Me lembro bem do dia: estava na livraria @livrariamegafauna, no Centro de São Paulo, imersa naquele “mar de livros” incríveis.
Por me encontrar sozinha na megalópole e passando por um momento interno intenso de transformações, acho que meu inconsciente me levou à capa deste livro…
“A Vegetariana”.
Folheei algumas páginas, percorri alguns trechos e logo me dei conta: estava diante de uma leitura arrebatadora. Feminista. Doída. Brilhante!
Já havia ouvido críticas positivas, mas não sabia nem se estava pronta psicologicamente para ler a obra inteira.
Deixei passar uns dias….Voltei lá e comprei o romance da autora sul-coreana Han Kang.
Que já inicia com esta premissa forte: uma mulher casada, Yeonghye, tem um sonho ruim envolvendo carne e decide virar vegetariana.
Mas se engana quem julga o livro pelo título e crê que se trata de uma obra intelectual sobre prós e contras desse “lifestyle”.
A meu ver, o ponto central envolve inúmeros mecanismos de controle do sistema patriarcal sobre a mulher.
Versa sobre distintos aspectos de uma sociedade estruturada com base em valores quase que exclusivamente masculinos: poder, virilidade, coerção.
O impacto das figuras masculinas (marido, pai, irmão) no destino devastador de Yeonghye são brutais, dolorosas. E, se eu disser mais, já estou dando spoilers…
A questão que me ficou mais presente é: as opressões contra a mulher na sociedade são tantas que é difícil saber onde começam e terminam.
Às vezes, podem iniciar com coisas pequenas – como a tentativa de controlar e dizer o que temos ou não que comer.
E, se não estivermos atentas, podem levar a extremos – como a doença e a autodestruição.
Ficou curios@? Super recomendo a leitura. Ou, se você já leu, me conta aqui nos comentários o que achou?