Diários de Quarentena – Carta 6, Simone de Beauvoir

imagem em preto e branco da escritora Simone de Beauvoir

Foto: Youtube, Reprodução

Querida Simone,

Escrevo porque preciso dizer: está doendo te ler. E dói porque toca em vários pontos da minha vida, do meu “ser mulher”, que até aqui simplesmente abafei. Me recusei a sentir.

A verdade é que não quero ser apenas uma “carne frágil”, como em alguns momentos me senti na condição inevitável de existir neste mundo – e me vi reconhecida até nessa negação por meio das tuas palavras.

Afinal, até certo ponto, eu sou ela. Digo, esta carne escrava da biologia, da cultura, dos costumes. É inevitável. Sou existente. Minha identidade está fundida a tudo isso.

Mas sei, sinto que preciso – e quero – transcendê-la. Onde encontro a tua coragem? Imploro que me ajude. Ainda necessito de muitas, muitas, muitas respostas…

Porque também quero ajudar a todas as minhas irmãs. Só que, se não começar por mim mesma, como ajudarei? Como equilibrar essa força? 

De onde veio a tua? Quero dizer…a tua determinação para compreender que não é preciso ser perfeita para todos o tempo todo? A coragem de contestar, falar dos tabus, não temer as críticas?

A leveza para entender que é permitido errar? Eu, quando erro, quero morrer. E isso é tão limitante e injusto, certo? Imagino que acharia ridícula essa pressão que boto em mim mesma, porque ela não é minha, é do meio.

Talvez diria: “apenas continue lendo, escrevendo, filosofando…esse é o caminho para se tornar uma pessoa autêntica, sujeito da tua própria história e vida. Busque a independência, ganhe o teu próprio dinheiro, confie nas tuas escolhas”.

Quem sabe, afinal, essas já sejam algumas respostas.

Eu agradeço por isso, então.

Um abraço,

Rafaela

Meditação e prática formal de Yoga para escritoras romperem suas barreiras mentais

menina de costas com toca de lã olhando as montanhas e meditando

“Todas as nossas palavras serão inúteis se não brotarem do fundo do coração. As palavras que não dão luz aumentam a escuridão.” – Madre Teresa de Calcutá

Se você, assim como eu até não muito tempo atrás, ainda não sabe realmente o que é Yoga, talvez a primeira imagem que lhe venha à mente diante dessa palavra é de um iogue muito magro, meditando na Índia, ou de alguém fazendo uma postura extremamente acrobática que lhe parece impossível. Trata-se de um equívoco.

Então, vamos começar a desconstruir. Preciso que você entenda, antes de mais nada: tudo isso não é Yoga em sua totalidade. E, como certa vez disse minha professora Maria Nazaré Cavalcanti, Yoga também não é sobre se vestir de indiano, cantar mantras o dia inteiro, virar um “bobalhão que só medita”.

Mas, então, o que é realmente praticar Yoga e meditar? E o que isso tem a ver com processo criativo e escrita?

É o que vou explicar melhor a você neste artigo. Para facilitar a compreensão, antes de procurar contextualizar o que é Yoga e meditação, vamos primeiro ao que não é

Yoga não é acrobacia ou fanatismo religioso

Nós, ocidentais, enxergamos muitas vezes os asanas (como são chamadas em sânscrito as posturas de Yoga), como algo exclusivamente físico. Por aqui, a visão da “praticante de Yoga” tende a ser a daquela que faz posturas, tem um tapetinho bacana, vai ao estúdio praticar duas ou três vezes na semana.

Tipo aquela coisa da Grazi Massafera, da Alessandra Ambrósio ou da Fernanda Lima postando fotinhos no Instagram de cabeça para baixo. Equívoco número dois.

Acontece que a parte física é uma minúscula ramificação do que é a verdadeira Yoga. Ela corresponde ao mecanismo que possibilita desacelerarmos nossa mente através do movimento e da respiração para que, a partir daí, possamos acessar um lugar de mais quietude interior, tranquilidade, algo que vai se refletir na forma como agimos em nossa vida diária e em nossos relacionamentos.

Então, sim: os asanas fazem parte da prática de Yoga. Mas não são tudo. Eles representam apenas um dos recursos, uma parte “formal” da prática.

Interessante pontuar que Yoga também não é uma religião, por si só. Existem, de fato, textos clássicos que apontam orientações de conduta, caminhos para o bem-viver.

Entretanto, diferentemente da forma como as religiões acabaram por se utilizar de mandamentos com um viés impositivo na cultura Judaico-Cristã, a filosofia yóguica aponta para um processo de construção.

Não é sobre proferir uma fé cega. É sobre você também ser participante ativo do seu processo de crescimento espiritual.

Trata-se de compreender novos ensinamentos e se permitir trilhar hábitos mais sadios para evoluir enquanto ser humano, buscando um caminho de libertação do sofrimento, mas sempre tendo como preceito inicial a não-violência também para consigo mesmo. 

Esse é o ponto de partida. Assim que a Yoga começa.

Yoga como filosofia para viver e escrever melhor

Se você já está aí pensando “esse negócio de fazer posturas e respirar não é para mim, não tenho paciência”, ou “essa coisa de Yoga é muito alternativa”, tente dispersar por mais um minuto esse pré-julgamento. Aliás, tenha em mente que eu também já pensei assim. Sou super acelerada e vidrada em tecnologia.

Se eu consegui trazer a Yoga para a minha vida, você certamente tem essa capacidade aí dentro também. E lembre-se, mais uma vez, do que escrevi agora há pouco: posturas e meditação não são a totalidade dessa prática. Tudo isso é, digamos, apenas a pontinha do iceberg.

Vamos esclarecer melhor, então: qual é, afinal, a verdadeira definição da prática de Yoga? O que significa a palavra Yoga como termo e filosofia?

Em excelente reportagem escrita para a hoje já extinta Revista Yoga Journal, o Professor Pedro Kupfer contextualiza que Yoga diz respeito a uma escola de vida, um conceito profundo e complexo, cujo significado tem sido transformado ao longo dos anos segundo os interesses daqueles que o utilizam.

O fato é que Yoga e filosofia caminham de mãos dadas, segundo ele. Aliás, o sábio Patañjali – cujos Yoga Sutras (códigos de conduta da aplicação prática da sabedoria ióguica na vida) foram escritos há mais de 2.000 anos e até hoje são tidos como referência para uma existência com menos sofrimento e mais presença -, foi um dos primeiros a cunhar o termo.

Pois bem, não é fácil realmente definir Yoga. “A bem verdade, Yoga deveria ser tratado como o que ele é de fato: uma escola filosófica, cujo objetivo final é a liberdade. Nesse sentido, o Yoga é digno herdeiro da espiritualidade indiana, fonte na qual bebeu e se inspirou, e da qual nunca se separou”, escreve Kupfer.

Em resumo: Yoga engloba desde práticas corporais e respiratórias que ajudam a pacificar a mente, até orientações sobre códigos de conduta que, se observados na vida diária, ajudam a reduzir nossa sensação de estarmos perdidos, desamparados, sem rumo, tristes e em sofrimento mental.

Muitas de minhas professoras já afirmaram: a verdadeira prática começa fora do tapetinho. Em um belíssimo texto intitulado “Isolamento Libertador”, Frans Moors – professor de Yoga que abdicou da vida corporativa para dedicar-se aos estudos acerca da filosofia – recorda que os Yoga Sutras de Patañjali, aos quais me referi agora há pouco, são os mais antigos textos que procuram introduzir esse conceito de Yoga.

São escrituras que dissertam acerca do funcionamento da mente e dos dilemas da psique humana, sinalizando direções para uma vida mais presente, elevada, livre de dores e ilusões materiais consumistas. E por que são fontes confiáveis?

Porque são milenares. São alguns dos textos mais antigos escritos pela humanidade, datados de cerca de 5.000 anos e originalmente colocadas em sânscrito – um idioma muito característico por sua construção sofisticada -, de modo que cada estrutura de uma palavra é embebida de significado, abrindo margem para uma interpretação profunda de seu real valor.

Igualmente porque os Vedas foram transmitidos de geração em geração. Primeiramente, por meio da tradição oral e, posteriormente, por meio de escrituras. Sua transmissão é pautada por um contato respeitoso e profundo entre professor e aluno. Esta é levada com extrema seriedade pelo povo indiano.

Em resumo, a cultura indiana preservou – e tem preservado – tais ensinamentos através do séculos a despeito de toda a exploração pela qual seu território já passou. Primeiro, pelas mãos dos muçulmanos e, posteriormente, nas mãos dos europeus, em tentativas sucessivamente frustradas de aniquilar essa cultura.

“Yoga é um presente da Índia para o mundo”, sintetiza a frase de um dos mestres de Yoga mais reconhecidos da história, T. K. V. Desikachar.

Viver Yoga é apropriar-se de seus ensinamentos na vida

Também quando participei de um Workshop sobre a Psicologia do Yoga, as maravilhosas professoras Maria Nazaré e Solange Wittmann explicaram que começamos a viver essa filosofia justamente quando nos apropriamos verdadeiramente dela. Ou seja: quando seus efeitos começam a refletir em nossas ações diárias, quando teoria e prática se alinham e realmente passamos a viver nossa verdade.

Yoga acontece quando a calmaria e a tranquilidade mental que adquirimos por meio da prática física passa a se refletir na forma como nos relacionamos com as pessoas, com o trabalho, com a alimentação, com a saúde, enfim, tudo ao nosso redor passa a se transformar também. É justamente nesse ponto que eu queria chegar.

A prática de Yoga entrou para valer na minha vida justamente no momento em que me senti mais perdida emocionalmente e a ansiedade tomou proporções gigantes. Foi quando pedi demissão do meu último trabalho como CLT e virei nômade digital, no ano de 2019. Afinal, toda minha forma de me perceber no mundo mudou.

Comecei a praticar no estúdio duas vezes por semana e, quando estava on the road, meu tapetinho ia comigo para qualquer lugar. Fosse para uma grande capital, como São Paulo, ou para uma praia remota, como Garopaba. Tem até provas lá no meu Instagram de que a Yoga se tornou minha companheira de viagens.

O que eu não imaginava era o quão profunda seria minha transformação quando acolhi essa filosofia realmente como algo diário, consistente. Não era capaz de dimensionar, quando iniciei, o quanto ela realmente também seria fundamental para que eu pudesse me tornar uma pessoa e profissional melhor.

Como a Yoga transformou minha escrita

Na condição de escritora isso quer dizer, em outras palavras, que eu não imaginava o quanto a Yoga impactaria na minha forma de escrever.

Porque ela me fez perceber que a nossa forma de usar as palavras também nasce muito do lugar interno em que a gente se encontra. E a prática me permitiu identificar que eu sou, na verdade, muito mais do que achava que era. Me empoderou, me fez ter mais confiança em mim mesma. 

Eu sempre atrelei quem eu era à minha profissão, ou ao papel que desempenhava no contexto familiar, ao meu salário ou status de relacionamento, conforme já referi anteriormente. A Yoga me fez lembrar que existe uma parte de mim que vai além de todas essas coisas. Essa partezinha que é a minha essência.

Me fez relembrar que não preciso ser um estilo “x” ou “y” de escritora, que não preciso assemelhar minha escrita a de outra pessoa, nem tampouco reproduzir a técnica mais recente de SEO ou Storytelling. O problema não é que exista mecânica na escrita, ela é importante.

O problema é que esse apego à técnica, muito provavelmente, é o que pode bloquear você. Sentir que você precisa “alcançar um determinado objetivo” com sua escrita pode bagunçar sua cabeça toda. Por que não simplesmente deixar fluir?

Praticar Yoga formalmente e meditar faz a gente aceitar com mais leveza o fluxo da vida. Simultaneamente, a escrita também se torna fluida. Menos dolorosa e mais prazerosa.

Ser criativo não funciona quando tentamos nos forçar a sermos criativos, como você já deve ter reparado. Isso porque a verdadeira essência de criar é a leveza, a tentativa de olhar pro mundo ressignificando-o de alguma forma. Moldando-o ao nosso novo olhar e recriando aquilo que há de feio nele.

Esse processo jamais pode ser forçado. A criatividade não floresce à base da cobrança, por meio de uma atividade estritamente mental.

É preciso paciência e amor-próprio. Agora, isto eu posso afirmar: se eu encontrei por meio da Yoga e da meditação uma forma de aflorar minha escrita com mais leveza, menos cobrança e mais amorosidade, você também é capaz de fazer isso.

Pode soar como algo meio “coaching”, mas estou disposta a correr o risco: existe, aí dentro de você, a capacidade de escrever palavras lindíssimas.

E não importa tanto o objetivo final. Se você quer escrever de uma forma bonita para um cliente, ou seu próprio livro, para as suas redes sociais, ou até no seu diário, talvez quem sabe conseguir expressar melhor sentimentos a quem você ama usando as palavras.

Toda essa capacidade já está aí dentro. Você precisa, apenas, se permitir abrir um espacinho para ela.

*observação: este texto é uma adaptação reduzida do sexto capítulo do meu livro “O Nascer da Escrita: encontre sua voz (e a de seus clientes) por meio das palavras”.

Você pode ter acesso a ele gratuitamente ao se inscrever no meu Workshop “O Nascer da Escrita”, no qual também poderá aplicar técnicas mencionadas neste artigo na prática, com a minha mentoria. CLIQUE aqui para se inscrever.

Você se sente sufocada e ansiosa? Alivie esses sentimentos através da escrita

foto de mãos escrevendo em um caderno com notebook e café ao lado

Se você se identificou com a chamada deste artigo (ou seja, anda se sentindo meio cansada e estressada), antes de mais nada, saiba que não está sozinha. Aqui no Brasil, infelizmente, a maioria das mulheres chegou ao seu limite – especialmente agora na pandemia.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), nosso país é o mais ansioso mundo (e o 5º mais depressivo). Se fizermos um recorte de gênero, imagina quem absorve essa carga ainda de forma mais pesada?

Exatamente: as mulheres. A situação atual do Brasil escancarou o quanto a mulher é mais afetada quando o país está caótico…

Você sabia, por exemplo,que trabalha 10,4 horas a mais por semana do que o homem em tarefas domésticas, segundo dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios de 2020?

Além disso, se você também é mãe, provavelmente já experimentou na pele outros desafios nesta pandemia, não é? 

Conforme dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), as mamães com filhos e filhas foram as mais afetadas pelo cenário, tendo que abraçar completamente a jornada tripla (dar conta do trabalho remunerado, da casa e das crianças). Ou, então, abrir mão do trabalho formal remunerado.

Segundo esse mesmo levantamento, a participação das mulheres no mercado de trabalho em 2020 foi a menor dos últimos 30 ANOS! Especialmente as que têm filhos de até 10 anos se viram obrigadas a parar de trabalhar formalmente…

Então, amiga, não é por acaso que às vezes você talvez sinta como se estivesse afundando. Desamparada, sem rumo e sem chão.

É neste momento que não ter uma válvula de escape pode ser enlouquecedor…

Vou revelar aqui que eu mesma já me senti assim (e às vezes ainda me sinto) muitas e muitas vezes. 

Mas quero contar um segredo (que já nem é mais segredo, de taaaantas vezes que me abri sobre isso nas redes): existe uma forma de aliviar um pouco esse sentimento horroroso de não ter voz, de ninguém te amparar, de não conseguir lidar com tudo isso.

Sabe qual é ela? Escrever. 

Sim! Desde que comecei meu blog, em 2019 e assumi minha carreira de escritora, comecei a perceber o quanto a escrita é uma ferramenta mágica. Por quê? Porque nos permite aliviar angústias e extravasar sentimentos.

Conto por experiência própria: quando você não olha para as angústias que fazem parte do seu dia a dia enquanto mulher, parece que tudo vai acumulando, acumulando, acumulando. Até que explode

E, quando explode, é horrível.

“Mas Rafa, escrever é difícil para mim…”

Sei bem como é isso. Porque é justamente aí que todos os nossos medos vêm à tona. Bate forte aquela Síndrome da Impostora, não é? 

Você fica receosa de escrever algo que não é “bom”, ou que será julgado, ou teme simplesmente travar no processo.

Foi justamente pensando em ajudar você a abrir mão desses medos e dar o próximo passo para jogar os sentimentos no papel e descobrir até onde a escrita pode te levar, que eu decidi fazer um esforço conjunto com as maravilhosas criadoras do projeto Tinha Que Ser Mulher (a Gi e a Mari) e lançar oficialmente…

Meu primeiro Workshop de Escrita 100% voltado para mulheres.

Sim: estou anunciando hoje oficialmente a abertura de vagas para “O Nascer da Escrita” – meu primeiro Workshop online. Vão ser quatro encontros em sábados, nos dias:

  • 19/06
  • 26/06
  • 10/07
  • 17/07

Sempre às 10h30 e com duração de 1h15min, via Google Meet. Ah! E as aulas vão ficar gravadas, caso você não possa participar em algum dos dias presencialmente, para assistir depois e fazer os exercícios de escrita propostos.

A dinâmica dos encontros terá momentos muuuuito legais de acolhimento, além de exercícios de escrita propostos a partir de métodos usados por escritoras que AMAMOS, como a Rupi Kaur, a Virginia Woolf e a Agatha Christie.

“Ah, Rafa, mas quanto vou ter que investir para fazer parte do Workshop?”

Sei que administrar o orçamento na pandemia não é fácil. Por isso, eu, a Gi e a Mari preparamos uma oferta exclusiva para você.

preço oficial do Workshop é de R$ 397.

Mas para fazer parte da primeira edição, você investirá apenas 4x R$ 49,25, ou R$ 197 à vista

E não para por aí:

Você ganhará 20% de desconto sobre o valor promocional se for:

➡️ Madrinha do projeto Tinha Que Ser Mulher

➡️ Assinante da minha Newsletter

Você também vai levar de graça estes bônus de presente: 

🎁 Meu livro O Nascer da Escrita: encontre sua voz (e a de seus clientes) por meio das palavras, de Rafaela Dilly Kich (De R$ 34,70 por R$ 0,00)

🎁 Revisão dos seus textos (De R$ 50,00 por R$ 0,00)

🎁 Grupo exclusivo no WhatsApp com as participantes (Não tem preço)

🎁 Participação em episódio do podcast Tinha Que Ser Mulher (Não tem preço)

🎁 Publicação coletiva independente (Não tem preço)

🎁 Certificado digital (Não tem preço).

Então, bora começar a escrever juntas? Eu, a Gi e a Mari queremos que esse Workshop seja um espaço seguro e acolhedor entre mulheres e também estamos muito preocupadas em garantir o MELHOR atendimento para todas as participantes.

Por isso, temos o número máximo de 12 vagas disponíveis para o Workshop. Recomendo muito que, se você se interessou pela proposta, realize agora sua inscrição para garantir a participação.

Para isso, basta preencher este formuláriohttps://forms.gle/d6cpurGdHsFzKBRs6

E, se você tiver qualquer dúvida sobre como vai funcionar ou se o Workshop é realmente para você, dê uma espiada na página de vendas com informações mais detalhadas ou fique à vontade para me escrever pelo e-mail rafaela.kich@gmail.com que posso esclarecer mais detalhes.

Um abraço enorme e nos vemos no Workshop!

Rafa

Nua em palavras

mulher de costas segurando flores

Escrever é como despir-se. Então, aqui estou eu. Nua diante de você.

Julgue-me. Faça à vontade. A carne feminina sempre lhe serviu bem para isso, não?

Imagine eu, aqui, mulher. Escrevendo. Como ouso? Você está em minha mente, pois a cada letra me pergunto o que vai achar disso tudo.

É patético. Ridículo que eu me importe tanto. Porque meu sexo não deveria ser premissa para essa carga mental toda que me vi obrigada a carregar.

Ah, mas eu já suportei calar-me. Muito. Agora não mais. Você vai me julgar de qualquer forma. Então, de que importa?

Nova (ou velha) demais. Bonita (ou não). Magra (ou não). Inteligente (ou não). Metida (ou não). Vamos lá: escolha seu adjetivo favorito.

Ou até mais de um. Não me importo. Aplique-o a mim.

Já disse…estou nua aqui. Aponte seu dedo. Tanto faz. Só não espere que eu pare.

Vou torcer, chorar, sangrar, gritar. E, depois de tudo, minhas palavras vão continuar aqui.

Você sabe o que é descobrir que tem uma voz depois de tê-la calado por anos? Eu não a silencio por mais nada neste mundo.

Apedreje uma escritora nua e ela continuará sangrando em verbo.

Lapide sua essência, na vida e na escrita. E nunca abra mão dela.

caderninho para escrita com caneta sob uma mesa de madeira com uma xícara de café e jarra de leite

“Fala se tens palavras mais fortes do que o silêncio, ou então guarda silêncio.”- Eurípedes

No artigo desta semana, meu objetivo é mesmo tecer uma reflexão. Ou melhor: fazer um convite. Que você repense a sua própria trajetória.

Creio que cada uma de nós pode ter uma opinião diferente acerca do porquê estamos aqui. Por que habitamos este mundinho, entre tantas galáxias? O que estamos fazendo neste espaço? Qual é, afinal, a razão disso tudo?

Pessoalmente, acredito que estamos aqui para contribuir de alguma maneira. E, se você tem algum tipo de identificação com a escrita, creio ser muito provável que o seu propósito – ou dharma, em sânscrito – pode ter a ver com as palavras. Já identifiquei que o meu, sem dúvidas, tem.

A relação entre propósito e uma carreira com a escrita

Acredite você ou não que cada uma de nós nasceu para realizar algo – e, em caso negativo, saiba que respeito sua opinião também – de qualquer forma, isto é fato: o que torna a vida prazerosa, o que nos faz ter vontade de viver é um senso de propósito. Sem isso, tudo perde a cor, o brilho.

Gosto de uma frase de Rick Warren. “Viver com propósito é a única maneira de viver de verdade. Todo o resto é apenas existir”. Propósito é isso. É o que nos dá rumo, motivação, sensação de pertencimento, poder pessoal, esperança no futuro.

O que tudo isso tem a ver com escrita? Tudo. Porque o nascer da nossa escrita está estritamente ligado ao florescer de nosso propósito. Esse encontro com a essência lapida nossa vida e, por consequência, a forma que escrevemos.

Por isso, aí vai uma sugestão prática e a qual atribuo a possibilidade que vivi de encontrar realização profissional: escreva para projetos nos quais você acredita.

Procure se envolver com clientes, agências e marcas que carregam uma mensagem na qual você, de fato, crê. De verdade: vai ser muito mais fácil deixar florescer as palavras, emprestar sua voz a um projeto pelo qual você se apaixona.

Identifique-se com os projetos para os quais você escreve. É isso que dá vida à sua escrita – e também o que vai dar sentido à sua vida. Posso afirmar com firmeza: em todos os blogs dos quais já participei – escrevendo desde sobre mercado financeiro, até fotografia e decoração – eu mergulhei de cabeça. E nunca me arrependi.

Se você escrever sobre o que gosta, as pessoas vão gostar do que você escreve

E como saber do que eu gosto, afinal? Minha resposta número um seria: autoconhecimento. Isso não se trata só de fazer terapia, por exemplo.

Na vida, de modo geral, acho que é sempre interessante buscar a ideia de se autoconhecer como uma prática diária – por meio da própria escrita, por vezes, como também da Yoga, meditação e outros aspectos espirituais (só você pode sentir qual é o caminho ou a prática que mais combina com a sua realidade).

Isso tudo justamente para que consiga entender o que realmente importa no mundo para você. A chave é isto: a evolução do seu processo de escrever está intrinsecamente atrelada à sua evolução pessoal. Esta, por sua vez, é contínua e ininterrupta.

Permitir-se olhar mais para dentro, portanto, sempre irá beneficiar a sua escrita. À medida que as palavras brotarem, ao mesmo tempo, você também se perceberá mais confiante enquanto ser humano.

Palavras sinceras são um legado seu ao mundo

Em diversos momentos da minha vida, eu sentia que não pertencia ao local onde estava inserida. Achava que ninguém me compreendia. Sentia aquela vontade de morrer, de sumir, de deixar de existir.

Soa vulnerável dizer tudo isso. Mas, confessa aí: sei que você também já experimentou tudo isso em algum momento.

Só que a gente foi educado a esconder. E, quando decidi parar de esconder tudo o que eu sentia e comecei a escrever meu blog, compartilhar meus pensamentos, aprendizados e processos de crescimento enquanto pessoa e profissional, os feedbacks foram incríveis.

Posso dizer, sem sombra de dúvidas, que a escrita preservou minha sanidade nos momentos mais escuros da vida.

Portanto, se você é afeiçoado de qualquer maneira pela escrita – seja de uma forma íntima e pessoal, ou mesmo profissional – por favor, peço apenas que não pare de viver esse processo.

Sei que escrever é doloroso às vezes. Há pessoas que podem lhe dizer que é perda de tempo. Ou até que, se você escreve por hobby, que este seria um hábito sem utilidade. Não ouça. Por favor, não ouça.

Se você sente a mesma conexão com as palavras que eu sinto, não acredite. Evite permitir que entre em sua mente a ideia de o futuro é totalmente audiovisual, que ninguém mais lê. A escrita continuará por aqui, nós a defenderemos. E deixaremos o legado das palavras, seja na internet ou nos livros.

Na obra Born to Blog, uma das que costumo indicar para quem trabalha ou está começando a trabalhar na área de Marketing de Conteúdo, os autores Schaefer e Smith nos convidam a refletir sobre esse gigantesco poder da palavra e, principalmente, dos blogs no contexto digital.

Para as futuras gerações, os textos que publicamos hoje (seja em um blog pessoal ou corporativo de um cliente) serão documentos da realidade que experimentamos. Assim como antigamente ocorria com os desenhos feitos nas paredes das cavernas.

Veja que trecho fantástico:

“É fascinante imaginar um futuro em que os historiadores irão ‘cavar’ através de arcaicos drives repletos de entradas de blogs. Pela primeira vez, arqueologistas terão acesso à história emocional de nossa cultura. Diferentemente da arte na parede das cavernas (…), nossa civilização possui uma moldura com tamanho infinito. Nosso compartilhamento só é restrito pelo nosso tempo e pela nossa experiência. É empolgante pensar que, através de um blog, ninguém precisa ter medo de ser esquecido. Se você escreve um blog, está deixando uma permanente pegada digital”, escrevem os autores.

Impactante, não é? Então, para finalizar, quero provocar você uma última vez. Qual é a mensagem que você quer deixar ao mundo? Se soubesse que iria morrer amanhã, quais palavras deixaria? Sua escrita é e será seu legado, sempre.

Escreva, por você. O que você quer escrever já está aí dentro. Você só precisa permitir que o nascimento das palavras aconteça.

E, haja o que houver, como diz o escritor Neil Gaiman: faça boa arte. Pratique a escrita verdadeira. Permita que ela aconteça, esteja você feliz, triste, com raiva ou extasiado.

Escrever é permitir-se. Permita-se.

O que lhe toca no mundo? Aí está sua inspiração para escrever

menina na garupa do pai

“As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade.” – Victor Hugo

Somos pessoas diferentes, com histórias de vida distintas. Cada um de nós sabe a dor e a delícia de ser o que é. Aí está a beleza de tudo: somos únicos.

Não é louco pensar que todos enxergamos um mundo próprio? Que tudo que vemos “aqui fora” é reflexo da nossa mente, moldada por nossas histórias de vida?

O dia pode estar cinza lá fora e, como eu gosto do inverno, posso pensar: “uau, que delícia de friozinho e de clima gostoso para escrever”. Outra pessoa, no mesmo dia, no mesmo horário – e que talvez tenha algum trauma com o frio – pode pensar “nossa, como eu detesto passar frio! Gostaria de ficar na cama hoje e não fazer nada!”.

Por mais desconexo que possa parecer de início, isso tem tudo a ver com a escrita. Como a monja Jetsunma Tenzin Palmo escreve no livro “O Coração da Vida”, nossas percepções criam a nossa realidade.

Quando olhamos alguma coisa, simplesmente vemos tal coisa por um momento, mas imediatamente depois entram em cena nossos julgamentos, opiniões e comparações.

Isso porque a forma como enxergamos o mundo depende de nossa história de vida, o DNA que nos moldou. Dentro de uma grande cidade, há várias coisas que podem chamar a minha atenção, mas não a sua – e vice-versa.

Eu posso reparar em uma flor escondida, você em uma pessoa ou situação. Deu para captar o que quero dizer?

 O fato é o seguinte: há uma lente sob tudo o que enxergamos. Ela é singular para cada pessoa – na verdade, isso que cria uma certa separatividade em cada indivíduo.

Em muitos contextos, tristemente, é isso que pode nos separar. Por outro lado, porém, também pode nos unir. 

 Porque podemos encontrar uma forma de conectar essas diferentes visões. A arte faz isso. A música faz isso. A fotografia faz isso. A escrita faz isso.

Escrever um texto é aproximar suas leitoras e leitores do que você enxerga no mundo

Por meio das palavras, você pode me apresentar à sua realidade. A um mundo completamente novo que, até então, somente você havia enxergado. Todos nós temos esse potencial. Costumo ver inspiração por todos os lados.

Trata-se apenas de treinar – e focalizar – o olhar. O mundo é amplo, muitas vezes caótico e complexo. Justamente por isso um exercício interessante para começar a coletar suas referências para a escrita é desenvolver uma atenção mais plena para aquelas coisinhas que realmente lhe tocam na neste planeta.

Há uma verdadeira infinidade de fatores que podem receber nossa atenção. A vida das pessoas menos favorecidas, moradores de rua, virou pauta de um livro inteirinho da brilhante jornalista Eliane Brum, chamado “A Vida que Ninguém Vê”. 

Em outra de suas maravilhosas obras, “O Olho da Rua”, ela também traz reportagens sobre parteiras na Amazônia e outras histórias sobre as quais a maioria de nós jamais reflete na vida cotidiana.

O que Eliane fez? Ela simplesmente lançou um olhar inédito e cheio de sensibilidade para realidades que costumamos ignorar.

São apenas exemplos. Mas há uma verdadeira lista de temas, histórias e conteúdos pelos quais você pode desenvolver até uma certa obsessão.

Culinária? Plantas exóticas? Pets? Viagens? Construções inteligentes e sustentáveis? Empreendedorismo? You name it. De verdade, as possibilidades são muito amplas.

 Vale até mesmo pensar sobre aquilo que lhe causa algum tipo de dor. Sim, porque certamente há algo no mundo que deve impactar você de uma forma mais profunda nesse sentido também.

Alguma experiência traumática pela qual passou em um relacionamento, o medo de envelhecer, questões de trabalho. Sempre há alguma questão permeando nossa vida. Mesmo aquilo que incomoda a gente pode ser inspiração para a escrita.

A raiva, a dor, a tristeza, a indignação, a incompreensão, o medo. Todos esses nossos sentimentos também anseiam por uma válvula de escape. E a palavra sempre é um caminho.

Quando decidi lança este blog em 2019 e escrever meus próprios textos, refleti muito sobre o que me tocava no mundo naquele exato momento. Queria lançar um novo olhar sobre a minha geração, falar sobre diferentes formas de se viver e trabalhar, sobre a experiência de ser freelancer e viajar a trabalho, vivendo uma vida minimalista.

Desde então, já escrevi mais de 60 textos que mesclam assuntos sobre todos esses universos do nomadismo digital, trabalho remoto e minimalismo. Acho que a paixão que tenho pelos temas citados, somada ao fato de trazer relatos muito pessoais e reais das experiências que tenho vivido, cria uma aproximação com as pessoas.

Eu mesma também me transmutei nesse processo. Ganhei coragem de explorar outros vieses literários. Ousei até publicar crônicas e poemas. Quebrei barreiras mentais. Me aperfeiçoei como escritora e pessoa desde que passei a me permitir assinar meus próprios textos.

Em termos de pauta, eis outro exemplo: à medida que também fui crescendo enquanto pessoa e profissional, um tema que se tornou central em minha vida foi a questão da carreira das mulheres. Por que eu tive que trabalhar tanto a mais que um homem para ter o mesmo salário? Por que tive que me preocupar sempre tanto com o meu corpo, se não sou “só um corpo”?

Levando essas questões para uma amiga, ela também apresentou os mesmos desconfortos. Em sintonia com outros movimentos que estouraram no mundo – como o #MeToo, por meio do qual diversas atrizes reportaram casos de assédio em Hollywood e trouxeram o feminismo de volta às manchetes – nós decidimos que era hora de fazer algo.

 Assim, lançamos um projeto chamado NÓS, uma plataforma de conteúdo, por meio da qual publicamos conteúdos feito por e para mulheres (hoje o projeto está em pausa por falta de tempo, mas esperamos retomar em breve!).

Nele, o que nos propusemos a fazer foi trazer uma visão sobre cultura, música, empreendedorismo, beleza e sustentabilidade – sempre sob uma perspectiva feminina, sempre com enfoque na realidade das mulheres (independentemente de idade, cor ou classe social).

Bem, o que eu posso dizer é o seguinte: nunca, nunquinha, faltou assunto para publicarmos em nossos canais digitais. Porque a realidade sempre nos dá material para criar.

Sabemos que todos os dias mulheres sofrem abusos de todo o tipo, violência física e psicológica, lutam contra a disparidade salarial, encaram pressões estéticas e mentais.

Está na mídia, nas relações pessoais e profissionais, nos conflitos entre gerações. Enquanto houver desigualdade entre homens e mulheres, sempre haverá material a ser escrito permeando o tema do feminismo.

Há muita desconstrução pela frente. Como poderia, então, faltar inspiração para escrever?

Os maiores entraves: hiperestimulação com conteúdos alheios e desatenção

É por isso que eu afirmo: para você escrever e ter ideias de conteúdo, o primeiro passo é justamente identificar o que lhe toca no mundo. Ao aprimorar essa sensibilidade, você vai ver como uma infinidade de temas e acontecimentos do cotidiano podem se relacionar com isso.

Você pensou aí agora “hmmmmm, não tenho a mínima ideia do que me toca no mundo! E agora???”. Minha resposta é: acredito que só precisa prestar um pouquinho mais de atenção. Entendo você. Às vezes a vida é tão, mas tão corrida que a gente não sabe mesmo onde focalizar nosso olhar.

Eu, por exemplo, percebi que não seria capaz de ter foco para produzir conteúdo para mulheres, para blogs de viagem, finanças, empreendedorismo, saúde e, ao mesmo tempo, para o meu próprio blog. Tive que reduzir. Focar.

Entender o que era, de fato, mais relevante. Aquilo que realmente tocava o meu coração.

 O fluxo de informação acelera a gente demais. Percebo que uma das maiores dificuldades para criadores de conteúdo que querem trabalhar profissionalmente no mercado online é justamente saber por onde começar.

Definir as suas próprias linhas editoriais, ou que tipo de cliente almejam atender. E por quê? Bem, porque passam tanto tempo consumindo conteúdo de outras pessoas, que na hora de criar o seu simplesmente travam.

Já passaram por uma exposição tão exagerada a outros conteúdos e referências que se sentem perdidos. Então, por mais paradoxal que possa parecer, talvez o primeiro passo para você coletar boas referências para a escrita seja ficar offline.

Desligar um pouquinho do celular em determinados momentos. Olhar para a vida como ela é. Assim a criatividade começa a nascer e fluir.

Inspiração para escrever: exemplos criativos

Um amigo me contou que a Billie Eilish – cantora que tem músicas incríveis, diga-se de passagem – adora andar pela cidade e gravar sons.

Em uma canção dela, ele me disse, o “pano de fundo” não é um instrumento. Mas sim o barulho de um semáforo na Austrália (ou algo do tipo). Isso, meus amores, é criatividade.

Fotógrafos também são um ótimo exemplo para contextualizar o que quero dizer. O que está por trás de uma fotografia incrível do Sebastião Salgado ou da Annie Leibovitz? É muito mais do que a técnica.

É a sensibilidade de captar os detalhes, de enxergar aquilo que só eles veem. Você não precisa entender de fotografia para olhar as imagens e se encantar.

 Mais uma vez: não é tanto sobre o tema, é sobre o olhar que você dá a ele. Como escritores, também fazemos isso. Extraímos fragmentos da realidade.

Colocamos nossa percepção neles. E entregamos ao mundo, soltamos, deixamos tocar o outro, da forma que for possível.

Claro que a gente não começa a escrever e se torna de cara uma Annie Leibovitz das palavras. Mas lembre-se de que o importante é começar. A perceber, antes de mais nada.

Viver a vida de uma forma mais consciente, presente, atenta. Depois, transformar nossas percepções em palavra se torna mais simples.

 Ouso até dizer que se torna necessário. Quando você começa a olhar o mundo com mais profundidade, atenção e intenção, percebe que realmente as pessoas vivem “adormecidas”. Correndo contra o relógio, com os olhos grudados no smartphone. Não existe tempo disponível à contemplação.

 “A maioria das pessoas apenas existe. Viver é raridade”, disse o Oscar Wilde – ou algo nesse sentido. Pois bem, reparar nisso pode ser bem assustador. Mas é aí que entra a palavra.

Você também vai conseguir transitar melhor por esse mundo de automatismo com essa ferramenta essencialmente humanitária em mãos. Posso afirmar: se for capaz de fazer isso, suas palavras vão mesmo ser ferramentas políticas de transformação social.

Uma das minhas maiores alegrias enquanto escritora é ler os feedbacks que meus leitores escrevem. Soube de pessoas que tomaram decisões importantes depois de lerem algum texto meu.

Outras me escreveram dizendo “nossa, você descreveu exatamente o que eu sinto”. Ou, então, “seu texto me fez repensar algo”. Esse poder de transformação das palavras é realmente muito incrível.

E faz um bem danado para a nossa própria alma saber que o que escrevemos é capaz de tocar o coração de outra pessoa, chegar a esse lugarzinho íntimo e especial.

Então, bora começar?

Este texto é uma adaptação reduzida do quarto capítulo do meu livro: “O Nascer da Escrita: encontre sua voz (e a de seus clientes) por meio das palavras”. Clique aqui para garantir seu exemplar e conferir na íntegra.

Poderíamos ser poesia

lua minguante em fundo escuro

Eu dançava sob a lua. Ou era a lua que dançava sobre mim? Não saberia dizer, pois no movimento as perspectivas se misturavam e já não havia mais nada claro.

Quem era a lua? Quem era eu? Alívio. Não saber quem sou. Não importar quem fui. Não me preocupar com quem serei.

O estado de não-personalidade tem gosto de liberdade. Aquele mesmo sabor que eu experimentava ao entrar em um avião ou pular em um ônibus rumo a qualquer lugar.

A possibilidade de ser, sem ser meu nome, minha casa. Sem ser o que os outros esperam de mim. 

Antes eu procurava tudo isso fora, sem saber que estava tudo dentro – apesar de às vezes também ser mais fácil chegar ao interior quando nos jogamos a percorrer o universo exterior.

Tenho saudade do mundo. Me pergunto se ele também sente minha falta.

Todas as pessoas que ainda não conheci, todos os lugares que ainda não visitei.

Será que me esperam?

É estranho estar presa em quatro paredes – é desolador, mas também libertador. Descobri que existe essa música dentro de mim, incapaz de ser ouvida antes na correria do capitalismo exageradamente acelerado.

A ideia de ser melodia me soa cada vez mais bonita.

Lembrei de um amigo que, dia desses, depois de ouvir uma música que toquei no ukelele e enviei para ele, me descreveu a experiência assim:

“E como atravessar uma floresta com sol e conseguir sentir a textura da umidade no ar.”

Será que não bastaria isso da vida para essa tal felicidade? Despertar algo profundo em alguém. Tornar o dia de outra pessoa melhor. Cantar. Abraçar quem ainda está perto.

Poderíamos ser poesia em um mundo de pedra.

Eu poderia ser como a lua que ilumina. Se já nos confundimos, por que não? 

É que a sombra do Brasil atual, cruel, ainda insiste em tentar nos engolir.

Isso às vezes me faz chorar.

E o problema do choro isolada é que ele dói ainda mais.

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Quer ler mais?

Confira meus títulos publicados:

E-book de Poesias “Fragmentos.”

Livro Virtual “O Nascer da Escrita: encontre sua voz (e a de seus clientes) por meio das palavras.”

O poder da palavra para pessoas e marcas

mãos escrevendo em um caderno, com uma xícara de café e croissant ao lado

“Qualquer história é melhor do que o caos. Na verdade, pode-se dizer que o caos da vida é uma condição crônica para a qual as histórias são o remédio” – Derek Thompson

O mundo é caótico. Eu mesma jamais imaginei na minha vida que sentaria em frente ao computador para escrever um livro durante uma pandemia mundial. Ainda assim, a realidade de 2020 foi essa.

A questão é que nós, homo sapiens, bem que tentamos organizar tudo. Mas grandes catástrofes e pequenos imprevistos diários sempre estão aí para nos lembrar: a verdade é que não temos controle real sobre nada. Isso nos assusta. Por isso, necessitamos de histórias e narrativas que sustentem nossas rotinas e escolhas de vida.

As histórias, pelo menos, nos dão um senso de controle. Uma ideia de que estamos seguindo em uma direção que faça sentido. Vivemos delas, nos alimentamos delas, criamos, cada um de nós, um certo roteiro de vida por meio das narrativas sociais em que acreditamos.

O brilhante historiador Yuval Harari fala sobre isso no livro “Sapiens: Uma Breve História da Humanidade”. Como espécie, para significarmos nossa existência, criamos narrativas. Marcas são narrativas. Personal branding em redes sociais não deixa de ser uma “narrativa” que criamos sobre nós mesmos. Cargos profissionais são narrativas.

Uma das ferramentas mais poderosas que sustenta todas essas narrativas é a palavra. Ela já imortalizou personalidades ao longo da história (quem não se lembra de emblemáticos discursos de Obama, Steve Jobs, J.K Rowling ou mesmo Churchill?). A palavra é o fio que costura postagens em redes sociais, blogs e toda esfera digital.

Derek Thompson, autor da frase que abre este texto, aborda a questão em “Hit Makers”, um livro que analisa minuciosamente como surgem as tendências globais. Ele conclui que a palavra, principalmente se bem colocada e repetida com uma frequência aceitável, porém não exagerada, é capaz de mover multidões.

Você sabia que na transcrição oficial da campanha “Yes, We Can” de Obama, a palavra “promessa” foi repetida 32 vezes? Há muita estratégia por trás do uso de palavras por parte de muitos marqueteiros e políticos. O que demonstra, por outro lado, que ela também pode ser perigosa. Determinados discursos, por meio da repetição, são capazes de alienar.

A escrita como revisão do que se passa em nós

É por isso também que, na esfera pessoal, penso que escrever seja tão assustador. Às vezes, quando escrevo meus diários (o que considero uma espécie de autoterapia), fico chocada ao contemplar o que está “saindo de mim”. Às vezes uma raiva, que eu nem sabia que estava ali, ou um sentimento inesperado por alguém.

Na correria da vida moderna, raramente paramos, respiramos e refletimos. Dar uma pausa e escrever é, portanto, uma maneira de “revisar” o que se passa dentro de nós. De não simplesmente engolir direto tudo que a gente escuta, ouve ou presencia. Todas as situações do nosso cotidiano geram um impacto emocional.

Quando não olhamos para isso, parece que tudo vai acumulando, acumulando, acumulando. Parar e escrever é uma forma de elaborar sentimentos e, até mesmo, eternizar momentos. Há textos que escrevi em determinados momentos da vida que, quando releio, parece que estou experimentando todas as sensações de novo.

Guardei, por meio de minhas palavras, lembranças de pessoas que se foram, memórias de momentos íntimos, detalhes de dias inesquecíveis. Muito do que fui e sou está ali. E posso ter acesso novamente a tudo isso quando quiser. É uma forma de compreender melhor quem já fui, o que aprendi e, a partir daí, moldar com mais clareza quem almejo ser daqui para frente.

Resumindo: a escrita é mágica. É por todos esses motivos que defendo veementemente que a palavra seja usada com responsabilidade, com alma, com verdade. Acredito que ela pode nos curar de diversas formas e, se você sonha em trabalhar escrevendo, penso também que poderá causar transformações sociais ao “emprestar” suas palavras a clientes/marcas.

Toda palavra nasce da emoção. Escrever acontece quando a gente experimenta um sentimento – prazeroso ou não – e tenta exprimir algo dali, entender, colocar no papel (ou Google Drive, ou Word, ou bloco de notas no celular). Às vezes travamos, o que é normal. Às vezes começamos a escrever tanto, que a mão chega a doer de tão feroz que é a experiência. Mas não dá para escrever sem sentir.

E o mundo, nos dias de hoje, parece se esforçar para não sentir. Medo, raiva, tristeza, melancolia, amor, dor, vontade, desejo, paixão. Parece que nada é permitido, você já teve essa impressão? Suprima tudo, tome um remédio para depressão, permaneça produtivo. O tempo é muito curto para lidar com sentimentos.

No cenário atual, escrever é quase um ato revolucionário de humanismo. Isso porque demanda justamente a necessidade de parar, ficar offline, desligar das redes, da poluição sonora e visual do mundo externo. A escrita demanda interiorização. Olhar para dentro. Resgatar o eu perdido.

Para citar também outra pessoa que me inspira muito: a jornalista Ana Holanda, autora do livro “Como se Encontrar na Escrita: o Caminho para Despertar a Escrita Afetuosa em Você”, diz em seu capítulo introdutório que escrever se tornou para ela justamente isto: uma experiência amorosa, humana em sua essência.

Quando aliada ao trabalho jornalístico ou de Marketing de Conteúdo, em sintonia, pode transformar-se então em ferramenta política e de transformação social. Revoluções hoje acontecem graças a pequenas telas de smartphones, que nos permitem partilhar instantaneamente uma mensagem a milhares de pessoas.

Hoje não posso mudar políticas, mas posso transformar a vida das pessoas pelas palavras. Quando isso acontece, a mudança acontece também”, escreve Ana Holanda. Pois eu sinto a mesma coisa.

O fluir das palavras

Escrever é, conforme referi, uma forma de contribuição. Primeiro e antes de mais nada, de mim para mim mesma. Escrevo sobre meus sentimentos, sobre minha forma de enxergar o mundo e minhas percepções, pois entendo que há padrões em mim que necessito observar. Como poderia usar com responsabilidade as palavras em outros projetos, sem estar bem comigo mesma?

Por isso, recomendo que, se você deseja também escrever profissionalmente, ensaie antes olhando para os seus próprios sentimentos. Captar o DNA de qualquer projeto de Marketing de Conteúdo depende de você estar alinhado(a) com o poder das suas palavras. Ter a dimensão de onde elas podem chegar.

Rabisque, teste, brinque com a sua escrita. Deixe por um momento os templates de lado. Posso dizer com propriedade: não é “copiando a fórmula” de alguém que você vai criar um caminho de escrita único e manter uma cartela legal de clientes.

Busque referências de escrita, capacite-se, sim. Mas faça questão de tirar um momento também para não pensar em nada disso. Desconecte-se de vez em quando.

O próprio Einstein dizia:

Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio: e eis que a verdade se me revela.”

Eu observei esse processo em mim mesma. A escrita mais pura não nasce de fórceps.

Nasce de um silêncio interior, de uma quietude quase que sublime.

Você tem se permitido essa quietude?

Este texto é uma adaptação do segundo capítulo do meu livro recém-lançado: “O Nascer da Escrita: encontre sua voz (e a de seus clientes) por meio das palavras”. Clique aqui para garantir seu exemplar e conferir na íntegra.

Um manifesto pelo direito à ambição feminina

mulher negra com faixa no cabelo olhando para cima

“Nosso maior medo é sermos poderosas além da medida”  – Marianne Williamson

Se você me acompanha aqui no blog, lá no LinkedIn ou pelas redes sociais, provavelmente já deve ter visto que acabei de lançar oficialmente o meu segundo livro: “O Nascer da Escrita: encontre sua voz (e a de seus clientes) por meio das palavras”. 

Estou bem orgulhosa do projeto. Só que este texto não é para falar sobre ele. É, sim, para abrir meu coração sobre os bastidores e compartilhar alguns insights que eles me trouxeram sobre ambição feminina.

A verdade é que sempre fui uma mulher ambiciosa. Talvez seja coisa dos astros mesmo. Sou leão com ascendente em leão (peeeensa!)

Mas a realidade é que, nos últimos anos, desde que lancei meu blog e comecei a me publicar nas redes sociais, todo dia tem sido uma batalha entre mim mesma e a impostora que me habita.

Aí vai a verdade nua e crua: diante de cada venda do livro, diante de cada comentário de “parabéns”, diante de cada elogio, aqui atrás da tela ainda está uma menina/mulher que pensa: será que mereço?

Além da minha própria autossabotadora interior que luto para vencer todos dias, ainda parece que escuto outras vozinhas ecoando lá no fundo da mente: “Quem ela pensa que é? Essa menina ‘se acha’ demais”. 

Sim, parece que sou capaz de ouvir vozes de outras mulheres me julgando. E não é por loucura da minha cabeça, como já cheguei a pensar que fosse.

Nas leituras feministas recentes que tenho feito, acabei descobrindo algumas respostas para os fenômenos que acontecem sempre que uma mulher procura ocupar lugar de destaque profissional e financeiro nesta sociedade.

Neste artigo, quero falar um pouquinho sobre elas.

O medo de não ser mais “Outro”

No brilhante livro “O Segundo Sexo”, a francesa Simone de Beauvoir traz uma tese poderosíssima: a construção da mulher na sociedade faz com que ela se enxergue como o Outro

Quem seria o Outro? Alguém que não é “o homem”, ou seja, alguém que não é o sujeito de sua própria vida e história. O Sujeito (homem) se constitui fazendo do outro o Objeto.

A mulher, portanto, seria isto – o  Outro, o objeto. Viveria, assim, uma espécie de alienação de si mesma. O que também, segundo a própria, traz certas vantagens confortáveis. 

Acontece que essa passividade é um caminho nefasto, pois não permite a liberdade de que nos tornemos tudo o que podemos ser. A ambição, em minha visão, nasce do desejo de explorarmos nosso potencial por completo – de sermos livres para buscar nossa essência.

No contexto capitalista, para uma mulher, ter ambição significa buscar autonomia moral, financeira, intelectual e espiritual. É uma forma de afirmar-se, dizendo: “quero ser Sujeito da minha própria vida, não Objeto”.

É um ato de libertação. Mas o sistema atual não se interessa muito por mulheres livres, convenhamos. 

Criadas para julgar

Aí entra a outra complicação da ambição feminina. Me parece que, quando uma mulher se declara independente ou quer ocupar um espaço de independência e destaque, precisa encarar um enorme medo de ser julgada, observada e até excluída (muitas vezes, por outras mulheres).

Fomos criadas para aniquilar umas às outras. É triste demais.

Esses dias fiquei sabendo em off que uma filósofa negra que conquistou um lugar de destaque no meio literário está cobrando uma bolada para dar palestras. Logo de cara, também achei o valor extremamente alto.

Depois, fiquei pensando “ok, esse valor é bem alto mesmo”. Mas…há diversos filósofos homens brancos que cobram cachês semelhantes e nunca ninguém achou “estranho”.

Então, será que ela estaria errada em cobrar assim pela sua fala? Vindo de onde veio, estudando tudo que estudou? Quem coloca o valor no nosso trabalho? 

Onde quero chegar: a sociedade patriarcal (em sua parceria com a Igreja também, sejamos honestos), embutiu nas mentes femininas, de todas as formas, o medo de ser grande.

Era para sermos queridinhas, humildes, quietinhas. Amebas invisíveis, em outras palavras. 

Ser uma mulher ambiciosa é dizer não para tudo isso. É um ato de rebeldia e exige coragem.

A anulação é que deveria assustar

Para encerrar, compartilho aqui então a minha maior descoberta desde que decidi me publicar como autora e usar a minha voz para defender causas que julgo importantes: ser ambiciosa é assustador, sim. Mas há algo pior.

O que temo mais, hoje, é a ideia de reprimir meus talentos por conta dessas vozinhas e me esconder no vazio de um emprego do qual não gosto – ou pior! – no infinito vazio do interminável trabalho doméstico.

Penso que deveríamos ter mais medo de nos permitirmos ser anuladas, do que de ter grandes ambições – e, por que não? – um excelente salário também.

Ser dona da própria vida exige muita coragem. Mas eu quero encorajar você, aqui, a seguir o caminho que você mesma escolher e bancá-lo.

Não vou mentir: não é fácil. Só que é libertador.

E viver sem liberdade nada mais é do que uma morte diária.

Como descobrir sua voz (e a de seus clientes) por meio das palavras

imagem de uma mulher de calça jeans e camisa branca escrevendo em um caderninho

“A escrita que abraça, acolhe, encontra uma quantidade maior de pessoas não é aquela cheia de palavras inatingíveis, mas a que todos têm capacidade de compreender”

 Ana Holanda

Escrevo profissionalmente desde que comecei minha carreira no Jornalismo, em 2013. De lá para cá, descobri que nossa forma de escrever pode ser afetada por inúmeras referências, técnicas de escrita e demandas de mercado. A forma como nos expressamos com palavras varia de acordo com nosso trabalho e o momento em que vivemos.

Por exemplo: a reportagem jornalística possui uma liberdade poética mais ampla do que um texto informativo de jornal, que preza por conceitos de objetividade e esclarecimento de fatos. Já uma monografia ou Trabalho de Conclusão de Curso exige cuidados pontuais mais específicos em relação a citações e referências.

Na internet, um texto bem focado em SEO (otimização para buscadores) demanda a observação de inúmeros detalhes minuciosos – como a repetição bem colocada de determinadas palavras-chaves e a formatação de intertítulos. Um post escrito para uma rede social, por sua vez, pode incluir emojis e outras “ferramentas de linguagem”.

Se você atua no mercado digital, muito provavelmente também já ouviu o termo “Copywriting”. Trata-se de um estilo de escrita mais persuasivo, que leva em consideração a necessidade de conduzir o leitor a tomar uma ação. Apresenta uma estrutura mais envolvente, sedutora, com o intuito de promover produtos/serviços e converter vendas.

Outra técnica amplamente utilizada em filmes, séries e na internet é a do Storytelling, a já bem conhecida “jornada do herói”. Ela consiste, para explicar de forma bem resumida, em relatar fatos por meio de narrativas, acompanhando a trajetória de um personagem que passa por provações e, no fim da história, encontra uma solução e as supera.

O que quero dizer com tudo isso? Que, se falarmos em “fórmulas” de escrita, a lista é praticamente interminável. E, ao longo da vida e de nossa jornada como escritores(as), nos deparamos com muitas delas! Particularmente, acho ótimo ter um repertório, conhecer técnicas diferentes, dominar habilidades variadas.

Eu mesma estudei todas as que acabei de referir. Jamais diria que foi desnecessário ou perda de tempo. Pelo contrário, anseio cada vez mais por mergulhar nos mais distintos caminhos de escrita e estilos literários. Adoro ver referências, analisar templates e metáforas, ampliar minha compreensão acerca do uso da palavra.

A grande questão é que, como toda a “regra”, fórmulas mágicas de escrita também podem nos tornar mais tensos e travados. É o que acontece com muita gente na hora de fazer o trabalho de conclusão da faculdade. São tantos detalhes para se pensar…parece que tudo simplesmente não flui.

Percebo muita gente perdida quando começa a ouvir termos como Copy e SEO. De fato, são universos tão profundos que você poderia passar anos estudando. Mas, vamos lá: de que adianta fazer mil cursos online diferentes e nunca colocar nada em prática? A pessoa se afunda em teoria e peca na prática.

Quando, na verdade, praticar é sempre melhor do que ficar só na teoria. Você melhora sua escrita a partir dos feedbacks que recebe. Só que, para obtê-los, precisa começar a mostrar seu trabalho.

Onde surge o entrave?

Acontece que também há uma razão para tudo isso. No livro Hit Makers, Derek Thompson relembra que as mentes mais brilhantes por trás de hits – sejam eles textos, músicas, filmes ou quaisquer tipos de produtos – são aquelas capazes de transcender a ideia da fórmula. Sua habilidade com as palavras, digamos, é tão intrínseca que a mecânica se torna invisível.

O texto simplesmente flui. Quase que sem perceber, você já está fisgado pela história. Porque quem realmente se destaca com as palavras não leva apenas a escrita como processo, mas sim como um ato de total devoção e entrega. O amor pelo trajeto de criação da obra é o ingrediente principal da narrativa.

Assim, o texto toca algum lugar mais profundo e se torna como um amigo, um carinho. É algo semelhante a quando você assiste um seriado e lembra de alguém. Ou escuta uma música e se transporta imediatamente para uma situação ou lugar. Está além da superfície. A identificação chega até a alma. 

Aí está o ponto-chave sobre o porquê as fórmulas não funcionam. Porque, como gosto de dizer, tudo na vida está em constante fluxo de movimento. Se há uma “fórmula para um texto de sucesso” e todos optam por segui-la, logo aquele formato provavelmente não será mais tão atraente assim. Por quê? Porque terá virado simplesmente um lugar comum.

O centro da escrita é sempre a pessoa

Quero reforçar, portanto, que provavelmente a melhor “técnica” para escrever melhor seja justamente começar a olhar mais para as pessoas. E sabe o que faz falta para a maioria delas? Justamente sentir. Falar de sentimentos, das delícias e dores de estar vivo. 

As pessoas anseiam por isso. E querem se conectar com sua essência, ainda que talvez não saibam disso de forma consciente. Como disse brilhantemente uma das minhas professoras de Yoga, Maria Nazaré Cavalcanti, todos nós estamos constantemente buscando reencontrar algo dentro de nós que é verdadeiro e lúcido.

Todos nós, sem exceção, possuímos uma necessidade interior muito forte de reconexão com a nossa origem, com a nossa natureza essencial. É por isso que uma escrita fluida e honesta é capaz de impactar multidões. Não falo apenas no sentido de escrever textos sobre devaneios próprios. Essa sensibilidade pode ser aplicada em basicamente qualquer contexto/projeto.

A linguagem é muito poderosa e, se você colocar honestidade e um DNA próprio nela, sua força é quase imensurável.

Qualquer que seja o tema em pauta.

ps: este texto é um pequeno spoiler do meu novo lançamento literário que vou anunciar na semana que vem, destinado principalmente a amantes das palavras, escritoras/escritores e produtores de conteúdo.  🤍

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