é como se todas as dores
que eles já causaram
me atingissem com mais força
nesta lua do mês
e a única forma de me livrar
dos resíduos da destruição
fosse sangrando
pela minha vagina
então eu vivo esse luto
que não é preto
é vermelho
me derramo
porque depois de tudo
sei que estarei recriada
e o que resta
do meu escorrimento
eu doo às plantas
porque é lindo pensar
que a minha morte
pode ajudar outros seres
em seu florescer.
poema escrito originalmente para a Revista Matilda.