, eu suplico seu respeito às mulheres

o mundo sempre
pertenceu aos machos
como bem disse
a Beauvoir
mas a sociedade
entraria em colapso
sem a força
e a dedicação abismantes
das mulheres cuidadoras
dos filhos
das roupas
da casa
da cozinha
e muitas ainda
trabalhando do lado de fora
por salários tão indignos
que orgulho eu tenho
do ímpeto dessas minhas irmãs
que raiva eu sinto
de sua desvalorização

, só você pode viver sua história

não existe nada
mais poderoso
do que você
se pegar no colo
decidir que é
pai e mãe
de si mesmo
assumir que é responsável
pela sua felicidade
e lutar com unhas, dentes
mente, corpo, espírito
para realizar todos
os seus sonhos

, primavera em nós

uma música
um poema
uma oração
um livro
uma carícia
um mantra
uma lua
um sol
você realmente
acredita que
não há paz?

, o que é esperança?

esperança é olhar para a Natureza
e sentir plenamente que
apesar do seu corpo ser violado
e do seu coração estar despedaçado
sempre é possível renascer
de novo
e de novo
e de novo…

, isso é a minha poesia

tudo o que
eu queria explicar
mas não consigo
tudo o que
eu queria dizer
mas tenho receio
tudo que eu queria curar
mas sou incapaz
todo grito abafado
meu e de todas
as mulheres

, me amando cada dia mais

quando te convenceram
durante muito tempo
de que você é feia
e inadequada
assumir a Deusa
dentro de si
não é narcisismo
e libertação

, mantenha seu coração intacto

se você conseguir
permanecer com
uma alma leve e gentil
mesmo diante
das opressões diárias
poderá até mesmo
transcender essa loucura
que criamos e chamamos
de capitalismo

, hora de despertar

quem foi que me convenceu
de que meu corpo é feio?
de que não são suficiente?
de que sou insignificante?
de que meu intelecto é menos
válido que minha aparência
quem foi que me convenceu
de que sou menos
só por ser mulher?

, curas subjetivas

a arte
atravessa oceanos
transpõe o próprio tempo
e toca o coração
de cada pessoa
com profundidades
que a mente
mal é capaz
de compreender

, o amor não mata

sim, sou feminista
não, não odeio homens
eu os amo profundamente
o que realmente abomino
é a masculinidade tóxica
que emburrece, adoece
aliena e mata
as minhas irmãs
mata – do verbo matar