Escrever é como despir-se. Então, aqui estou eu. Nua diante de você.
Julgue-me. Faça à vontade. A carne feminina sempre lhe serviu bem para isso, não?
Imagine eu, aqui, mulher. Escrevendo. Como ouso? Você está em minha mente, pois a cada letra me pergunto o que vai achar disso tudo.
É patético. Ridículo que eu me importe tanto. Porque meu sexo não deveria ser premissa para essa carga mental toda que me vi obrigada a carregar.
Ah, mas eu já suportei calar-me. Muito. Agora não mais. Você vai me julgar de qualquer forma. Então, de que importa?
Nova (ou velha) demais. Bonita (ou não). Magra (ou não). Inteligente (ou não). Metida (ou não). Vamos lá: escolha seu adjetivo favorito.
Ou até mais de um. Não me importo. Aplique-o a mim.
Já disse…estou nua aqui. Aponte seu dedo. Tanto faz. Só não espere que eu pare.
Vou torcer, chorar, sangrar, gritar. E, depois de tudo, minhas palavras vão continuar aqui.
Você sabe o que é descobrir que tem uma voz depois de tê-la calado por anos? Eu não a silencio por mais nada neste mundo.
Apedreje uma escritora nua e ela continuará sangrando em verbo.