forma cada vez mais cristalina como o centro de tudo são as pessoas.
A pessoa que escreve e a pessoa que lê.
As pessoas são tudo. Um bom texto é aquele capaz de impactar outro ser humano.
Então, se você quer realmente produzir conteúdo relevante, observe ao seu redor. Olhe para as pessoas. Não há nada mais inspirador do que a própria vida para escrever.
E comece.