bell hooks e o amor como a maior prática política

Escritora bell hooks em palestra no ano de 2009.

Fotografia por Cmongirl – Domínio público

Sinto-me no dever de escrever um pouco sobre a última obra em que mergulhei assinada por bell hooks: “A Busca das Mulheres Pelo Amor” (Editora Elefante. 2024). Afinal, se pensar sobre o amor pode até soar piegas, talvez em uma nova era Trumpiana este seja o momento de reconsiderar a questão. 

Desde o início, me fisgou o quanto a explanação de hooks neste livro é próxima da realidade, da Cultura. Exemplifico: no decorrer da leitura, encontrava respostas sobre sentimentos associados às relações que estava vivendo naquele exato momento. (obrigada, bell, você me deu a mão!).

Ou seja: a percepção de hooks, a meu ver, parte de uma perspectiva profundamente espiritual. Mas sem jamais perder a percepção do Real. Em outros termos, a autora nos convida a pensarmos sobre o amor sem jamais deslocá-lo dos desafios impostos pelo racismo, a heteronormatividade e o patriarcado.

Sobretudo, talvez, algumas reflexões que tocaram uma parte muito íntima e verdadeira de mim foram aquelas que salientaram o amor como uma prática política capaz de dissolver as estruturas bélicas, opressivas e violentas da Cultura Ocidental e da vertente neoliberal. 

Afinal, amar não tem a ver com dinheiro. Talvez, em parte pelo aspecto da sobrevivência, pela perspectiva do zelo, até sim. Mas o excesso não garante amor. Amor de verdade demanda muito mais. Apoio. Incentivo. Afeto. 

Amemos, portanto! Esta força, embora não aparente, pode ser mais forte que as armas. É dela que, diante dos desafios – climáticos, sobretudo – precisamos agora mais do que nunca, novamente. 

  • Um fato divertido:

Instigada, parei ao abrir o livro no nome da tradutora: Julia Dantas. Que alegria! Uma autora conterrânea e extremamente talentosa ter tornado possível o acesso às palavras da bell hooks. 🙂 e, graças à 70ª Feira do Livro de Porto Alegre, ainda foi possível receber este autógrafo/presente. Obrigada, Julia, pela acolhida carinhosa. Que nossos caminhos possam se cruzar de novo em breve.

sobre escrita, Natal e doar palavras.

Quando escrevo, gosto de pensar que minhas palavras são como sementes.

Planto, boto no papel e depois espalho por esse “terreno” chamado internet, esperando que sejam férteis. Que cheguem às pessoas certas, no momento certo.

Faço isso porque acredito que palavras têm potência. São capazes de deixar marcas que transcendem o tempo. Principalmente se carregarem amor.

Foi refletindo sobre tudo isso que decidi escrever sobre duas ideias que me ocorreram ontem:

1º – Neste Natal, escreva algo para quem você ama. Um bilhete, uma carta. Expresse o que está no seu coração. No papel ou por e-mail mesmo, se o Covid não permitir contato.

2º – Se você deseja presentear alguém com algo além das suas palavras, dê também outras palavras de presente. Ofereça um livro, uma obra que realmente acredite que é capaz de impactar profundamente a vida da pessoa.

Meu 2020, enquanto escritora, foi muito sobre isto: tentar “presentear” as pessoas com um pouco do que sei oferecer. Palavras.

Por isso, também decidi disponibilizar até dia 31 de dezembro o meu E-book de poesias e fotografias, “Fragmentos”, com 50% de desconto.

Basta inserir o cupom AMOR-2020 ao finalizar a compra: https://bit.ly/fragmentos-livro- 

Que as palavras alimentem nosso Natal e o ano novo que chega. ♥️

O que resta quando sua liberdade é tirada por força maior?

Anne Frank

Sempre que a vida me parece pesada, procuro inspiração nas histórias de pessoas que passaram por grandes provações e encontraram forças para sobreviver nas circunstâncias mais absurdas. Anne Frank foi uma delas.

Desde que acompanhei recentemente um documentário na Netflix sobre seus diários (chamado “Vidas Paralelas”), me pego pensando no que essa menina viveu. Se o isolamento às vezes parece difícil, imagine vivê-lo realmente sem a mínima possibilidade de contemplar uma saída?

Passar anos reclusa em uma casa, o perigo sempre à espreita, é algo que mal cabe nas possibilidades do meu imaginário. Afinal, sou obcecada por liberdade. Se há algo que sempre me incomodou é a ideia de obediência, de não ter possibilidade de escolha.

Não lido bem com nada que me seja imposto. Quando ainda trabalhava no modelo CLT, antes do meu ano nômade, o simples fato de ter que ceder a um formato de vida pautado pelas horas do expediente me atormentava silenciosamente (ainda que gostasse da rotina).

Penso que não estamos neste mundo para viver confinados em escritórios ou entre quatro paredes. Às vezes, porém, por motivos de força maior não temos escolha.

A arte alimenta a vida quando não há saída

Acompanhando a história de Anne (nesta adaptação super legal em que a atriz Helen Mirren narra trechos de seu diário), me senti estranhamente acolhida. Assim como a menina judia, meu conforto durante o isolamento são as palavras. Escrevo, crio, reinvento a rotina, descubro novas formas de tornar a vida em casa prazerosa.

Entre meus devaneios de menina branca privilegiada, o que me consola em meio ao medo e o caos social – lembrando que já estamos chegando a quase 96 mil mortes confirmadas, imagine só a situação além dos registros oficiais! – é ouvir novos lançamentos de artistas, ler, observar a natureza, praticar Yoga, falar com amigos.

Aliás, na semana passada a participação do Emicida no Roda Viva foi excepcional. Quanta lucidez em um artista. Precisamos que vozes como a dele se multipliquem. Que a arte mostre seu valor supremo quando tudo em que acreditávamos até então –  este capitalismo selvagem que nos levava do vazio ao nada -, está ruindo diante de nossos olhos.

Porque, pelo menos aqui, o isolamento escancarou que, quando nossa liberdade é subitamente retirada, as memórias que restam não são aquelas fúteis, associadas ao mero consumo de coisas. São as das pessoas, dos momentos partilhados, dos lugares visitados.

O mundo desaba, mas o valor do afeto é lembrado

Embora não costume me arrepender de nada que vivi, a situação do isolamento me trouxe uma compreensão mais lúcida de que aquilo que faz nossa existência valer a pena nada tem a ver com ambições. Sim, elas são importantes. Também nos movem. Mas as memórias que nos sustentam diante do mais terrível cenário não são essas.

Nos dias mais difíceis, são as palavras das minhas amigas e dos meus amigos que me ajudam e ecoam na mente. Também as lembranças das viagens, dos lugares maravilhosos que tive o privilégio de visitar, das pessoas que conheci. Contemplo fotografias, elaboro vivências, recordo trocas, conversas.

Nem por um segundo algo que comprei, ou uma ida ao shopping, me fortaleceu. Porque não é isso que deixa uma marca em nós. O que marca é o afeto

É dele também que sinto mais falta. Dividir um pôr do sol, uma música, um café. Lamento pelos museus que não visitei, por não ter ido mais vezes ao cinema. Penso que deveria ter mergulhado mais vezes no mar, viajado mais, feito mais trilhas, aprendido a surfar, abraçado mais meus amigos.

Sei que, no futuro, provavelmente ainda poderei fazer tudo isso. Mas é a impossibilidade de fazer agora que escancara, mais uma vez: a vida é sempre hoje.

Nós jamais podemos desperdiçá-la ou tomá-la como certa. Quando nossa liberdade é tirada é das recordações de afeto que sentimos saudade.

O consolo é que ainda temos a arte e podemos amar. Para isso, nunca é tarde.




Os consumidores viraram os consumidos: será que tudo vai voltar logo ao “normal”?

estátua pequena de buda em um jardim

Em tempos de crise global, um dos melhores mantras é visualizar dias melhores. Eu mesma tenho feito isso nos últimos dias de quarentena. Me imagino indo à praia, ao cinema, passeando em uma livraria, frequentando aulas de Yoga, abraçando amigos. Deixa meu coração mais aliviado focar na certeza de que somos capazes de superar o momento atual.

Por outro lado, tenho refletido cada vez mais sobre o fato de que, muito provavelmente, a melhor forma de honrar as pessoas que já foram vítimas da tragédia do vírus é  justamente EVITAR que tudo volte “ao normal”. Porque os sinais já estavam aí: nosso “modo normal” de vida não tinha nada de normal.

Topa aprofundar o devaneio comigo? 

Os sinais que ignoramos

Joaquin Phoenix alertou em seu discurso do Oscar sobre o potencial destrutivo do egoísmo de nossa espécie. Greta Thunberg enfrentou autoridades com a mesma mensagem e seu movimento Friday’s for Future. Até Bill Gates, bizarramente, fez basicamente uma previsão do Coronavírus em um TED X de 2015.

Espie aí:

Bem, a realidade evidencia o óbvio: durante muito tempo, nós ignoramos os alertas de pessoas brilhantes e que buscaram abrir nossos olhos. E por quê? Porque estávamos engolidos pelo próprio sistema. Sempre mais preocupados com o dinheiro, as roupas, nossos celulares. Futilidades.

Ao invés de usarmos a tecnologia a nosso favor como humanidade, nos perdemos nela. Comparando nossas vidas no Instagram, ficando mais centrados em nosso próprio mundinho e olhando cada vez menos para o lado. Deixamos de perceber, muitas vezes, a importância das conexões reais. A relevância de outras pessoas em nossas vidas.

Li recentemente uma coluna na hoje já extinta revista Yoga Journal escrita por David Frawley, intitulada “Uma abordagem védica sobre a tecnologia”. Nela, o escritor faz a seguinte crítica:

“Talvez o principal problema seja que a tecnologia da informação tenha sido lançada no contexto de uma cultura consumista em seus valores, o que determina a maneira como ela é usada. (…) O consumidor frequentemente vira o consumido. Nós mesmos nos tornamos mercadorias que são eventualmente descartadas do supermercado, como trabalhadores velhos de uma fábrica.”

Forte, não é? Mas esse é um ponto crucial que julgo importante enfatizar. Outro fator que contribui para a proliferação de vírus é justamente a decadência da saúde humana. Nessa “rodinha do hamster” na qual nos encontrávamos julgando que isso era o modo “natural” de se viver – sempre correndo -, sacrificávamos tudo em detrimento do capital.

Inclusive a nossa saúde física e mental, nosso amor-próprio. Não é preciso ser especialista para identificar que uma doença é contraída quando o sistema imune está frágil – e tal fragilidade provém justamente de má-nutrição, falta de contato com o sol, sedentarismo. Vivíamos ignorando que somos seres biológicos, que necessitam da Natureza.

Até que o jogo virou. E agora?

O minimalismo pode nos ajudar a retomar a normalidade

Já recebi – e elaborei – diversas analogias interessantes em relação ao vírus. O fato de ser invisível, nos obrigando a prestar de novo mais atenção em como nos relacionamos com outras pessoas. Também o uso de máscaras, que nos força a voltar a “olhar no olho” do outro. Até mesmo o fato da doença atacar a “Coroa” – nosso EGO patriarcal – e o chakra cardíaco.

Seriam esses indícios de que necessitamos resgatar o feminino que há em todos nós (vale para homens e mulheres), vibrar mais amor, cooperação, entrega, calma? Acredito que sim, pois tudo é muito simbólico. Nosso ego nos trouxe até aqui. Chegamos ao ápice da autoexploração e da destruição do planeta.

Por mais que seja gostoso esperar que tudo volte a ser como era antes, penso que agora é a hora de nos reconstruírmos. Não há mais espaço para o “normal” que vivemos antes de toda a crise. Necessitamos retomar a verdadeira normalidade, um modo mais minimalista de viver. 

Se o capitalismo não começar a ruir de vez, que pelo menos possamos encontrar formas mais dignas de viver nele. Que comecemos a aproveitar a quarentena para meditar todas as manhãs. Que os almoços e cafés com quem amamos sejam menos corridos. Que encontremos tempo para falar com nossos amigos e perguntar se estão bem.

Que comecemos a valorizar o trabalho de profissionais como caixas de supermercado, entregadores, motoristas – que estão se arriscando neste momento para continuar a suprir as pessoas. A meu ver, é assim que honramos a todos os que já morreram por conta da situação e os que estão lutando para salvar vidas neste exato momento.

Lembrando também mais uma vez de todo o coração: se você pode ficar em casa neste momento, fique. É a primeira ação mais altruísta que pode ser realizada agora.

Curtiu o texto? Concorda comigo, discorda em algum ponto? Adoraria ouvir seu feedback. Compartilha ele comigo aqui nos comentários?





Sobre ameaças invisíveis, home office e mudanças na humanidade

duas pessoas se dando as mãos

Tenho a sensação de que, a nível global, estamos passando por um momento crítico e decisivo na história da humanidade. Quase que de forma irônica, em meio a transformações climáticas preocupantes e muros erguidos, eis que surge um vírus que nos força a parar, entrar em quarentena e refletir sobre tudo o que acontece em profundidade.

Planos e viagens tendo de ser adiados, turbulência econômica, incerteza sobre o futuro. Ao mesmo tempo, porém, paira no ar uma atmosfera de recolhimento e solidariedade, de pensarmos um pouco no outro. Em meio ao caos, acredito que ainda exista algum tipo de beleza.

Meu intuito neste artigo, portanto, é tentar traçar um panorama otimista acerca do que o vírus veio nos ensinar. Porque sim: é muito triste pensar que pessoas já estão e ainda vão perder empregos – e, claro, muito pior! – morrer por conta disso. Porém, isso só reforça a importância de aprendermos a passar pela crise e sairmos dela melhor do que entramos.

Topa esse aprofundamento comigo? 

Os benefícios do home office no cenário atual (e como você pode extrair o melhor dele agora)

Segundo informações do Nexo, diversas empresas – Amazon, Google, XP Investimentos e Microsoft, para citar algumas – já estão liberando o trabalho remoto como alternativa ao cenário atual. E a tendência, aparentemente, é a de que outras sigam o formato. 

Resultado? Como se pode prever, menos carros circulando nas ruas, menos poluição na atmosfera. Esse vírus danado parece ter vindo para nos fazer “testar por obrigação” um futuro que já poderia estar sendo implementado graças à tecnologia. Quem sabe agora não é o momento de propor essa possibilidade de trabalho remoto ao seu chefe?

Penso que não custa tentar. Sou home officer/nômade há pouco mais de um ano, mas em outras situações anteriores – como na Greve dos Caminhoneiros – cheguei a propor isso na agência em que trabalhava. Acredito que esse é o momento perfeito para líderes demonstrarem empatia e abrirem portas ao novo modelo.

E, caso a possibilidade efetivamente se concretize – ou caso você esteja agora trabalhando de casa pela primeira vez – creio fortemente que esse pode ser um momento decisivo para a sua evolução pessoal e profissional. Aproveite para desacelerar, reestruturar a rotina, pensar com mais clareza.

Valorize o fato de que você não precisa pegar o seu carro e sair correndo para o trabalho de manhã. Medite pelo menos 15 minutos ao acordar. Aliás, aproveite essa OPORTUNIDADE por aqueles que não podem. Inclua em seus pensamentos quem ainda precisa pegar o metrô, ou o ônibus lotado para ir ao trabalho.

Recomendo também que você estabeleça uma boa rotina, defina horários para pausas estratégicas no expediente e tome cuidado com as distrações. Exemplo: eu costumo trabalhar das 9h às 11h, preparar o almoço, seguir trabalhando às 13h30, fazendo uma pausinha às 16h e depois encerrando o expediente por volta das 17h/18h.

Funciona. Você só precisa se comprometer. Aproveite a chance de mostrar à organização a qual você pertence que é possível conciliar home office e produtividade. 

Já pensou se após essa crise um número cada vez maior de empresas permita a flexibilidade de horários e a liberdade geográfica? O bem que isso faria ao planeta e às pessoas? Sou otimista. Acho que estamos em um momento divisor de águas do mundo capitalista.

O invisível veio para nos ensinar algo mais importante?

Engraçado que sempre falo bastante em meus textos sobre o medo. E o que poderia ser mais assustador do que uma ameaça invisível? Creio que o tal do vírus causa mais pânico por conta disso: está no ar, você não pode ver, não pode tocar

Isso nos coloca de novo diante da compreensão do quanto realmente somos pequenos e imponentes. Algo que nem sequer somos capazes de ver poderia nos matar. É como um soco na cara do nosso ego.

Tenho refletido também sobre o paradoxo de estarmos vivendo em um mundo que, embora globalizado, apresente a tendência de fechar suas fronteiras. Na esfera individual, provavelmente em breve também estaremos em quarentena, isolados. É como se alguma força maior nos obrigasse a experimentar isso na máxima potência.

Será que realmente é assim que queremos viver? Sozinhos? Isolados de tudo e todos? Eu sou apaixonada pelo home office, mas faço muita questão de sair com amigos, participar de cursos, eventos e não estar em casa o tempo inteiro. O vírus veio para nos lembrar: precisamos de pessoas

Acredito que todos nós já percebemos: necessitamos rever nossos rumos pessoais e profissionais urgentemente. Essa ameaça invisível, embora horrível, pode ser a melhor oportunidade para isso. Para nos recolhermos, pensarmos com mais clareza, experimentarmos usar menos o carro, comprar menos.

Quem sabe não seja este o marco final para o início de uma nova era de mais cooperação, consumo consciente/minimalismo, trânsito sustentável, saúde no trabalho?

Quero saber o que você pensa também. Concorda comigo? Discorda? Me conta aqui nos comentários que vou adorar ouvir sua opinião. 🙂




Quantos voos você já evitou pelo simples medo de cair?

placa escrito "foda-se o medo"

Eu sei que você tem medo. Também tenho. Mas se tem algo que eu descobri nos últimos meses é que ficar amedrontada(o) representa uma das piores formas de permanecer estagnado na vida e, pouco a pouco, se deparar com um vazio existencial incômodo.

Em resumo: o medo é uma das maiores gaiolas emocionais que existem. Por mais que isso soe um pouco como teoria da conspiração, a verdade é que a sociedade tende a se aproveitar disso para que você se torne cada vez mais dependente do consumo, do materialismo, de uma vida repleta de coisas, mas vazia de significado.

Topa aprofundar um pouco mais?

Neste artigo, quero compartilhar alguns insights da minha jornada na esperança de, quem sabe, incentivar você a ter mais clareza sobre decisões que, eventualmente, venha adiando por conta dessa emoção primitiva

A essência do medo e o caminho para superá-lo

Se temos medo é porque, de alguma forma, esse instinto foi necessário para nossa evolução como espécie até o presente momento. Aí é que está o grande “x” da questão: não é desnecessário sentir temor, pois trata-se de um mecanismo de autoproteção.

O que você não pode é deixar isso dominar a sua vida. A sociedade capitalista é perita em usar o medo (de não ser suficiente, aceito pelo grupo, de ficar doente ou desamparado) para que você consuma cada vez mais, compre planos de saúde cada vez mais caros e permaneça, muitas vezes, em um emprego/uma rotina de que não gosta para pagar por tudo isso…

Vou falar bem a real: eu já estudei muito sobre Marketing e Neuromarketing e quero que você saiba…as pessoas que vendem qualquer coisa a você sabem exatamente que medo, ansiedade, desejo de pertencimento e insegurança são ótimos gatilhos para lhe convencer a abrir a carteira.

Principalmente trabalhando com essa parte do nosso cérebro que ainda é completamente primitiva e dominada por instintos desprovidos da razão. Ela é capaz de nos colocar nas piores armadilhas. Sabe por quê?

Porque a realidade é que não importa o que você faça, quantos seguros tenha ou muros construa, você não pode evitar o seguinte: o acaso sempre vai agir. Amanhã você pode simplesmente tropeçar, cair no chão, bater a cabeça e morrer na hora. Sei que é um exemplo dramático e que estatisticamente isso é pouco provável.

Mas pode acontecer. Você só pode comprar segurança até um certo ponto. Na verdade, todos estamos sempre vulneráveis às forças maiores da Natureza, superiores a nós seres humanos (que, como gosto de dizer, não passamos de poeirinha cósmica). 

Porque vale a pena driblar o medo e voar, ainda que você caia

No decorrer da minha jornada de transição da CLT para o trabalho remoto e a vida nômade, já enfrentei – e ainda enfrento, claro – muitos medos diferentes. O primeiro e mais óbvio deles é: “e se um dia faltarem dinheiro e clientes?” Que depois venho acompanhado de “E se eu for para algum país ou cidade sozinha e algo acontecer comigo?”

Foi diante de questionamentos como esses que comecei a me aprofundar mais em leituras de autoconhecimento e espiritualidade. E foi assim que comecei a compreender que a pior sensação é ficar preso nesse medo do “E SE…”. 

Quanto mais acumulamos para nos sentirmos seguros, mais inseguros ficamos. Como escrevi em uma coluna para o Be Freela, muitas vezes o excesso de posses, segurança e dinheiro guardado só nos torna mais medrosos e ansiosos, pois nos sentimos responsáveis por manter tudo isso. 

E, bem…se eu não tivesse superado o medo de escrever meus artigos, viver experiências nômades, expor minha vulnerabilidade e até abrir mão de ganhar dinheiro com alguns clientes para escrever textos assinados por mim mesma, você não estaria lendo essas palavras agora.

Sabe o que mais? Nem eu sei onde tudo isso vai dar! Eu ainda tenho medo. Só que cada vez mais percebo que, no decorrer dessa jornada, eu já caí várias vezes, de fato. Acontece que quando a gente voa e cai, acaba dando um jeito de se levantar.

 E, assim, aprende e melhora no próximo voo. 

É como diz aquela frase de cardzinho do Pinterest:

“What if I fall? Oh, my darling, but what if you fly?” 

“Mas e se eu cair? Ah, minha querida, mas e se você voar?”

Se este texto te trouxe insights para tomar uma decisão importante e deixar um pouquinho do medo de lado, me conta aqui depois? Eu vou amar saber e ler o feedback. 






Como seu egoísmo prejudica você mesmo(a), seu trabalho e o mundo?

Joaquin Phoenix em discurso sobre egoísmo no Oscar

Antes de mais nada, peço desculpas. Estou ciente de que o título deste artigo pode soar um pouco intimidador, mas meu intuito aqui foi realmente captar a sua atenção. De todo modo, minha proposta não é apontar dedos – é propor uma reflexão. Aliás, já faço mea culpa: sei que, em muitos aspectos, também sou uma pessoa egoísta.

Mas vamos por partes

Este texto, na verdade, não foi planejado. A inspiração veio depois de assistir o discurso do brilhante Joaquin Phoenix ao receber o Oscar de Melhor Ator por sua atuação no filme “Coringa”. Como amante das palavras, adoro analisar (e me emocionar) com discursos. 

Phoenix me fez chorar ao abordar um tema que vem me causando extremo desconforto ultimamente: o egoísmo humano e seu potencial autodestrutivo que, posteriormente, é estendido a todas as demais formas de vida.

Topa aprofundar um pouco a reflexão?

O egoísmo mata todos os dias, em diferentes contextos

Phoenix, além de ser um ator brilhante, também é ativista, vegano e luta pela causa animal. Não é de se admirar que, depois de tomar essa decisão de vida, ele provavelmente tenha desenvolvido uma certa sensibilidade acerca do mundo. Seu discurso (e seu trabalho como ator, claro) transparecem essa lucidez.

Um dos pontos que mais me chamou atenção em sua fala foi justamente este abaixo, em que ele admite ter sido uma pessoa egoísta em suas relações, em seu trabalho, em sua vida, de modo geral:

“Durante muitos anos, eu fui uma pessoa egoísta, cruel e difícil de se trabalhar. E fico muito feliz que tantos de vocês, nesta sala, tenham me dado uma segunda oportunidade. Nós atingimos nosso melhor quando ajudamos uns aos outros a crescerem e não nos cancelamos por nossos erros.”

Lindo, não é? E a essência das palavras do ator é que, de fato, o egoísmo é o fio condutor da exploração em inúmeros contextos – do racismo à violência doméstica, passando pela exploração dos animais…

Somos egoístas quando rejeitamos uma cultura diferente, crenças distintas, quando julgamos alguém pela orientação sexual, quando tratamos mal as pessoas no trabalho ou na rua…

E nós fazemos isso muito, mesmo sem querer ou de forma inconsciente! É difícil admitir, eu sei.

Pois bem, mas foi justamente por isso decidi trazer a provocação aqui hoje. Porque sim: nós somos egoístas. E só podemos transformar isso uma vez que olhamos para esse lado feio de nós mesmos. 

Você tem coragem de olhar para seu egoísmo?

Chorei quando ouvi aquele trecho do discurso porque olhando para trás, hoje, sei que também fui uma pessoa egoísta em diversas situações da vida. Em muitos momentos deixei de defender pessoas em situações cruéis, falei mal de outras mulheres, julguei amigos e amigas por suas escolhas de vida.

Também é assustador pensar no quanto provavelmente ainda sou egoísta, ainda que talvez sem perceber. Mas eu gosto de um princípio da Yoga, chamado de não-violência, que é justamente a nossa capacidade de olhar para esse nosso egoísmo, nos perdoarmos e começarmos a modificar nossas ações a partir de agora.

Algo simples, como tirar a sua carne do prato uma ou mais vezes por semana, já é um ato altruísta e revolucionário no mundo em que vivemos. E, se parecer difícil, vou contar um segredo que pode ser estimulante: quanto menos egoístas somos, mais passamos a perceber quantas oportunidades incríveis a vida oferece.

Desde que me propus a tentar ser mais gentil e humana nas minhas relações pessoais e profissionais, descobri que não há nada que abra mais portas. Sobram mais amigos verdadeiros, o trabalho fica mais leve, as pessoas querem você por perto…e, como mágica, a vida toda parece fluir. 

Este é o grande paradoxo: acontece que deixar de ser egoísta é, veja bem, excelente também para o próprio egoísta. Então, reflita sobre suas ações. Alinhe seu discurso à prática. Sei bem olhar aquilo que há de ruim em nós nem sempre é simples.

Mas isto eu posso afirmar com certeza: o caminho do autoconhecimento e da reciprocidade é mágico.

Vou deixar o vídeo do discurso completo aqui, caso você queira assistir e se emocionar também! Não deixa de me contar depois o que achou, se você também gostou…eu vou amar saber.




Como você preenche sua sensação de vazio?

balões no ar

Imagino que, em algum momento de sua vida, você já tenha se flagrado com um determinado sentimento que eu chamaria de sensação de vazio existencial. Naturalmente, comigo também aconteceu. Descreveria a sensação como um paradoxo entre parecer que está tudo certo e, ao mesmo tempo, tudo errado.

É como uma coceirinha que faz você se perguntar: por quê? Mas é um porquê incômodo. Você acha bobo olhar para ele, sente que é piração da sua cabeça e decide ignorar. É aí que começa o verdadeiro problema. Ignorar o vazio existencial, logo quando ele aparece, gera um buraco de vazio existencial cada vez mais fundo.

Não sou nenhuma guru, mas falo por experiência própria: é preciso encarar esse vazio de frente, com coragem, se você quiser diminuir tal sensação em sua vida. 

Topa aprofundar a reflexão? Então, vou abrir meu coração aqui e compartilhar um pouquinho de como foi meu processo

Identificando os amortecedores por trás do vazio existencial

Há mais ou menos um ano, eu acreditava que tinha minha vida completamente sob controle (risos, muitos risos). Tinha um emprego legal, ia à academia 7 vezes por semana, ganhava um salário “ok”, mas que já me permitia realizar vários sonhos. Conquistei, até certo ponto, aquele tal de American Dream.

Só que aí…boom! Vazio. Volta e meia vinha aquela coceirinha e, mesmo fazendo terapia, tive vários insights sem nunca chegar à sua real causa. Nas sessões, a principal pauta era: trabalho. Trabalho, trabalho, trabalho. Até que, posteriormente, participei de um grupo de Coaching e tive mais clareza sobre o que acontecia na minha vida:

O trabalho era o centro de tudo. Era minha fuga do vazio. Que só gerava mais vazio.

O vazio ia e vinha porque, toda vez que eu tentava olhar para ele, o trabalho se tornava a pauta central novamente e várias outras coisinhas iam rolando para baixo do tapete. E hoje, justamente por amar tanto o que faço, AINDA preciso ter cuidado para não me tornar uma workaholic doida perigosamente próxima de um burnout.

Depois de mergulhar mais fundo na jornada do autoconhecimento, percebi que o trabalho é o meu amortecedor (talvez o seu também) – mas ele não é o único que existe. Há quem opte por um drink todos os dias, outras pessoas encontram esse conforto na comida, outras em festas, outras nas drogas e até no excesso de atividade física.

O primeiro passo para recuperar o equilíbrio é identificar esse amortecedor e começar a administrá-lo para, então, investigar a real causa do por trás dele. 

Como lidar com a sensação de vazio sem se machucar?

A vida às vezes parece muito dura e, sem os nossos amortecedores favoritos, encarar de frente o vazio realmente é assustador. Mas ao topar fazer essa jornada dentro de si mesmo, a recompensa do outro lado é incrivelmente linda e difícil de se transcrever em palavras. Sabe por quê?

Porque você vai descobrir que o vazio é seu amigo. Quando ele aparecer, você não vai mais ter tanto medo – vai encará-lo como uma oportunidade de rever o rumo do seu trabalho, dos seus relacionamentos, das suas escolhas de vida. Vai parar de olhar tanto para fora e começar a olhar para dentro.

E vou avisar: coisas muito loucas vão acontecer a partir daí

O mais louco de tudo? Você vai ansiar por espaços vazios na sua rotina. Momentos de contemplação, mais meditativos, com menos barulho e  compromissos. Vai descobrir a essência do minimalismo, perceber que se pode viver de forma mais leve, simples, fluida. Vai se sentir mais conectado à Natureza e sua beleza e aos outros seres humanos.

Claro que o processo não acontece do dia para a noite. Há altos e baixos. Mas, se eu puder dar um conselho, é: insira a meditação, a Yoga e a leitura de livros sobre autoconhecimento na sua rotina. São as formas mais simples de começar a contemplar o espaço vazio com menos temor e mais confiança.

Olhe para o vazio para construir uma vida mais feliz e com mais significado. Como escreve o mestre Yogananda, um dos meus atores favoritos quando o tema é espiritualidade:

“Os raios jubilosos da alma podem ser percebidos quando você interioriza sua atenção. Não procure a felicidade unicamente em roupas bonitas, pratos deliciosos e outras amenidades (os tais amortecedores que eu mencionei!). Eles aprisionarão sua alegria por trás das grades da exterioridade).

Faça as pazes consigo mesmo, olhe mais para dentro, evite ceder aos seus amortecedores. Ao elevar a sua consciência, aos pouquinhos você vai descobrir que a felicidade não é utopia.

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O que sobrou de mim após um ano de desapegos

pássaro voando

Confesso que sempre torcia um pouco o nariz quando lia relatos muito pessoais na internet. Hoje, porém, percebo que não é por acaso que em em 2019 falamos tanto em vulnerabilidade. Nossas vidas andam tão artificiais que simplesmente nos desconectamos de nós mesmos e uns dos outros.

Foi por isso que decidi escrever este texto – bem pessoal – e compartilhar alguns aprendizados que tive após um dos anos mais intensos da minha vida. O ano em que comecei a viver a vida nômade e praticar o desapego no sentido mais literal da palavra.

Tudo começou com o desapego de uma pessoa. Tive que me desapegar de uma relação longa, cheia de amor e memórias maravilhosas. Mas que acabou. Sabe quando existe ainda um certo tipo de afeto, mas as outras circunstâncias são complicadas demais, não há mais força para continuar? Foi mais ou menos isso. 

E assim teve início o que chamei de minha “crise dos 30 aos 25”. Mudei de trabalho, comecei a viajar e ler livros de autoconhecimento e espiritualidade que me colocaram em contato com partes minhas que eu tinha enterrado lá no fundo e nunca mais tinha olhado.

Elas vieram à tona. E me assustaram demais, principalmente no começo.

O que descobri quando desacelerei

Nessa mudança de rotina, percebi o quanto, nos últimos anos, simplesmente entrei na “corrida dos ratos” e dediquei grande parte da minha vida ao trabalho, ao êxito profissional, a ponto de ter sido basicamente uma workaholic. Conquistei muita coisa – mas perdi muito no caminho também.

A partir dessa constatação, realmente comecei a mergulhar fundo no minimalismo. Doei roupas e livros, limpei gavetas, pratiquei Yoga, viajei e, no meio dessa loucura toda, conheci pessoas muito especiais que me ajudaram nesse processo de reconexão comigo mesma.

Pessoas que encontrei em aeroportos, bancos de ônibus e até pela internet. Tenho certeza de que nunca mais esquecerei delas, porque fazem parte da minha nova versão. E espero muito ter deixado alguma marca minha nelas também.

Ainda sobre desapegos, no meu aniversário, rabisquei algo assim no meu diário:

“Estou revirando tudo, limpando e recordando tudo o que já fui, para tentar entender quem eu sou hoje”.

E assim a vida seguiu acontecendo. Fui apresentada a autores como Thoreau e Byung-chul Han, que me fizeram ter ainda mais certeza de que uma vida com mais experiências, pessoas de verdade, amor-próprio e autocuidado – e menos coisas – é a que realmente vale a pena ser vivida. 

Assim, vendi meu carro e segui focada no lema “mais experiências, menos coisas”. Mas, recentemente, uma das minhas viagens me fez descobrir algo extremamente importante… 

Também é preciso desapegar do desapego

Porque eu me tornei viciada em desapegar. E isso é perigoso, pode se tornar confortável demais nunca se apegar a nada ou ninguém pelo medo de sentir.

É preciso ter coragem também de amar e dividir expectativas, sonhos e problemas com outras pessoas. Em todo e qualquer relacionamento – seja na vida pessoal ou no trabalho.

É bom ter leveza, ter menos coisas. Mas o desapego também pode ser solitário, especialmente quando é pelo medo de que nunca vamos ser perfeitos o suficiente para ninguém, ou porque temos medo de nos machucar. Fica fácil viver no raso e nunca aprofundar nada.

Tudo isso para dizer que o que sobrou de mim após um ano de desapegos foi a certeza de que ainda tenho muito a trabalhar em mim mesma. Que a jornada de autoconhecimento não é tanto sobre viajar, como escrevi neste artigo, mas sobre ter coragem de olhar para si mesmo(a) – independentemente de onde você estiver.

Desconectar do trabalho, meditar, ler, fazer terapia, ouvir sua voz interior. Quanto mais você tentar calar essa voz com coisas externas ou outros amortecedores (bebidas, comida, drogas ou qualquer outra coisa), mais doloroso será olhar para tudo isso depois. Pode acreditar.

Em 2020, pretendo fazer exatamente isto: seguir me autodescobrindo. Para que eu me sinta corajosa o suficiente para me apegar um pouquinho mais de novo e encontrar esse equilíbrio entre apego e desapego. No fim, o caminho do meio é aquele que sempre faz mais sentido.

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O que é nomadismo digital e como conciliar carreira, viagens e saúde mental?

menina com mochila nas costas

O que é nomadismo digital, afinal? O termo parece ganhar cada vez mais relevância, não por acaso. A internet hoje é parte intrínseca de nossas vidas e revolucionou as possibilidades de habitarmos o mundo. O fato de ser viável trabalhar/produzir de qualquer lugar abriu espaço para entrarmos novamente em contato com nosso instinto de liberdade.

A verdade é que não existe uma definição exata para o que é um nômade digital. Eu, por exemplo, me “considero nômade” porque volta e meia viajo e passo alguns dias trabalhando de diferentes lugares – seja em um ônibus, avião, café em São Paulo ou uma praia bonita em Santa Catarina. Brinco que sou uma “nômade Nutella”.

E existem os “Nômades Raiz”. São aqueles que já venderam tudo, abriram mão de qualquer estabilidade, do carro, da casa e vivem – literalmentepelo mundo, colecionando noites em hostels, Airbnb’s ou até sofás de estranhos ao redor do globo.

Neste artigo, quero aprofundar um pouco mais o conceito de nomadismo digital e, claro, compartilhar algumas dicas para você que sonha com uma vida de mais liberdade e menos coisas.

Topa?

Nomadismo: significado e contexto no mercado digital do século 21

O significado de nomadismo não remete a uma profissão, em si. Na verdade, como tentei explicar um pouco, trata-se de uma nova maneira de encarar a vida e o trabalho. Você executa seu job – existem profissões mais propícias ao trabalho remoto – mas não precisa estar fisicamente no local de trabalho.

Ora, se você não precisa estar fisicamente presente…significa que: sim! Você pode estar em qualquer lugar. E pode basicamente trabalhar em uma cidade em um dia, em um diferente estado no outro e – por que não? – até mesmo em algum país distinto no mês seguinte. A ideia é aliar a possibilidade de trabalhar e conhecer outras culturas simultaneamente.

A própria palavra “nômade” remete aos nossos ancestrais da era do paleolítico. Antes da agricultura, conforme também explica o historiador Harari no livro “Sapiens”, vivíamos espalhados pelo mundo, vagando. A globalização e essa coisinha chamada WI-FI, por estranhos caminhos, nos reconectaram à essa essência que ainda habita em nós.

Eu enxergo o nomadismo hoje justamente como uma forma de quebrar o script padrão de vida. Ao invés de você trabalhar em um local por horas e tirar férias uma vez por ano, você elimina esse senso de dualidade entre vida e trabalho. Você viaja enquanto trabalha. Encerra o “expediente” e vai fazer um programa cultural, explorar o mundo.

Parece legal para você? Já vou adiantar que nem tudo são flores – mas vou detalhar um pouco mais sobre isso adiante. Primeiro, vamos à próxima pergunta que talvez surja por aí…

Como se tornar nômade digital?

Há muitas formas – de verdade. Quando eu comecei a pesquisar sobre o tema com o sonho de ser nômade, um dos livros que me inspirou foi A Startup de 100 dólares. Ele traz cases incríveis de como há pessoas comuns ganhando dinheiro com negócios digitais, por exemplo. Seja vendendo produtos com e-commerces, através de blogs ou consultorias.

Eu, como jornalista, encontrei um caminho através do Marketing de Conteúdo. Hoje, atendo clientes através de agências e de forma autônoma, criando textos otimizados para blogs e sites. É uma profissão relativamente nova, com demanda gerada graças à internet, e que tem tudo para crescer cada vez mais.

Em paralelo, a criação de conteúdo também abriu margem para que designers, editores de vídeos e escritores cresçam nesse mercado. Mas a verdade é que independentemente do que você faça – seja um advogado, publicitário ou professor, – hoje é possível criar uma rotina de trabalho remoto em muitas profissões. Você pode propor isso ao seu chefe ou, então, se tornar seu próprio chefe.

Tudo começa com o sonho de viver de forma nômade. A partir daí, você vai achando os melhores caminhos. E você não precisa começar logo viajando para fora do país. Vale a cidade ou estado vizinho…sua visão de mundo já vai se transformar.

E o mais legal? Enquanto o choque com outras culturas transforma você, isso contribui para que se torne um profissional melhor. Aliás, creio que não apenas um profissional, mas uma pessoa melhor

Como ser nômade e preservar a saúde mental?

Ser nômade é meu sonho desde meados de 2016. E a verdade é que conseguir chegar nesse ponto da carreira não é fácil. Exige trabalho, aperfeiçoamento e dedicação! E mais: quando você começa a trabalhar e viajar, percebe até que nem tudo é tão glamourizado quanto aparenta no Instagram. 

Cada viagem é uma desconstrução de si mesmo e um exercício de desapego. Não é difícil dar uma pirada quando você vive transformações tão intensas com tamanha rapidez. O Matheus de Souza fala sobre isso no livro “Nômade Digital: Um Guia para Você Viver e Trabalhar Onde e Como Quiser”, onde abre o jogo e expõe todas as dores e delícias de ser nômade digital.

Prepare-se para ter que trabalhar eventualmente em lugares loucos, lidar com perrengues inesperados e organizar muito bem a agenda para não se perder. Eu descobri que, para mim, viajar com intervalos de um a dois meses ficando numa base fixa, retomando um pouco minha rotina, me dá fôlego para me preparar para novas aventuras.

Mas esse é o meu processo. O nomadismo é algo novo, não existe script a seguir. Então, você vai ter que descobrir o que funciona para você. Me conta aqui depois?

Espero realmente que as dicas deste artigo tenham sido úteis. 🙂 

PS: Os links dos livros citados aqui estão vinculados à minha conta de Afiliada da Amazon. Ao comprar através deles, você ajuda a rentabilizar meu trabalho para que eu possa continuar escrevendo esses textos!

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