RESENHA: Livro Em Busca de Mim, de Viola Davis é honestamente acolhedor

Ao me propor a escrever sobre o livro “Em Busca de Mim”, autobiografia da produtora e atriz Viola Davis – vencedora do Oscar , a primeira palavra que ressoou internamente foi honestidade. Sim. 

Talvez seja esta a parte mais bonita de ler sobre sua intensa e marcante trajetória de vida: sentir proximidade com alguém que está disposta a expor vulnerabilidades. Também a partilhar memórias de uma forma nua e crua, mostrando verdades dos bastidores de sua história pessoal e da indústria.

Viola, cuja infância foi marcada por profundos traumas, hoje dança com sua vergonha.

Saber dos abalos que a atravessaram – incluindo marcas da pobreza, alcoolismo e abuso sexual – e ver como, ao invés de deixar-se aniquilar por eles, transformou-os em combustível para a construção de suas personagens densas, complexas, emocionalmente profundas é inspirador.

Expor sua própria história, por si só, não poderia deixar de ser um manifesto feminista e antirracista – ainda que o tom de suas palavras não denote isto como um propósito pré-definido para a escrita do livro.

Ao rememorar sua trajetória até o momento da publicação da obra (em 2022, no Brasil pela @editorabestseller), o que Viola parece fazer é assumir os méritos de seu sucesso, mas explicitando também que sua trajetória é um ponto fora da curva.

Viola sabe, sem que isso a faça melhor ou pior que ninguém – como ela própria parece perceber – que o destino já previamente traçado para a imensa maioria das pessoas de sua cor é a violência, a pobreza e o desamparo. Por consequência, uma vida muitas vezes associada ao abuso psíquico e químico. 

A atriz assume suas vitórias e seu ímpeto de superar as piores condições imagináveis sem, no entanto, deixar de reconhecer que a sorte também manifestou um papel relevante.

Em outras palavras: sem transformar sua narrativa de superação em um manifesto em favor da meritocracia. Admirável.

Em resumo, Viola nos oferece aqui uma história de amor, resiliência, fé e beleza. 

Particularmente, fico aqui ansiando para que ela dê uma de Ritinha Lee e lance muitas outras biografias. Fico na expectativa de ler.

E você? Chegou a ler o livro? Qual foi a percepção que mais te marcou? Aproveite para compartilhar comigo aqui nos comentários.

Um abraço e até a próxima resenha,

Rafaela  

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