– paz

ninguém nos conta isso
mas ‘Deus’ está sempre
pertinho de nós
experimente apenas
desligar as luzes um pouco
e mergulhar naquela
sua música favorita
ele – ou ela – te espera ali.

– como eu quebro

não sei me doar
em pequenos pedaços
quando me entrego
faço-o inteira
a questão é que assim
às vezes não sobra
nenhuma parte
para mim mesma.

É sábio buscar um momento de silêncio (principalmente se você é mulher)

foto de um ramo de folhas bem verdes em um fundo branco

Foto: Jazmin Quaynor, Unsplash

Às vezes reflito sobre o quão enigmática é a experiência de viver em um mundo moderno repleto de tantas possibilidades. Hoje acessamos infinitos por meio de um simples dispositivo que cabe em nossas mãos. O capitalismo – em sua infindável expansão – nos oferece cada vez mais. 

As redes sociais reúnem entretenimento, lazer, socialização, possibilidade de engajamento em causas políticas. De um vídeo no Youtube pulamos ao feed do Instagram ou do Twitter. Mergulhamos em conversas pelo WhatsApp, participamos de reuniões pelo Zoom ou Google Meet.

Sempre há algo a se fazer. Se qualquer vazio interior espreitar, temos alguma distração disponível. Parece o paraíso. Mas às vezes me pego refletindo sobre o perigo dessa facilidade de abrirmos mão de um momento de silêncio e nos afastarmos de nós mesmas. 

Se os algoritmos procuram adivinhar do que gostamos, para onde queremos ir e o que queremos comprar, onde fica nosso poder de decisão? Quando paramos para pensar sobre quem está por trás da tela?

Nós raramente o fazemos. 

O que nos faz sofrer é nossa própria ausência

Ter lido o livro de Harari “21 Lições para o Século 21” foi um dos turning points que me fez  refletir mais sobre a questão de estar “presente em mim”. À época, instigada pelo historiador, passava a divagar acerca dos perigos de terceirizar todas as decisões à tecnologia. Afinal, se por um lado isso traz praticidade, por outro facilita a alienação.

O ser humano parece já ter a tendência de fugir de si. Afinal, olhar para o externo e se distrair pode ser menos doloroso e trabalhoso do que fazer um trabalho interno. Encarar de frente os erros e acertos, as evoluções pessoais e os retrocessos, viver de verdade – com intensidade. Isso exige trabalho, entrega, confiança.

Hoje enxergo a questão com ainda mais seriedade e profundidade, fazendo até mesmo um recorte de gênero – algo inevitável enquanto mergulho na leitura de “O Segundo Sexo”, da Simone de Beauvoir.

Para nós, mulheres, é ainda mais fácil perdermos de vista o que é real e verdadeiramente importante, nos deixarmos levar. Temos a tendência, por nossa criação, de sermos mais ingênuas (pensar que homens ou outras pessoas, no geral, sabem o que é melhor para nós) e a criarmos fugas diante de uma realidade que nos oprime.

“A menina não pode encarnar-se em nenhuma parte de si mesma. (…) À mulher, ensinam-lhe que para agradar é preciso procurar agradar, fazer-se objeto; ela deve, portanto, renunciar sua autonomia” – Simone de Beauvoir

Em termos mais simples: para sobreviver em uma sociedade patriarcal e machista, toda mulher sente um ímpeto ainda mais forte de se anestesiar da realidade com distrações. O pior é que isso nos deixa ainda mais vulneráveis em um mundo que não nos quer poderosas e exercendo nossa voz.

Percebe, então, o quanto isso é problemático? Para anestesiar a dor, fugimos para distrações, só para descobrir às vezes uma opressão ainda maior – comparando nossos corpos no Instagram com o de outras mulheres e, muitas vezes, caindo em uma espiral de vertigem e perda de tempo com vídeos e imagens que não nos levam realmente adiante em nossos mais autênticos objetivos de vida.

Aqueles que, possivelmente, nos libertariam intelectual, emocional e financeiramente.

O silêncio dimensiona a realidade e traz as melhores respostas

Diante de tais percepções, penso que na era em que vivemos buscar o silêncio é algo que toda mulher deve fazer. Sei que é complexo diante dos turnos de trabalho e exigências da família, casa, filhos, além das demandas de cuidados com a beleza e o caos tecnológico.

Mas todo esse caldo torna precisamente a prioridade de silenciar ainda mais importante. Porque, sinceramente: ninguém vai oferecer o silêncio contemplativo a você. 

O mundo está cada vez mais rápido, veloz e barulhento. No contexto patriarcal, é bem provável que o “tom” desse barulho esteja lhe machucando ainda mais profundamente, com  propagandas que insistem em reforçar seus pontos negativos, ao invés de qualidades.

O “timbre” da realidade contemporânea vai dizer que você não é bonita o suficiente, ou não é competente, ou que deveria “comprar” tal coisa para se tornar “perfeita” – algo que você, por essência, já é – ou seja…que não pode ser barganhado como propõe a mensagem de um mundo baseado em compra e venda.

E, veja bem: quando você cai nessa espiral de confusão e barulho, pode começar a procurar respostas nos lugares errados. Nem sempre a Igreja, um padre, uma religião, um coach, ou um influenciador digital vai ser capaz de dar um direcionamento à sua vida (pode duvidar até mesmo do que eu escrevo à vontade, viu?).

O ponto é: tudo isso pode até lhe orientar, mas só até certo ponto. Com a filosofia de Yoga, aprendi que o silêncio nos empodera. 

Que há respostas que você só pode encontrar para si mesma ali. É na paz que brota do contato com a parte mais interna que lhe habita que os insights mais poderosos vão surgir. Mas você precisa exigir esse espaço de silêncio.

Faça um pacto consigo mesma e permita-se a quietude. Seja meditando, ouvindo uma música, desenhando ou criando algo da maneira que preferir. Porque, como também disse a própria Beauvoir: 

“Criar é fazer rebentar no seio da unidade temporal um presente irredutível”. 

E estar em um presente irredutível é a verdadeira forma de paz. Em um mundo de respostas fáceis e prontas, só você mesma pode encontrar as suas.

– nós podemos brilhar

o que me move adiante
é sentir que por trás
de toda a dúvida
de todo o medo
de toda a tristeza
há uma luz que brilha
e não se apaga nunca
se eu apenas fizer
um pacto comigo mesma
de mantê-la acesa.

– o que nos destrói

eu não teria nenhum problema
com os padrões de beleza
se eles não estivessem
basicamente nos matando
dói meu coração quando vejo
mulheres irmãs absolutamente lindas
se sentindo tristes e feias
maltratando seus corpos
como se fossem coisas
apenas para exibi-los
a olhares maldosos que julgam
caso você já tenha se odiado
em algum momento deste dia
eu te peço, por favor,
ame-se e liberte-se
você é bonita porque a beleza
só pode vir de dentro
quem quer que venda o oposto
é que está mentindo.

A delicadeza da serenidade resoluta

menina com mãos abertas segurando flor amarela

Durante a pandemia, eu a vi dia sim, dia não, subindo a pé a íngreme lomba no topo da qual fica a minha casa – e a dela, a cerca de uma quadra de distância. Em um dia, trabalha fora, cuidando de idosos em um lar, noutro fica em casa. Limpa, lava roupa, cozinha, debulha o milho.

Ela tem o tronco um pouco curvado, mas não muito. Percebo em seu olhar que não se deixa curvar. É resoluta. Mas sem perder a doçura.

Além de resoluta, também é habilidosa com a costura. No decorrer do isolamento, comprei um tecido e levei para ela. Costurou um lindo avental para mim – um marco de minhas primeiras aventuras culinárias no isolamento.

Certa sexta-feira, depois do trabalho pesado – ela no lar, o marido no campo – vi o casal tomando uma cerveja. Instante merecido de tranquilidade e desprendimento. Os filhos jovens, próximos da pré-adolescência, brincavam por perto com suas bicicletas. Durante a pandemia, só conseguiram acompanhar as aulas da escola pelo celular.

De vez em quando, reflito sobre a vida dessa minha vizinha querida. Penso na dimensão dela e na minha. Ao observá-la, imagino que por vezes reclamo demais por coisas bobas…

Mas penso também sobre o que aconteceria caso ela pensasse sobre transpor sua condição. Transgredir a rotina. Talvez não precise mesmo disso, no fim das contas. 

Sem ao menos saber, minha vizinha me mostrou que quando enxergamos algum senso de propósito no que fazemos e não brigamos com o mundo, a vida pode ser de uma leve e belíssima serenidade. Uma simples sutileza. Independentemente de quanto dinheiro se tem – ou não.

Quem sabe eu é que seja questionadora demais para usufruir desse nível de contentamento. Afrontar o “status quo” pré-estabelecido para as mulheres é parte de quem sou, da minha essência enquanto existência.

Só que agora, quando tudo isso fica pesado demais, lembro da minha vizinha. Sua serenidade obstinada me inspira a não levar tudo tão a sério.

Por isso, agradeço. Sem querer, o contraste entre nossos mundos – próximos e tão distantes – me possibilitou uma visão mais ampla.

Essa é a beleza dos encontros. “Seu olhar melhora o meu” – a verdade proferida por Arnaldo Antunes sempre é possível, se nos permitirmos vivenciá-la.

Durante a pandemia, nosso encontro me possibilitou exatamente isso.

Diários de Quarentena – Carta 6, Simone de Beauvoir

imagem em preto e branco da escritora Simone de Beauvoir

Foto: Youtube, Reprodução

Querida Simone,

Escrevo porque preciso dizer: está doendo te ler. E dói porque toca em vários pontos da minha vida, do meu “ser mulher”, que até aqui simplesmente abafei. Me recusei a sentir.

A verdade é que não quero ser apenas uma “carne frágil”, como em alguns momentos me senti na condição inevitável de existir neste mundo – e me vi reconhecida até nessa negação por meio das tuas palavras.

Afinal, até certo ponto, eu sou ela. Digo, esta carne escrava da biologia, da cultura, dos costumes. É inevitável. Sou existente. Minha identidade está fundida a tudo isso.

Mas sei, sinto que preciso – e quero – transcendê-la. Onde encontro a tua coragem? Imploro que me ajude. Ainda necessito de muitas, muitas, muitas respostas…

Porque também quero ajudar a todas as minhas irmãs. Só que, se não começar por mim mesma, como ajudarei? Como equilibrar essa força? 

De onde veio a tua? Quero dizer…a tua determinação para compreender que não é preciso ser perfeita para todos o tempo todo? A coragem de contestar, falar dos tabus, não temer as críticas?

A leveza para entender que é permitido errar? Eu, quando erro, quero morrer. E isso é tão limitante e injusto, certo? Imagino que acharia ridícula essa pressão que boto em mim mesma, porque ela não é minha, é do meio.

Talvez diria: “apenas continue lendo, escrevendo, filosofando…esse é o caminho para se tornar uma pessoa autêntica, sujeito da tua própria história e vida. Busque a independência, ganhe o teu próprio dinheiro, confie nas tuas escolhas”.

Quem sabe, afinal, essas já sejam algumas respostas.

Eu agradeço por isso, então.

Um abraço,

Rafaela

Meditação e prática formal de Yoga para escritoras romperem suas barreiras mentais

menina de costas com toca de lã olhando as montanhas e meditando

“Todas as nossas palavras serão inúteis se não brotarem do fundo do coração. As palavras que não dão luz aumentam a escuridão.” – Madre Teresa de Calcutá

Se você, assim como eu até não muito tempo atrás, ainda não sabe realmente o que é Yoga, talvez a primeira imagem que lhe venha à mente diante dessa palavra é de um iogue muito magro, meditando na Índia, ou de alguém fazendo uma postura extremamente acrobática que lhe parece impossível. Trata-se de um equívoco.

Então, vamos começar a desconstruir. Preciso que você entenda, antes de mais nada: tudo isso não é Yoga em sua totalidade. E, como certa vez disse minha professora Maria Nazaré Cavalcanti, Yoga também não é sobre se vestir de indiano, cantar mantras o dia inteiro, virar um “bobalhão que só medita”.

Mas, então, o que é realmente praticar Yoga e meditar? E o que isso tem a ver com processo criativo e escrita?

É o que vou explicar melhor a você neste artigo. Para facilitar a compreensão, antes de procurar contextualizar o que é Yoga e meditação, vamos primeiro ao que não é

Yoga não é acrobacia ou fanatismo religioso

Nós, ocidentais, enxergamos muitas vezes os asanas (como são chamadas em sânscrito as posturas de Yoga), como algo exclusivamente físico. Por aqui, a visão da “praticante de Yoga” tende a ser a daquela que faz posturas, tem um tapetinho bacana, vai ao estúdio praticar duas ou três vezes na semana.

Tipo aquela coisa da Grazi Massafera, da Alessandra Ambrósio ou da Fernanda Lima postando fotinhos no Instagram de cabeça para baixo. Equívoco número dois.

Acontece que a parte física é uma minúscula ramificação do que é a verdadeira Yoga. Ela corresponde ao mecanismo que possibilita desacelerarmos nossa mente através do movimento e da respiração para que, a partir daí, possamos acessar um lugar de mais quietude interior, tranquilidade, algo que vai se refletir na forma como agimos em nossa vida diária e em nossos relacionamentos.

Então, sim: os asanas fazem parte da prática de Yoga. Mas não são tudo. Eles representam apenas um dos recursos, uma parte “formal” da prática.

Interessante pontuar que Yoga também não é uma religião, por si só. Existem, de fato, textos clássicos que apontam orientações de conduta, caminhos para o bem-viver.

Entretanto, diferentemente da forma como as religiões acabaram por se utilizar de mandamentos com um viés impositivo na cultura Judaico-Cristã, a filosofia yóguica aponta para um processo de construção.

Não é sobre proferir uma fé cega. É sobre você também ser participante ativo do seu processo de crescimento espiritual.

Trata-se de compreender novos ensinamentos e se permitir trilhar hábitos mais sadios para evoluir enquanto ser humano, buscando um caminho de libertação do sofrimento, mas sempre tendo como preceito inicial a não-violência também para consigo mesmo. 

Esse é o ponto de partida. Assim que a Yoga começa.

Yoga como filosofia para viver e escrever melhor

Se você já está aí pensando “esse negócio de fazer posturas e respirar não é para mim, não tenho paciência”, ou “essa coisa de Yoga é muito alternativa”, tente dispersar por mais um minuto esse pré-julgamento. Aliás, tenha em mente que eu também já pensei assim. Sou super acelerada e vidrada em tecnologia.

Se eu consegui trazer a Yoga para a minha vida, você certamente tem essa capacidade aí dentro também. E lembre-se, mais uma vez, do que escrevi agora há pouco: posturas e meditação não são a totalidade dessa prática. Tudo isso é, digamos, apenas a pontinha do iceberg.

Vamos esclarecer melhor, então: qual é, afinal, a verdadeira definição da prática de Yoga? O que significa a palavra Yoga como termo e filosofia?

Em excelente reportagem escrita para a hoje já extinta Revista Yoga Journal, o Professor Pedro Kupfer contextualiza que Yoga diz respeito a uma escola de vida, um conceito profundo e complexo, cujo significado tem sido transformado ao longo dos anos segundo os interesses daqueles que o utilizam.

O fato é que Yoga e filosofia caminham de mãos dadas, segundo ele. Aliás, o sábio Patañjali – cujos Yoga Sutras (códigos de conduta da aplicação prática da sabedoria ióguica na vida) foram escritos há mais de 2.000 anos e até hoje são tidos como referência para uma existência com menos sofrimento e mais presença -, foi um dos primeiros a cunhar o termo.

Pois bem, não é fácil realmente definir Yoga. “A bem verdade, Yoga deveria ser tratado como o que ele é de fato: uma escola filosófica, cujo objetivo final é a liberdade. Nesse sentido, o Yoga é digno herdeiro da espiritualidade indiana, fonte na qual bebeu e se inspirou, e da qual nunca se separou”, escreve Kupfer.

Em resumo: Yoga engloba desde práticas corporais e respiratórias que ajudam a pacificar a mente, até orientações sobre códigos de conduta que, se observados na vida diária, ajudam a reduzir nossa sensação de estarmos perdidos, desamparados, sem rumo, tristes e em sofrimento mental.

Muitas de minhas professoras já afirmaram: a verdadeira prática começa fora do tapetinho. Em um belíssimo texto intitulado “Isolamento Libertador”, Frans Moors – professor de Yoga que abdicou da vida corporativa para dedicar-se aos estudos acerca da filosofia – recorda que os Yoga Sutras de Patañjali, aos quais me referi agora há pouco, são os mais antigos textos que procuram introduzir esse conceito de Yoga.

São escrituras que dissertam acerca do funcionamento da mente e dos dilemas da psique humana, sinalizando direções para uma vida mais presente, elevada, livre de dores e ilusões materiais consumistas. E por que são fontes confiáveis?

Porque são milenares. São alguns dos textos mais antigos escritos pela humanidade, datados de cerca de 5.000 anos e originalmente colocadas em sânscrito – um idioma muito característico por sua construção sofisticada -, de modo que cada estrutura de uma palavra é embebida de significado, abrindo margem para uma interpretação profunda de seu real valor.

Igualmente porque os Vedas foram transmitidos de geração em geração. Primeiramente, por meio da tradição oral e, posteriormente, por meio de escrituras. Sua transmissão é pautada por um contato respeitoso e profundo entre professor e aluno. Esta é levada com extrema seriedade pelo povo indiano.

Em resumo, a cultura indiana preservou – e tem preservado – tais ensinamentos através do séculos a despeito de toda a exploração pela qual seu território já passou. Primeiro, pelas mãos dos muçulmanos e, posteriormente, nas mãos dos europeus, em tentativas sucessivamente frustradas de aniquilar essa cultura.

“Yoga é um presente da Índia para o mundo”, sintetiza a frase de um dos mestres de Yoga mais reconhecidos da história, T. K. V. Desikachar.

Viver Yoga é apropriar-se de seus ensinamentos na vida

Também quando participei de um Workshop sobre a Psicologia do Yoga, as maravilhosas professoras Maria Nazaré e Solange Wittmann explicaram que começamos a viver essa filosofia justamente quando nos apropriamos verdadeiramente dela. Ou seja: quando seus efeitos começam a refletir em nossas ações diárias, quando teoria e prática se alinham e realmente passamos a viver nossa verdade.

Yoga acontece quando a calmaria e a tranquilidade mental que adquirimos por meio da prática física passa a se refletir na forma como nos relacionamos com as pessoas, com o trabalho, com a alimentação, com a saúde, enfim, tudo ao nosso redor passa a se transformar também. É justamente nesse ponto que eu queria chegar.

A prática de Yoga entrou para valer na minha vida justamente no momento em que me senti mais perdida emocionalmente e a ansiedade tomou proporções gigantes. Foi quando pedi demissão do meu último trabalho como CLT e virei nômade digital, no ano de 2019. Afinal, toda minha forma de me perceber no mundo mudou.

Comecei a praticar no estúdio duas vezes por semana e, quando estava on the road, meu tapetinho ia comigo para qualquer lugar. Fosse para uma grande capital, como São Paulo, ou para uma praia remota, como Garopaba. Tem até provas lá no meu Instagram de que a Yoga se tornou minha companheira de viagens.

O que eu não imaginava era o quão profunda seria minha transformação quando acolhi essa filosofia realmente como algo diário, consistente. Não era capaz de dimensionar, quando iniciei, o quanto ela realmente também seria fundamental para que eu pudesse me tornar uma pessoa e profissional melhor.

Como a Yoga transformou minha escrita

Na condição de escritora isso quer dizer, em outras palavras, que eu não imaginava o quanto a Yoga impactaria na minha forma de escrever.

Porque ela me fez perceber que a nossa forma de usar as palavras também nasce muito do lugar interno em que a gente se encontra. E a prática me permitiu identificar que eu sou, na verdade, muito mais do que achava que era. Me empoderou, me fez ter mais confiança em mim mesma. 

Eu sempre atrelei quem eu era à minha profissão, ou ao papel que desempenhava no contexto familiar, ao meu salário ou status de relacionamento, conforme já referi anteriormente. A Yoga me fez lembrar que existe uma parte de mim que vai além de todas essas coisas. Essa partezinha que é a minha essência.

Me fez relembrar que não preciso ser um estilo “x” ou “y” de escritora, que não preciso assemelhar minha escrita a de outra pessoa, nem tampouco reproduzir a técnica mais recente de SEO ou Storytelling. O problema não é que exista mecânica na escrita, ela é importante.

O problema é que esse apego à técnica, muito provavelmente, é o que pode bloquear você. Sentir que você precisa “alcançar um determinado objetivo” com sua escrita pode bagunçar sua cabeça toda. Por que não simplesmente deixar fluir?

Praticar Yoga formalmente e meditar faz a gente aceitar com mais leveza o fluxo da vida. Simultaneamente, a escrita também se torna fluida. Menos dolorosa e mais prazerosa.

Ser criativo não funciona quando tentamos nos forçar a sermos criativos, como você já deve ter reparado. Isso porque a verdadeira essência de criar é a leveza, a tentativa de olhar pro mundo ressignificando-o de alguma forma. Moldando-o ao nosso novo olhar e recriando aquilo que há de feio nele.

Esse processo jamais pode ser forçado. A criatividade não floresce à base da cobrança, por meio de uma atividade estritamente mental.

É preciso paciência e amor-próprio. Agora, isto eu posso afirmar: se eu encontrei por meio da Yoga e da meditação uma forma de aflorar minha escrita com mais leveza, menos cobrança e mais amorosidade, você também é capaz de fazer isso.

Pode soar como algo meio “coaching”, mas estou disposta a correr o risco: existe, aí dentro de você, a capacidade de escrever palavras lindíssimas.

E não importa tanto o objetivo final. Se você quer escrever de uma forma bonita para um cliente, ou seu próprio livro, para as suas redes sociais, ou até no seu diário, talvez quem sabe conseguir expressar melhor sentimentos a quem você ama usando as palavras.

Toda essa capacidade já está aí dentro. Você precisa, apenas, se permitir abrir um espacinho para ela.

*observação: este texto é uma adaptação reduzida do sexto capítulo do meu livro “O Nascer da Escrita: encontre sua voz (e a de seus clientes) por meio das palavras”.

Você pode ter acesso a ele gratuitamente ao se inscrever no meu Workshop “O Nascer da Escrita”, no qual também poderá aplicar técnicas mencionadas neste artigo na prática, com a minha mentoria. CLIQUE aqui para se inscrever.

Você se sente sufocada e ansiosa? Alivie esses sentimentos através da escrita

foto de mãos escrevendo em um caderno com notebook e café ao lado

Se você se identificou com a chamada deste artigo (ou seja, anda se sentindo meio cansada e estressada), antes de mais nada, saiba que não está sozinha. Aqui no Brasil, infelizmente, a maioria das mulheres chegou ao seu limite – especialmente agora na pandemia.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), nosso país é o mais ansioso mundo (e o 5º mais depressivo). Se fizermos um recorte de gênero, imagina quem absorve essa carga ainda de forma mais pesada?

Exatamente: as mulheres. A situação atual do Brasil escancarou o quanto a mulher é mais afetada quando o país está caótico…

Você sabia, por exemplo,que trabalha 10,4 horas a mais por semana do que o homem em tarefas domésticas, segundo dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios de 2020?

Além disso, se você também é mãe, provavelmente já experimentou na pele outros desafios nesta pandemia, não é? 

Conforme dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), as mamães com filhos e filhas foram as mais afetadas pelo cenário, tendo que abraçar completamente a jornada tripla (dar conta do trabalho remunerado, da casa e das crianças). Ou, então, abrir mão do trabalho formal remunerado.

Segundo esse mesmo levantamento, a participação das mulheres no mercado de trabalho em 2020 foi a menor dos últimos 30 ANOS! Especialmente as que têm filhos de até 10 anos se viram obrigadas a parar de trabalhar formalmente…

Então, amiga, não é por acaso que às vezes você talvez sinta como se estivesse afundando. Desamparada, sem rumo e sem chão.

É neste momento que não ter uma válvula de escape pode ser enlouquecedor…

Vou revelar aqui que eu mesma já me senti assim (e às vezes ainda me sinto) muitas e muitas vezes. 

Mas quero contar um segredo (que já nem é mais segredo, de taaaantas vezes que me abri sobre isso nas redes): existe uma forma de aliviar um pouco esse sentimento horroroso de não ter voz, de ninguém te amparar, de não conseguir lidar com tudo isso.

Sabe qual é ela? Escrever. 

Sim! Desde que comecei meu blog, em 2019 e assumi minha carreira de escritora, comecei a perceber o quanto a escrita é uma ferramenta mágica. Por quê? Porque nos permite aliviar angústias e extravasar sentimentos.

Conto por experiência própria: quando você não olha para as angústias que fazem parte do seu dia a dia enquanto mulher, parece que tudo vai acumulando, acumulando, acumulando. Até que explode

E, quando explode, é horrível.

“Mas Rafa, escrever é difícil para mim…”

Sei bem como é isso. Porque é justamente aí que todos os nossos medos vêm à tona. Bate forte aquela Síndrome da Impostora, não é? 

Você fica receosa de escrever algo que não é “bom”, ou que será julgado, ou teme simplesmente travar no processo.

Foi justamente pensando em ajudar você a abrir mão desses medos e dar o próximo passo para jogar os sentimentos no papel e descobrir até onde a escrita pode te levar, que eu decidi fazer um esforço conjunto com as maravilhosas criadoras do projeto Tinha Que Ser Mulher (a Gi e a Mari) e lançar oficialmente…

Meu primeiro Workshop de Escrita 100% voltado para mulheres.

Sim: estou anunciando hoje oficialmente a abertura de vagas para “O Nascer da Escrita” – meu primeiro Workshop online. Vão ser quatro encontros em sábados, nos dias:

  • 19/06
  • 26/06
  • 10/07
  • 17/07

Sempre às 10h30 e com duração de 1h15min, via Google Meet. Ah! E as aulas vão ficar gravadas, caso você não possa participar em algum dos dias presencialmente, para assistir depois e fazer os exercícios de escrita propostos.

A dinâmica dos encontros terá momentos muuuuito legais de acolhimento, além de exercícios de escrita propostos a partir de métodos usados por escritoras que AMAMOS, como a Rupi Kaur, a Virginia Woolf e a Agatha Christie.

“Ah, Rafa, mas quanto vou ter que investir para fazer parte do Workshop?”

Sei que administrar o orçamento na pandemia não é fácil. Por isso, eu, a Gi e a Mari preparamos uma oferta exclusiva para você.

preço oficial do Workshop é de R$ 397.

Mas para fazer parte da primeira edição, você investirá apenas 4x R$ 49,25, ou R$ 197 à vista

E não para por aí:

Você ganhará 20% de desconto sobre o valor promocional se for:

➡️ Madrinha do projeto Tinha Que Ser Mulher

➡️ Assinante da minha Newsletter

Você também vai levar de graça estes bônus de presente: 

🎁 Meu livro O Nascer da Escrita: encontre sua voz (e a de seus clientes) por meio das palavras, de Rafaela Dilly Kich (De R$ 34,70 por R$ 0,00)

🎁 Revisão dos seus textos (De R$ 50,00 por R$ 0,00)

🎁 Grupo exclusivo no WhatsApp com as participantes (Não tem preço)

🎁 Participação em episódio do podcast Tinha Que Ser Mulher (Não tem preço)

🎁 Publicação coletiva independente (Não tem preço)

🎁 Certificado digital (Não tem preço).

Então, bora começar a escrever juntas? Eu, a Gi e a Mari queremos que esse Workshop seja um espaço seguro e acolhedor entre mulheres e também estamos muito preocupadas em garantir o MELHOR atendimento para todas as participantes.

Por isso, temos o número máximo de 12 vagas disponíveis para o Workshop. Recomendo muito que, se você se interessou pela proposta, realize agora sua inscrição para garantir a participação.

Para isso, basta preencher este formuláriohttps://forms.gle/d6cpurGdHsFzKBRs6

E, se você tiver qualquer dúvida sobre como vai funcionar ou se o Workshop é realmente para você, dê uma espiada na página de vendas com informações mais detalhadas ou fique à vontade para me escrever pelo e-mail rafaela.kich@gmail.com que posso esclarecer mais detalhes.

Um abraço enorme e nos vemos no Workshop!

Rafa

Nua em palavras

mulher de costas segurando flores

Escrever é como despir-se. Então, aqui estou eu. Nua diante de você.

Julgue-me. Faça à vontade. A carne feminina sempre lhe serviu bem para isso, não?

Imagine eu, aqui, mulher. Escrevendo. Como ouso? Você está em minha mente, pois a cada letra me pergunto o que vai achar disso tudo.

É patético. Ridículo que eu me importe tanto. Porque meu sexo não deveria ser premissa para essa carga mental toda que me vi obrigada a carregar.

Ah, mas eu já suportei calar-me. Muito. Agora não mais. Você vai me julgar de qualquer forma. Então, de que importa?

Nova (ou velha) demais. Bonita (ou não). Magra (ou não). Inteligente (ou não). Metida (ou não). Vamos lá: escolha seu adjetivo favorito.

Ou até mais de um. Não me importo. Aplique-o a mim.

Já disse…estou nua aqui. Aponte seu dedo. Tanto faz. Só não espere que eu pare.

Vou torcer, chorar, sangrar, gritar. E, depois de tudo, minhas palavras vão continuar aqui.

Você sabe o que é descobrir que tem uma voz depois de tê-la calado por anos? Eu não a silencio por mais nada neste mundo.

Apedreje uma escritora nua e ela continuará sangrando em verbo.