Senti um aperto no peito. Li a última frase com olhos marejados. Sabia que o final ia doer, mas não esperava com tamanha intensidade.
E, aqui para você, não quero dar spoilers. No entanto, preciso recomendar a leitura de “As Inseparáveis”, romance inédito de Simone de Beauvoir publicado no Brasil em 2021.
Espécie de texto autobiográfico, ele versa sobre a relação entre Beauvoir (Sylvie, na ficção) e Zaza (Andrée, na ficção). Como o título sugere: ambas foram amigas de infância e adolescência inseparáveis.
No entanto, entre deveres burgueses, pressões familiares em relação ao casamento e amores dilacerados, Sylvie acaba por ver Zaza entrar em uma espiral de autodestruição que só poderia findar em tragédia.
Simone entendeu, diante da história da amiga, como a cultura mata. Aniquila a vida de mulheres diariamente.
O jornal El País, em razão do lançamento recente da obra, levantou a questão: haveria uma Simone de Beauvoir, esta que nos brindou com O Segundo Sexo – livro que emancipou e emancipa tantas mulheres (e que, penso eu, todas precisam ler) – sem uma Zaza?
Depois de conhecer em detalhes essa história forte, dolorida, mas repleta de doçura pelo desabrochar de uma amizade sincera e verdadeira brilhantemente descrita em palavras, acredito no mesmo.
Obrigada Simone, obrigada Zaza. Pelo seu legado. Por terem sido quem foram. Por continuarem a nos libertar.
Escrevo, também, por vocês. ♥️