Quando a tela do cinema escurece, os créditos sobem e todos batem palmas, toma conta da atmosfera um sentimento de unanimidade: o filme realmente é uma obra de arte. Foi o que aconteceu depois que assisti ao novo longa dirigido por Fernando Meirelles: “Dois Papas” que, embora já esteja na Netflix, também é exibido em algumas telonas do país.
Misto de orgulho pela genialidade do diretor brasileiro que nos representará no Oscar (como é bom ter um motivo positivo para nos orgulharmos como nação, ainda mais através da arte/cinema!); com diversos insights sobre autoconhecimento, liderança, superação. É isso que um filme incrível faz conosco: faz PENSAR.
Meu objetivo, quando fui ao cinema, não era escrever nada posteriormente. Porém, mais uma vez, saí inspirada para compartilhar alguns insights.
Topa aprofundar?
Antes, um breve resumo sobre “Dois Papas”…
“Dois Papas” é um filme sobre poder e como símbolos e figuras são capazes de moldar o inconsciente coletivo de pessoas – e, no caso da Igreja Católica – de nações em âmbito global. Apesar da narrativa central tensa, porém, o roteiro abre espaço para diversas tiradas cômicas e sarcásticas – seja através de recortes fotográficos ou da trilha sonora.
Se você ainda não viu o trailer, vou deixar aqui embaixo.
A história prende a atenção do início ao fim. Como outros longas baseados na vida real, faz lembrar de nossa própria história quando os fatos ali descritos se desenrolam. Onde estávamos durante a febre do “Habemus Papa”, ou mesmo na fatídica Copa de 2014, naquele tenebroso 7×1…
Em paralelo, embora traga sim um viés crítico a hipocrisias da Igreja Católica, Meirelles se propõe a ir além. O enfoque central da trama são os Papas. Ou melhor – os seres humanos por trás de dois Papas, seus temores, conflitos internos, dimensões pessoais. Em um dos diálogos entre o Papa Bento XVI e Jorge Mario Bergoglio, o primeiro enfatiza:
“A sua própria maneira de viver a vida já parece ser uma crítica à Igreja”. Isso porque o popular atual Papa argentino optou por renunciar a determinados luxos e preferia estar pregando em comunidades mais pobres. Em essência, ela era em microescala o que hoje é para o mundo…
Coerência entre discurso e ação é o que molda um líder
Com isso, me veio um insight poderosíssimo acerca das verdadeiras lideranças. Um líder de verdade é aquele que é exemplo pela ação – e não pelo discurso. Ele inspira por ser exatamente quem é. Liderança não é só sobre “skills”. É sobre viver de acordo com sua verdade.
Hoje são vendidos cursos, workshops, treinamentos sobre liderança. E tudo bem, eles podem agregar. Mas nada disso adianta se você não coloca em prática. Você pode fazer também um curso de “Marketing de Gentileza”, por exemplo, mas você já experimentou…ser genuinamente gentil também?
O líder que ganha respeito é aquele coerente, que alinha discurso e prática. Sem isso, torna-se incapaz de exercer qualquer efeito realmente potente sobre os outros. E mais! A “falsa liderança” não se sustenta. O discurso motivacional perde efeito se o líder também não coloca a mão na massa.
A Igreja, de alguma forma, entendeu que precisava de alguém mais popular no poder – principalmente frente aos escândalos de abusos divulgados pela mídia. Mas esse não era o perfil do Papa que acabou por renunciar (e não que isso fosse bom ou ruim), mas ter de exercê-lo, para ele, simplesmente tornou-se impossível.
Você só consegue usar uma máscara por um tempo limitado.
Todos os dias, seja a mudança que você quer ver
Apenas para concluir, outra grande revelação que o filme me trouxe foi a seguinte: todos os dias, as decisões mais importantes do mundo são tomadas por pessoas. De carne e osso, como você e eu. Pessoas que têm valores, medos, fragilidades e conflitos internos.
As decisões que tomamos podem não reger o mundo inteiro, mas regem o “nosso mundo”, “nossos relacionamentos”, “nosso trabalho”. Então, vale a mesma máxima sobre liderança. Você não precisa ser líder de uma empresa para ser exemplo.
Leve a lógica para sua esfera pessoal, para qualquer situação. Que tipo de acontecimento você gostaria de mudar na sua vida? Você costuma reclamar que as pessoas são muito irritadas, mal-educadas? Então, comece você sendo bem educado. Reclama das grosserias no trânsito? Seja você bem educado no trânsito.
É assim que você pode mudar o mundo, com suas ações. Ninguém se inspira no que você fala, as pessoas podem se inspirar no que você FAZ.
Só para resumir, vou terminar com Gandhi:
“Seja a mudança que você quer ver no mundo”.
Curtiu os insights? Já assistiu ao filme? Concorda com minhas percepções? Me conta aqui nos comentários que vou amar saber. 🙂
Recomendo ainda esta entrevista do Fernando Meirelles no programa Provoca do Youtube, com o sempre brilhante @MarceloTas. Aqui ele compartilha um pouquinho dos bastidores…
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