Lapide sua essência, na vida e na escrita. E nunca abra mão dela.

“Fala se tens palavras mais fortes do que o silêncio, ou então guarda silêncio.”- Eurípedes

No artigo desta semana, meu objetivo é mesmo tecer uma reflexão. Ou melhor: fazer um convite. Que você repense a sua própria trajetória.

Creio que cada uma de nós pode ter uma opinião diferente acerca do porquê estamos aqui. Por que habitamos este mundinho, entre tantas galáxias? O que estamos fazendo neste espaço? Qual é, afinal, a razão disso tudo?

Pessoalmente, acredito que estamos aqui para contribuir de alguma maneira. E, se você tem algum tipo de identificação com a escrita, creio ser muito provável que o seu propósito – ou dharma, em sânscrito – pode ter a ver com as palavras. Já identifiquei que o meu, sem dúvidas, tem.

A relação entre propósito e uma carreira com a escrita

Acredite você ou não que cada uma de nós nasceu para realizar algo – e, em caso negativo, saiba que respeito sua opinião também – de qualquer forma, isto é fato: o que torna a vida prazerosa, o que nos faz ter vontade de viver é um senso de propósito. Sem isso, tudo perde a cor, o brilho.

Gosto de uma frase de Rick Warren. “Viver com propósito é a única maneira de viver de verdade. Todo o resto é apenas existir”. Propósito é isso. É o que nos dá rumo, motivação, sensação de pertencimento, poder pessoal, esperança no futuro.

O que tudo isso tem a ver com escrita? Tudo. Porque o nascer da nossa escrita está estritamente ligado ao florescer de nosso propósito. Esse encontro com a essência lapida nossa vida e, por consequência, a forma que escrevemos.

Por isso, aí vai uma sugestão prática e a qual atribuo a possibilidade que vivi de encontrar realização profissional: escreva para projetos nos quais você acredita.

Procure se envolver com clientes, agências e marcas que carregam uma mensagem na qual você, de fato, crê. De verdade: vai ser muito mais fácil deixar florescer as palavras, emprestar sua voz a um projeto pelo qual você se apaixona.

Identifique-se com os projetos para os quais você escreve. É isso que dá vida à sua escrita – e também o que vai dar sentido à sua vida. Posso afirmar com firmeza: em todos os blogs dos quais já participei – escrevendo desde sobre mercado financeiro, até fotografia e decoração – eu mergulhei de cabeça. E nunca me arrependi.

Se você escrever sobre o que gosta, as pessoas vão gostar do que você escreve

E como saber do que eu gosto, afinal? Minha resposta número um seria: autoconhecimento. Isso não se trata só de fazer terapia, por exemplo.

Na vida, de modo geral, acho que é sempre interessante buscar a ideia de se autoconhecer como uma prática diária – por meio da própria escrita, por vezes, como também da Yoga, meditação e outros aspectos espirituais (só você pode sentir qual é o caminho ou a prática que mais combina com a sua realidade).

Isso tudo justamente para que consiga entender o que realmente importa no mundo para você. A chave é isto: a evolução do seu processo de escrever está intrinsecamente atrelada à sua evolução pessoal. Esta, por sua vez, é contínua e ininterrupta.

Permitir-se olhar mais para dentro, portanto, sempre irá beneficiar a sua escrita. À medida que as palavras brotarem, ao mesmo tempo, você também se perceberá mais confiante enquanto ser humano.

Palavras sinceras são um legado seu ao mundo

Em diversos momentos da minha vida, eu sentia que não pertencia ao local onde estava inserida. Achava que ninguém me compreendia. Sentia aquela vontade de morrer, de sumir, de deixar de existir.

Soa vulnerável dizer tudo isso. Mas, confessa aí: sei que você também já experimentou tudo isso em algum momento.

Só que a gente foi educado a esconder. E, quando decidi parar de esconder tudo o que eu sentia e comecei a escrever meu blog, compartilhar meus pensamentos, aprendizados e processos de crescimento enquanto pessoa e profissional, os feedbacks foram incríveis.

Posso dizer, sem sombra de dúvidas, que a escrita preservou minha sanidade nos momentos mais escuros da vida.

Portanto, se você é afeiçoado de qualquer maneira pela escrita – seja de uma forma íntima e pessoal, ou mesmo profissional – por favor, peço apenas que não pare de viver esse processo.

Sei que escrever é doloroso às vezes. Há pessoas que podem lhe dizer que é perda de tempo. Ou até que, se você escreve por hobby, que este seria um hábito sem utilidade. Não ouça. Por favor, não ouça.

Se você sente a mesma conexão com as palavras que eu sinto, não acredite. Evite permitir que entre em sua mente a ideia de o futuro é totalmente audiovisual, que ninguém mais lê. A escrita continuará por aqui, nós a defenderemos. E deixaremos o legado das palavras, seja na internet ou nos livros.

Na obra Born to Blog, uma das que costumo indicar para quem trabalha ou está começando a trabalhar na área de Marketing de Conteúdo, os autores Schaefer e Smith nos convidam a refletir sobre esse gigantesco poder da palavra e, principalmente, dos blogs no contexto digital.

Para as futuras gerações, os textos que publicamos hoje (seja em um blog pessoal ou corporativo de um cliente) serão documentos da realidade que experimentamos. Assim como antigamente ocorria com os desenhos feitos nas paredes das cavernas.

Veja que trecho fantástico:

“É fascinante imaginar um futuro em que os historiadores irão ‘cavar’ através de arcaicos drives repletos de entradas de blogs. Pela primeira vez, arqueologistas terão acesso à história emocional de nossa cultura. Diferentemente da arte na parede das cavernas (…), nossa civilização possui uma moldura com tamanho infinito. Nosso compartilhamento só é restrito pelo nosso tempo e pela nossa experiência. É empolgante pensar que, através de um blog, ninguém precisa ter medo de ser esquecido. Se você escreve um blog, está deixando uma permanente pegada digital”, escrevem os autores.

Impactante, não é? Então, para finalizar, quero provocar você uma última vez. Qual é a mensagem que você quer deixar ao mundo? Se soubesse que iria morrer amanhã, quais palavras deixaria? Sua escrita é e será seu legado, sempre.

Escreva, por você. O que você quer escrever já está aí dentro. Você só precisa permitir que o nascimento das palavras aconteça.

E, haja o que houver, como diz o escritor Neil Gaiman: faça boa arte. Pratique a escrita verdadeira. Permita que ela aconteça, esteja você feliz, triste, com raiva ou extasiado.

Escrever é permitir-se. Permita-se.

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