“Seja constante e metódico em sua vida, para que possa ser violento e original em seu trabalho” – Gustave Flaubert. Essa frase, retirada do maravilhoso livro “Roube Como um Artista”, pode até soar um pouquinho assustadora para nômades/aspirantes ao nomadismo digital.
Afinal, a graça do trabalho remoto não é justamente ter flexibilidade de horários e poder viver mais “livremente”, sem uma rotina fixa? Com certeza. Acontece que liberdade sem comprometimento – e um pouquinho de organização – acaba, paradoxalmente, virando uma prisão.
A resposta, como na maioria das vezes, está no equilíbrio. Por isso, neste artigo quero compartilhar com você alguns insights e técnicas para balancear o lifestyle nômade com a estabilidade de uma rotina.
Vamos lá? 🙂
Uma breve contextualização: a importância da rotina (no nomadismo e na vida, em geral)
Antes de compartilhar com você um pouquinho do meu processo, gostaria de fazer uma provocação: já parou para refletir sobre para que serve uma rotina? Basicamente, a resposta é que o nosso cérebro precisa disso para não pirar completamente.
Quando você começar a viajar mais, vai perceber o quanto pequenas coisinhas rotineiras realmente fazem falta. Por exemplo: abrir o chuveiro sem ter que pensar como fazer isso, identificar rapidamente onde estão as louças em uma cozinha e, até mesmo, ter certeza sobre o caminho que irá percorrer até o trabalho todos os dias.
Conforme explica o jornalista Charles Duhigg no também brilhante livro “O Poder do Hábito”, a rotina e os hábitos fornecem um “descanso ao cérebro”, pois ter que parar para pensar sobre todos esses detalhes, de fato, demanda um gasto de energia mental enorme.
É igual quando você aprende a dirigir. No começo, fica tenso e precisa prestar atenção em cada movimento que está fazendo. Depois, você sabe a “rotina” que precisa seguir (colocar o cinto, ligar o carro, acertar a marcha). Tudo vira fácil e automático…Mas é aí que também mora o perigo!
Conforme mencionei em um artigo recente, acredito que viajar e trabalhar é algo capaz de nos tornar melhores pessoas e profissionais, justamente por nos obrigar a sair desse automatismo. Nos faz ficar mais atentos ao nosso redor novamente, prestar atenção no mundo e nas pessoas.
Só que sempre é válido lembrar: nomadismo não é turismo. Você vai viajar E trabalhar. Então, terá que lidar com clientes e responsabilidades – o que reforça a importância de um senso de rotina. Sem ela, fica muito fácil se perder, protelar trabalho, deixar de cumprir prazos. O que pode comprometer sua saúde física, mental e financeira.
Particularmente, penso que existe muito vazio em uma vida “estruturada” demais, mas acredito que uma vida muito desregrada também esconde um imenso vazio. Então, onde fica o caminho do meio?
Como eu equilibrei o nomadismo com a rotina
Sempre brinco que sou uma “nômade Nutella”. A verdade é que eu estou mais para uma “freelancer que trabalha em home office/cafés e viaja uma vez a cada um ou dois meses, mas ainda tem uma casa”. Mas aí está o ponto: esse foi o estilo de nomadismo que escolhi, justamente por perceber que, para mim, ter uma rotina é importante.
Quando estou “em casa”, tenho uma estrutura bem fixa: acordo por volta das 7h30, pratico Yoga, faço meu café, passeio com minha cadelinha. Trabalho online até por volta das 18h/19h e depois me desconecto. O que muda, então?
Bem, eu usufruo da minha flexibilidade me permitindo algumas concessões. Por exemplo: às vezes saio para um almoço ou café mais demorado com amigos, marco uma massagem, ou encaro um pedal no meio da semana – e acabo trabalhando menos horas. Para compensar, trabalho no sábado ou domingo (o que, para mim, não é problema).
Mas e nas viagens? O meu grande “truque”, quando não estou em casa, é tentar levar um pouco da minha rotina comigo. Procuro acordar no mesmo horário e sempre levo meu tapetinho de yoga, assim não “sofro” toda vez que saio até me adaptar. O que muda um pouco é o cenário…
Por exemplo: se estou em uma cidade com praia, procuro levar meu tapetinho e fazer yoga em frente ao mar, caso o tempo esteja favorável. Seria um desperdício não aproveitar a beleza do local, certo? Assim, curto o destino e, de certa forma, não deixo de ter um senso de rotina.
Isso é o que tem funcionado para mim. Mas, para você, pode ser diferente. E isso é o mais legal! Esse é um estilo de vida realmente novo e creio que nós vamos descobrir ao longo do caminho a melhor forma de vivê-lo com equilíbrio e saúde.
Então, se você é nômade e tem encontrado outras formas de equilibrar rotina e viagens, me conta aqui nos comentários? Eu vou amar saber! 🙂
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