Sinto-me no dever de escrever um pouco sobre a última obra em que mergulhei assinada por bell hooks: “A Busca das Mulheres Pelo Amor” (Editora Elefante. 2024). Afinal, se pensar sobre o amor pode até soar piegas, talvez em uma nova era Trumpiana este seja o momento de reconsiderar a questão.
Desde o início, me fisgou o quanto a explanação de hooks neste livro é próxima da realidade, da Cultura. Exemplifico: no decorrer da leitura, encontrava respostas sobre sentimentos associados às relações que estava vivendo naquele exato momento. (obrigada, bell, você me deu a mão!).
Ou seja: a percepção de hooks, a meu ver, parte de uma perspectiva profundamente espiritual. Mas sem jamais perder a percepção do Real. Em outros termos, a autora nos convida a pensarmos sobre o amor sem jamais deslocá-lo dos desafios impostos pelo racismo, a heteronormatividade e o patriarcado.
Sobretudo, talvez, algumas reflexões que tocaram uma parte muito íntima e verdadeira de mim foram aquelas que salientaram o amor como uma prática política capaz de dissolver as estruturas bélicas, opressivas e violentas da Cultura Ocidental e da vertente neoliberal.
Afinal, amar não tem a ver com dinheiro. Talvez, em parte pelo aspecto da sobrevivência, pela perspectiva do zelo, até sim. Mas o excesso não garante amor. Amor de verdade demanda muito mais. Apoio. Incentivo. Afeto.
Amemos, portanto! Esta força, embora não aparente, pode ser mais forte que as armas. É dela que, diante dos desafios – climáticos, sobretudo – precisamos agora mais do que nunca, novamente.
Um fato divertido:
Instigada, parei ao abrir o livro no nome da tradutora: Julia Dantas. Que alegria! Uma autora conterrânea e extremamente talentosa ter tornado possível o acesso às palavras da bell hooks. 🙂 e, graças à 70ª Feira do Livro de Porto Alegre, ainda foi possível receber este autógrafo/presente. Obrigada, Julia, pela acolhida carinhosa. Que nossos caminhos possam se cruzar de novo em breve.
Inicio este texto com o estilo literário pulsante de Édouard Louis marcado em mim. Busco um referencial em sua fluência textual autobiográfica para relatar uma experiência pessoal e pontual: a vivência oportunizada por meio de fomento à Cultura (Lei Paulo Gustavo) de ministrar uma oficina de escrita para jovens dos 8ºs e 9ºs anos da Rede Pública de Ensino, especificamente na Escola Concórdia.
Pertinente, talvez, apresentar meu lugar de fala. Vivi, nestes últimos dias, um processo experimental que remete ao de Louis, também talvez ao da francesa Annie Ernaux, um pouco em reverso: sempre estudei em escolas privadas, do Ensino Básico ao Superior. Foi justamente a trajetória artística que me conduziu ao desejo de realizar trabalhos na esfera pública.
Sou mulher. Branca. Uma pessoa de 30 anos (investigando nuances não-binárias), mas com infraestrutura e amparo familiar. Alguém que está ministrando uma oficina porque escreveu livros. Porque foi capaz de redigir um projeto artístico e ser contemplada para ministrar atividade associada à Feira do Livro da cidade. Alguém que tem certa liberdade de ir além da didática/metodologia imposta pela rotina escolar.
Há, nisto, uma inevitável distância que me separa das e dos jovens com quem dialogo. Mas existe, também, este aspecto sempre transformador da literatura: a possibilidade, como disse Ernaux, de compartilhar algo do coletivo. O que é coletivo? A percepção dos sentimentos que, de algum modo, atravessam a todes nós.
É a partir deste ponto que busquei me conectar com eles, lendo alguns poemas meus; na sequência, partilhando também escritos de Annie Ernaux e Virginia Woolf. Referenciei o quanto estas autoras utilizaram seus sentimentos para conduzir seus projetos literários, – no caso da primeira, sobretudo, a pauta da própria vida como investigação do sentir.
Ernaux, afinal, tem um livro intitulado “A Vergonha”. Gostaria, enquanto docente convidada, de assumir uma postura não-hierárquica, mas capaz de impor respeito. No decorrer da oficina, aliás, senti vergonha em dados momentos – não sabia se estava usando as palavras certas. Se eles compreendiam todas as minhas palavras, minha linguagem. Se todos sequer tinham alguma fluência para escrever.
Não queria soar arrogante, mas também não queria diminuir o vocabulário, pois a própria possibilidade de expansão de um vocabulário é uma possibilidade de expansão de si mesmo, de seu universo. Mas não gostaria, sobretudo, que se sentissem “burros” – adjetivo que já escutei em outras oficinas com certa frequência por parte dos jovens – diante de alguns exercícios propostos.
Percebi, notavelmente, que algumas meninas se mostravam retraídas diante de uma atividade mais autoral, lúdica. Os meninos, em sua maioria, diante da dúvida traziam seus questionamentos.
As meninas pareciam, em sua maioria, preocupadas em “não fazer errado”: o cuidado com a caligrafia, o preciosismo. Parecia difícil para elas lidar com a possibilidade de uma escrita mais livre. Claro: a postura de algumas não permite generalizar este como um comportamento típico somente das meninas. No entanto, é algo que me chamou atenção.
Propus como alternativa o desenho e a pintura, caso alguém não se sentisse confortável em fazer alguma dinâmica escrita proposta para acessar seus sentimentos. Estas atividades envolviam, sobretudo, possibilidades de autopercepção a partir da escrita. Por exemplo, solicitei que as/os jovens escrevessem livremente suas próprias definições do que é amar, ser escutado, mudar…
A didática é algo desafiador. A posição da docência exige dinamismo e um (re)pensar constante de si e do outro. Complexo achar um tom que não faça com que os/as jovens se sintam incapazes; mas também eles parecem, por vezes, necessitar de orientação mais aprofundada – e repetida – para criar algo do zero.
Também é uma posição que exige um aprofundamento constante da empatia, ao mesmo tempo em que impõe enorme seriedade. Mesmo nos detalhes, na forma como as atividades são elucidadas e propostas há noções importantes sendo transmitidas acerca de olhares sobre a vida: a relevância do diálogo democrático nas atividades propostas em grupo para tomada de decisões, o respeito a tod@s colegas.
Neste lugar enquanto escritora assumindo uma postura docente, em dado momento concluo que é preciso aceitar que não existe perfeição. Seguir, seguir, seguir. Fazer e aperfeiçoar a partir do fazer.
Propus, a partir de exemplificações dos fluxos de consciência de Virginia também a atividade de escrita de uma carta. Uma carta a uma mulher que cada um deles admira. A ideia veio há um tempo atrás, a partir de diálogo com meu amigo João Gonçalves. Lembrei às/os jovens que, em cartas, costumamos endereçar, assinar a data. É o tipo de lembrança que, em geral, se guarda com carinho.
Ao fim das atividades com uma das turmas, uma jovem – Bianca – me entregou uma carta. Ela escrevera para mim. Fiquei fascinada pelo seu uso das palavras, pensei o quanto uma jovem adolescente carrega em termos de carga de sentimentos. O quanto a expressão é primordial e delicada.
O quanto, em uma era extremamente digital, é preciso oferecer aos jovens e às jovens a permissão e os instrumentos para que descubram e acolham sua caligrafia e para que entendam que, junto do conhecimento prático, a literatura pode oferecer um lugar também de amparo e refúgio. Acolhimento. É isto a que ela se propõe em sua mais elementar – e bela – função.
Deixo em registro agradecimento à Coordenadora Katia e Professora Ana Cláudia Gregorio, que me acolheram na escola, bem como uma nota de admiração pelo trabalho que realizam diariamente no cuidado com o futuro de cada uma e cada um destes jovens. Também à Secretaria de Cultura do município de Ivoti, gestão 2024, pelo apoio na implementação do Projeto.
Hoje, dia 31 de março de 2024, datam-se 60 anos do Golpe Militar no Brasil – momento que julgo propício para compartilhar aqui mais algumas impressões sobre o espetáculo cênico “O Avesso da Pele”. Este, inspirado pelo livro de Jeferson Tenório (Companhia das Letras, 2020).
Encenada pelo Coletivo Ocutá, a peça apresenta direção de Beatriz Barros e atuações de Alexandre Ammano, Bruno Rocha, Marcos Oli e Vitor Britto.
A narrativa se desdobra em uma Porto Alegre dos anos 80 e revela a história de Henrique e Pedro (pai e filho, respectivamente). Aspecto interessante é o fato de que não há papel fixo para os atores, eles se revezam na interpretação das personagens – inclusive Marta, esposa de Henrique e mãe de Pedro.
Em um país estruturalmente racista, com cicatrizes de um período ditatorial que parece pulsantemente vivo ainda nos dias de hoje – algo que fica evidente diante da recente tentativa de censura da obra literária que a inspirou -, “O Avesso da Pele” é uma peça tão dolorida, quanto necessária de se ver.
Poesia em corpo e coreografias que pulsam experiências de (re)existências
O espetáculo apresenta nuances poéticas expressas nos ritmos que costuram as histórias de múltiplas vivências negras e perpassa a pulsão destes corpos que, em meio à opressão cultural, policial, estrutural, como um todo, ainda buscam formas de viver.
Esta manifestação está, por exemplo, nas coreografias de funk, expressão musical nascida da vivência periférica e que hoje é um ritmo conhecido mundialmente – pouco apreciado apenas nos círculos extremamente conservadores. Isto é teatro essencialmente corpóreo, com entrega total. Lindo de se ver e viver.
A poética se encontra, ainda, na própria beleza da história de um Professor que, no cenário mais desolador – diante de um sistema estudantil precário e opressor – consegue o impossível: cativar, captar a atenção dos alunos, ao contar uma história de forma intrigante e performática.
Assim sendo, gentilmente o Coletivo Ocutá ainda nos brinda enquanto plateia quase com um espetáculo dentro do outro, mostrando a emblemática história de “Crime e Castigo”, de Dostoiévski. Não é pouca coisa.
Válido um destaque especial, aqui, para a composição cênica. Os livros espalhados pelo chão me parecem uma provocativa do paradoxo de uma luta extenuante – em favor da literatura – quando nada mais parece fazer sentido. A vontade de desistir e jogar para o alto.
Ao mesmo tempo, o entendimento de que livros salvam. Especialmente porque são portas de outros universos quando a vivência do real é absurda e completamente insuportável.
De modo mais estritamente analítico, sob minha perspectiva de uma mulher branca – e que não aprecia muitos rótulos e, no entanto, para fins de se “situar” talvez hoje se identificaria como bissexual -, penso que a peça contempla a representação da dor da mulher negra, por meio da personagem Marta.
Sim. Isto é fato incontestável.
Entretanto, por mais que esta seja interpretada pelo coletivo de homens negros (algo que também se mostra uma excelente provocação), ainda assim sinto falta de uma atriz negra neste papel. Não haver uma presença de mulher ali me incomoda.
Esta ausência, penso, me desacomoda justamente porque ela mesma no palco é um sinônimo da invisibilidade da negritude feminina nesta sociedade ainda tão racista, quanto patriarcal.
Entendo que a peça fala da dor causada por uma sociedade machista para todes nós – uma vez que os estereótipos colocados ao homem negro também são extremamente pesados. Mas não sei se posso ir mais além deste ponto, considerando meu lugar de fala.
“Não atender a estereótipos também é resistir”
Na perspectiva de Cíntia Bitencourt, mulher negra, bissexual e não-monogâmica, estagiária de Inclusão, a peça faz refletir sobre como a construção da autoestima é, em verdade, coletiva.
“É algo que, na minha vivência, eu nunca tinha pensado dessa forma, justamente porque fui me construindo e lutando para me amar de forma muito individual e solitária. O que é um reflexo da nossa sociedade, do neoliberalismo e até mesmo do capacitismo”, pontua.
“Então, ter me enxergado tanto em tantas cenas me deixou do avesso, me lembrou e me fez sentir humana de novo. Já faz algum tempo que tenho me sentido incomodada com as expectativas das pessoas em relação ao que deve ser uma mulher preta no país que a gente vive, como deve se portar, do que deve gostar. como se existisse de fato uma régua do que é mais preto e o que não é (e não estou falando de colorismo)”, acrescenta.
Para Cíntia, não atender a estereótipos também é resistir. “Não quero me sentir desconfortável para caber em espaços que diminuam, que me façam pensar que estou errada em, por exemplo, não dançar pagode! Porque isso não me torna menos negra”, frisa ela.
“Na peça, me vi muito no personagem do Henrique, mas também me vi muito no Pedro e na Marta. Acho que cada um conta um pouquinho sobre mim, sobre coisas que passei ao longo da vida pra chegar até aqui, para estar viva. Me vejo educadora no futuro, então me marcou muito ter essa referência do professor tão marcante, de tanta luta e resistência”, destaca.
“A gente se acostuma com a violência e se esquece da vida. Se esquece que antes do tiro, antes de ser alvo, antes de ter a vida tirada por uma sociedade racista, houve uma vida imensa”, recorda. Conclui em uma análise poética que a peça “é uma aula ‘daquelas’, de se dar com a alma uma coragem que bala nenhuma atravessa, pois ancestralizar também é viver. Viver em quem fica”.
Arte possibilita justamente aquilo que faz a humanidade avançar: o debate de ideias, a expansão da consciência individual e coletiva, o senso crítico
De minha parte, Rafaela, concluo afirmando que fui acompanhar “O Avesso da Pele” cheia de perguntas, mas descobri que poderia ser mais sábio estar lá para escutar. O som. A voz. O texto. O dizer. As gírias destas pessoas potências.
É lindo, sobretudo, relembrar esta possibilidade que a arte oferece de, literalmente, nos darmos as mãos, como acontece em certo momento do espetáculo. Também de sentir impacto – recordo não ter acordado tão bem no dia seguinte à apresentação.
Talvez justamente por ver o quanto ainda temos a avançar. E relembrar a urgência de fazê-lo. Porque arte tem disto também: remexe as entranhas, toca nas feridas. Mas possibilita, a partir daí, que nos tornemos seres humanos melhores.
Principalmente por, independentemente das opiniões pessoais, viabilizar justamente aquilo que faz a humanidade avançar e, por consequência, ser o grande alvo da ditadura que censura: o debate de ideias, a expansão da consciência individual e coletiva. A construção daquilo que é capaz de tirar o oprimido de sua posição: o senso crítico.
Esta é a beleza estupenda de tudo.
Obrigada, Coletivo Ocutá, Tenório, plateia e todes que estiveram lá por esta experiência.
E você, já viu “O Avesso da Pele”? Caso tenha acompanhado, me conta aqui nos comentários as tuas percepções!
(ps: e se você não viu, fique ligado na agenda do grupo na página do Insta: @oavessodapele – eles vão rodar o Brasil com o espetáculo, quem sabe cheguem aí na tua cidade também?)
Por aqui, esqueço tão rapidamente do que fiz de belo para pensar no que preciso fazer em seguida. Para semear minhas palavras. Ajudar minha família. Procurar ser uma pessoa melhor.
Por um lado, acho, isto é bom. Significa que há pulsão, movimento.
Por outro, ainda há tanta vergonha e punição no processo.
Será que trabalho o suficiente?
Em geral, as mulheres trabalham tanto. Dentro de casa, tudo parece trabalho.
Mas há uma diferença entre trabalhar e ser remunerada. Eis uma ansiedade que se produz.
E que se “desproduz” com a escrita. Que nem sempre remunera. Mas revive.
Em 2024, quero mais disso. Reviver.
Quero saborear cada momento. Estar com a pessoa que está na minha frente – não constantemente com o celular.
Quero estar lúcida para a vida. Menos tímida, ou intimidadora. Sobretudo, quero fazer o que amo.
Também crer que, se me permitir isto, tudo o mais estará provido.
Obrigada a você, querida pessoa, por me ler.
Me despeço pedindo: o que você quer em 2024?
Meu desejo é que você possa usar mais o seu tempo para fazer aquilo que ama.
Talvez todas as anteriores hipóteses. A depender do contexto.
Ao pensar o modelo ocidental patriarcal capitalista, o grande mérito do filme francês “A Casa dos Prazeres” é justamente levantar estas questões.
Nele, a protagonista Emma Becker (vivida por Ana Girardot) decide viver na pele uma experiência “inusitada” para tecer a linguagem e mergulhar em profundidade na escrita de seu novo livro. E passa a se prostituir na cidade de Berlim.
O que ela busca, porém, de fato?
Talvez uma resolução de suas próprias questões de infância? A possibilidade de um prazer próprio? Pagar as contas e o aluguel do apartamento que divide com a irmã?
Ou, ainda, inverter a moral que esmaga a mulher socioeconômica e psiquicamente – aceitando receber um valor/hora de salário mais alto do que passar um dia na fábrica?
Seria, ainda, um ato de generosidade, do desejo de proporcionar prazer ao outro? A busca de um pai? Um cuidador? A necessidade de ouvir histórias? Ser vista?
Penso que o longa propõe todas estas interessantes nuances. Acompanhá-lo me fez lembrar de Naomi Wolf, em “O Mito da Beleza”, dizendo que uma pergunta essencial para compreender a prostituição não é: “por que uma mulher se prostitui?” – e, sim, “por que uma mulher não se prostitui?”
É fato que, em alguns momentos, o filme ainda me parece se equivocar em meio a certos clichês.
Por exemplo: a câmera lenta na cena de sexo com um possível namorado, alguém a quem ela aparenta se entregar “inteiramente” à libido para além do sexo mecânico.
O que se pode dizer, de todo modo, é que ao fim do longa a personagem parece encontrar o tom de suas palavras com precisão para a escrita de seu livro a partir da experiência vivida.
Quase invertendo o questionamento que proponho no início deste texto:
O que é o corpo do homem?
E, talvez, caiba ainda uma última “pergunta-legado” ainda mais interessante para mim e para você, leitora ou leitor:
Como seria para você, mulher que me lê, estar no corpo de um homem? Consegue imaginar?
E a você, homem que me lê, como seria estar no corpo de uma mulher?
Caso queira compartilhar a resposta, sinta-se à vontade nos comentários.
Filme em cartaz na Cinemateca Paulo Amorim da Casa de Cultura Mario Quintana.
Aliás, nem sei se na vida o ideal seria “segurar” coisa alguma.
Segurar machuca.
Vi outro dia um passarinho pousar no banco do Parcão sob a luz crepuscular. Ficar um tempo ali. Voar embora.
Rememorando a cena, entendo melhor. As chegadas e partidas. Acolhimentos e abandonos.
O pássaro pousa. Fica. Quando decide, vai embora.
Porque para ele, diferentemente de para nós, humanos, a noção de abandono sequer existe. Tampouco a de rejeição.
Na Natureza, a liberdade é o estado natural das coisas.
Prender-se é o que simboliza o anti-natural.
Será que é assim que os relacionamentos terminam? Quando percebemos que realmente não é mais possível “segurar”?
Talvez esta seja uma das etapas. A outra é a incongruência, possivelmente. De valores. Também os sonhos distintos.
Quando o estar junto torna-se mais vazio que presença. E nada mais “alimenta” a relação. O silêncio – antes confortável – torna-se pesaroso.
E você, Alegria, some. Tornando evidente a frase de Frida Kahlo: “onde não puderes amar, não te demores”. Porque o Amor é um imperativo para você, certo?
Você some sem o Amor.
E, quando passa o ponto do fim, Alegria, você parece se apresentar sempre acompanhada de Vergonha, pois você não sabe ser falsa.
Você é ou não é.
E eu te quero sendo. Inteira. Genuína.
Mas como ir embora sem que o outro se sinta abandonado? Compreendendo a ilusão provocada pelo apego.
O outro só pode sentir-se abandonado diante do apego. E o apego, como escreveu Nilton Bonder, é a grande traição.
Uma traição à possibilidade do outro ser livre. E, como consequência, uma traição à liberdade de si mesmo.
Claro: é preciso delimitar espaços e contornar arestas para não machucar demais a nós mesmas e ao outro. Para que ele possa compreender a partida.
Mas seguir é preciso. Para respirarmos leves.
Por nós. E por quem amamos.
Ir embora, diante de um inevitável fim, é também um gesto de amor dos mais genuínos e sinceros.
Às vezes reflito sobre o quão enigmática é a experiência de viver em um mundo moderno repleto de tantas possibilidades. Hoje acessamos infinitos por meio de um simples dispositivo que cabe em nossas mãos. O capitalismo – em sua infindável expansão – nos oferece cada vez mais.
As redes sociais reúnem entretenimento, lazer, socialização, possibilidade de engajamento em causas políticas. De um vídeo no Youtube pulamos ao feed do Instagram ou do Twitter. Mergulhamos em conversas pelo WhatsApp, participamos de reuniões pelo Zoom ou Google Meet.
Sempre há algo a se fazer. Se qualquer vazio interior espreitar, temos alguma distração disponível. Parece o paraíso. Mas às vezes me pego refletindo sobre o perigo dessa facilidade de abrirmos mão de um momento de silêncio e nos afastarmos de nós mesmas.
Se os algoritmos procuram adivinhar do que gostamos, para onde queremos ir e o que queremos comprar, onde fica nosso poder de decisão? Quando paramos para pensar sobre quem está por trás da tela?
Nós raramente o fazemos.
O que nos faz sofrer é nossa própria ausência
Ter lido o livro de Harari “21 Lições para o Século 21” foi um dos turning points que me fez refletir mais sobre a questão de estar “presente em mim”. À época, instigada pelo historiador, passava a divagar acerca dos perigos de terceirizar todas as decisões à tecnologia. Afinal, se por um lado isso traz praticidade, por outro facilita a alienação.
O ser humano parece já ter a tendência de fugir de si. Afinal, olhar para o externo e se distrair pode ser menos doloroso e trabalhoso do que fazer um trabalho interno. Encarar de frente os erros e acertos, as evoluções pessoais e os retrocessos, viver de verdade – com intensidade. Isso exige trabalho, entrega, confiança.
Hoje enxergo a questão com ainda mais seriedade e profundidade, fazendo até mesmo um recorte de gênero – algo inevitável enquanto mergulho na leitura de “O Segundo Sexo”, da Simone de Beauvoir.
Para nós, mulheres, é ainda mais fácil perdermos de vista o que é real e verdadeiramente importante, nos deixarmos levar. Temos a tendência, por nossa criação, de sermos mais ingênuas (pensar que homens ou outras pessoas, no geral, sabem o que é melhor para nós) e a criarmos fugas diante de uma realidade que nos oprime.
“A menina não pode encarnar-se em nenhuma parte de si mesma. (…) À mulher, ensinam-lhe que para agradar é preciso procurar agradar, fazer-se objeto; ela deve, portanto, renunciar sua autonomia” – Simone de Beauvoir
Em termos mais simples: para sobreviver em uma sociedade patriarcal e machista, toda mulher sente um ímpeto ainda mais forte de se anestesiar da realidade com distrações. O pior é que isso nos deixa ainda mais vulneráveis em um mundo que não nos quer poderosas e exercendo nossa voz.
Percebe, então, o quanto isso é problemático? Para anestesiar a dor, fugimos para distrações, só para descobrir às vezes uma opressão ainda maior – comparando nossos corpos no Instagram com o de outras mulheres e, muitas vezes, caindo em uma espiral de vertigem e perda de tempo com vídeos e imagens que não nos levam realmente adiante em nossos mais autênticos objetivos de vida.
Aqueles que, possivelmente, nos libertariam intelectual, emocional e financeiramente.
O silêncio dimensiona a realidade e traz as melhores respostas
Diante de tais percepções, penso que na era em que vivemos buscar o silêncio é algo que toda mulher deve fazer. Sei que é complexo diante dos turnos de trabalho e exigências da família, casa, filhos, além das demandas de cuidados com a beleza e o caos tecnológico.
Mas todo esse caldo torna precisamente a prioridade de silenciar ainda mais importante. Porque, sinceramente: ninguém vai oferecer o silêncio contemplativo a você.
O mundo está cada vez mais rápido, veloz e barulhento. No contexto patriarcal, é bem provável que o “tom” desse barulho esteja lhe machucando ainda mais profundamente, com propagandas que insistem em reforçar seus pontos negativos, ao invés de qualidades.
O “timbre” da realidade contemporânea vai dizer que você não é bonita o suficiente, ou não é competente, ou que deveria “comprar” tal coisa para se tornar “perfeita” – algo que você, por essência, já é – ou seja…que não pode ser barganhado como propõe a mensagem de um mundo baseado em compra e venda.
E, veja bem: quando você cai nessa espiral de confusão e barulho, pode começar a procurar respostas nos lugares errados. Nem sempre a Igreja, um padre, uma religião, um coach, ou um influenciador digital vai ser capaz de dar um direcionamento à sua vida (pode duvidar até mesmo do que eu escrevo à vontade, viu?).
O ponto é: tudo isso pode até lhe orientar, mas só até certo ponto. Com a filosofia de Yoga, aprendi que o silêncio nos empodera.
Que há respostas que você só pode encontrar para si mesma ali. É na paz que brota do contato com a parte mais interna que lhe habita que os insights mais poderosos vão surgir. Mas você precisa exigir esse espaço de silêncio.
Faça um pacto consigo mesma e permita-se a quietude. Seja meditando, ouvindo uma música, desenhando ou criando algo da maneira que preferir. Porque, como também disse a própria Beauvoir:
“Criar é fazer rebentar no seio da unidade temporal um presente irredutível”.
E estar em um presente irredutível é a verdadeira forma de paz. Em um mundo de respostas fáceis e prontas, só você mesma pode encontrar as suas.
Escrevo porque preciso dizer: está doendo te ler. E dói porque toca em vários pontos da minha vida, do meu “ser mulher”, que até aqui simplesmente abafei. Me recusei a sentir.
A verdade é que não quero ser apenas uma “carne frágil”, como em alguns momentos me senti na condição inevitável de existir neste mundo – e me vi reconhecida até nessa negação por meio das tuas palavras.
Afinal, até certo ponto, eu sou ela. Digo, esta carne escrava da biologia, da cultura, dos costumes. É inevitável. Sou existente. Minha identidade está fundida a tudo isso.
Mas sei, sinto que preciso – e quero – transcendê-la. Onde encontro a tua coragem? Imploro que me ajude. Ainda necessito de muitas, muitas, muitas respostas…
Porque também quero ajudar a todas as minhas irmãs. Só que, se não começar por mim mesma, como ajudarei? Como equilibrar essa força?
De onde veio a tua? Quero dizer…a tua determinação para compreender que não é preciso ser perfeita para todos o tempo todo? A coragem de contestar, falar dos tabus, não temer as críticas?
A leveza para entender que é permitido errar? Eu, quando erro, quero morrer. E isso é tão limitante e injusto, certo? Imagino que acharia ridícula essa pressão que boto em mim mesma, porque ela não é minha, é do meio.
Talvez diria: “apenas continue lendo, escrevendo, filosofando…esse é o caminho para se tornar uma pessoa autêntica, sujeito da tua própria história e vida. Busque a independência, ganhe o teu próprio dinheiro, confie nas tuas escolhas”.
Quem sabe, afinal, essas já sejam algumas respostas.
“Todas as nossas palavras serão inúteis se não brotarem do fundo do coração. As palavras que não dão luz aumentam a escuridão.” – Madre Teresa de Calcutá
Se você, assim como eu até não muito tempo atrás, ainda não sabe realmente o que é Yoga, talvez a primeira imagem que lhe venha à mente diante dessa palavra é de um iogue muito magro, meditando na Índia, ou de alguém fazendo uma postura extremamente acrobática que lhe parece impossível. Trata-se de um equívoco.
Então, vamos começar a desconstruir. Preciso que você entenda, antes de mais nada: tudo isso não é Yoga em sua totalidade. E, como certa vez disse minha professora Maria Nazaré Cavalcanti, Yoga também não é sobre se vestir de indiano, cantar mantras o dia inteiro, virar um “bobalhão que só medita”.
Mas, então, o que é realmente praticar Yoga e meditar? E o que isso tem a ver com processo criativo e escrita?
É o que vou explicar melhor a você neste artigo. Para facilitar a compreensão, antes de procurar contextualizar o que é Yoga e meditação, vamos primeiro ao que não é…
Yoga não é acrobacia ou fanatismo religioso
Nós, ocidentais, enxergamos muitas vezes os asanas (como são chamadas em sânscrito as posturas de Yoga), como algo exclusivamente físico. Por aqui, a visão da “praticante de Yoga” tende a ser a daquela que faz posturas, tem um tapetinho bacana, vai ao estúdio praticar duas ou três vezes na semana.
Tipo aquela coisa da Grazi Massafera, da Alessandra Ambrósio ou da Fernanda Lima postando fotinhos no Instagram de cabeça para baixo. Equívoco número dois.
Acontece que a parte física é uma minúscula ramificação do que é a verdadeira Yoga. Ela corresponde ao mecanismo que possibilita desacelerarmos nossa mente através do movimento e da respiração para que, a partir daí, possamos acessar um lugar de mais quietude interior, tranquilidade, algo que vai se refletir na forma como agimos em nossa vida diária e em nossos relacionamentos.
Então, sim: os asanas fazem parte da prática de Yoga. Mas não são tudo. Eles representam apenas um dos recursos, uma parte “formal” da prática.
Interessante pontuar que Yoga também não é uma religião, por si só. Existem, de fato, textos clássicos que apontam orientações de conduta, caminhos para o bem-viver.
Entretanto, diferentemente da forma como as religiões acabaram por se utilizar de mandamentos com um viés impositivo na cultura Judaico-Cristã, a filosofia yóguica aponta para um processo de construção.
Não é sobre proferir uma fé cega. É sobre você também ser participante ativo do seu processo de crescimento espiritual.
Trata-se de compreender novos ensinamentos e se permitir trilhar hábitos mais sadios para evoluir enquanto ser humano, buscando um caminho de libertação do sofrimento, mas sempre tendo como preceito inicial a não-violência também para consigo mesmo.
Esse é o ponto de partida. Assim que a Yoga começa.
Yoga como filosofia para viver e escrever melhor
Se você já está aí pensando “esse negócio de fazer posturas e respirar não é para mim, não tenho paciência”, ou “essa coisa de Yoga é muito alternativa”, tente dispersar por mais um minuto esse pré-julgamento. Aliás, tenha em mente que eu também já pensei assim. Sou super acelerada e vidrada em tecnologia.
Se eu consegui trazer a Yoga para a minha vida, você certamente tem essa capacidade aí dentro também. E lembre-se, mais uma vez, do que escrevi agora há pouco: posturas e meditação não são a totalidade dessa prática. Tudo isso é, digamos, apenas a pontinha do iceberg.
Vamos esclarecer melhor, então: qual é, afinal, a verdadeira definição da prática de Yoga? O que significa a palavra Yoga como termo e filosofia?
Em excelente reportagem escrita para a hoje já extinta Revista Yoga Journal, o Professor Pedro Kupfer contextualiza que Yoga diz respeito a uma escola de vida, um conceito profundo e complexo, cujo significado tem sido transformado ao longo dos anos segundo os interesses daqueles que o utilizam.
O fato é que Yoga e filosofia caminham de mãos dadas, segundo ele. Aliás, o sábio Patañjali – cujos Yoga Sutras (códigos de conduta da aplicação prática da sabedoria ióguica na vida) foram escritos há mais de 2.000 anos e até hoje são tidos como referência para uma existência com menos sofrimento e mais presença -, foi um dos primeiros a cunhar o termo.
Pois bem, não é fácil realmente definir Yoga. “A bem verdade, Yoga deveria ser tratado como o que ele é de fato: uma escola filosófica, cujo objetivo final é a liberdade. Nesse sentido, o Yoga é digno herdeiro da espiritualidade indiana, fonte na qual bebeu e se inspirou, e da qual nunca se separou”, escreve Kupfer.
Em resumo: Yoga engloba desde práticas corporais e respiratórias que ajudam a pacificar a mente, até orientações sobre códigos de conduta que, se observados na vida diária, ajudam a reduzir nossa sensação de estarmos perdidos, desamparados, sem rumo, tristes e em sofrimento mental.
Muitas de minhas professoras já afirmaram: a verdadeira prática começa fora do tapetinho. Em um belíssimo texto intitulado “Isolamento Libertador”, Frans Moors – professor de Yoga que abdicou da vida corporativa para dedicar-se aos estudos acerca da filosofia – recorda que os Yoga Sutras de Patañjali, aos quais me referi agora há pouco, são os mais antigos textos que procuram introduzir esse conceito de Yoga.
São escrituras que dissertam acerca do funcionamento da mente e dos dilemas da psique humana, sinalizando direções para uma vida mais presente, elevada, livre de dores e ilusões materiais consumistas. E por que são fontes confiáveis?
Porque são milenares. São alguns dos textos mais antigos escritos pela humanidade, datados de cerca de 5.000 anos e originalmente colocadas em sânscrito – um idioma muito característico por sua construção sofisticada -, de modo que cada estrutura de uma palavra é embebida de significado, abrindo margem para uma interpretação profunda de seu real valor.
Igualmente porque os Vedas foram transmitidos de geração em geração. Primeiramente, por meio da tradição oral e, posteriormente, por meio de escrituras. Sua transmissão é pautada por um contato respeitoso e profundo entre professor e aluno. Esta é levada com extrema seriedade pelo povo indiano.
Em resumo, a cultura indiana preservou – e tem preservado – tais ensinamentos através do séculos a despeito de toda a exploração pela qual seu território já passou. Primeiro, pelas mãos dos muçulmanos e, posteriormente, nas mãos dos europeus, em tentativas sucessivamente frustradas de aniquilar essa cultura.
“Yoga é um presente da Índia para o mundo”, sintetiza a frase de um dos mestres de Yoga mais reconhecidos da história, T. K. V. Desikachar.
Viver Yoga é apropriar-se de seus ensinamentos na vida
Também quando participei de um Workshop sobre a Psicologia do Yoga, as maravilhosas professoras Maria Nazaré e Solange Wittmann explicaram que começamos a viver essa filosofia justamente quando nos apropriamos verdadeiramente dela. Ou seja: quando seus efeitos começam a refletir em nossas ações diárias, quando teoria e prática se alinham e realmente passamos a viver nossa verdade.
Yoga acontece quando a calmaria e a tranquilidade mental que adquirimos por meio da prática física passa a se refletir na forma como nos relacionamos com as pessoas, com o trabalho, com a alimentação, com a saúde, enfim, tudo ao nosso redor passa a se transformar também. É justamente nesse ponto que eu queria chegar.
A prática de Yoga entrou para valer na minha vida justamente no momento em que me senti mais perdida emocionalmente e a ansiedade tomou proporções gigantes. Foi quando pedi demissão do meu último trabalho como CLT e virei nômade digital, no ano de 2019. Afinal, toda minha forma de me perceber no mundo mudou.
Comecei a praticar no estúdio duas vezes por semana e, quando estava on the road, meu tapetinho ia comigo para qualquer lugar. Fosse para uma grande capital, como São Paulo, ou para uma praia remota, como Garopaba. Tem até provas lá no meu Instagram de que a Yoga se tornou minha companheira de viagens.
O que eu não imaginava era o quão profunda seria minha transformação quando acolhi essa filosofia realmente como algo diário, consistente. Não era capaz de dimensionar, quando iniciei, o quanto ela realmente também seria fundamental para que eu pudesse me tornar uma pessoa e profissional melhor.
Como a Yoga transformou minha escrita
Na condição de escritora isso quer dizer, em outras palavras, que eu não imaginava o quanto a Yoga impactaria na minha forma de escrever.
Porque ela me fez perceber que a nossa forma de usar as palavras também nasce muito do lugar interno em que a gente se encontra. E a prática me permitiu identificar que eu sou, na verdade, muito mais do que achava que era. Me empoderou, me fez ter mais confiança em mim mesma.
Eu sempre atrelei quem eu era à minha profissão, ou ao papel que desempenhava no contexto familiar, ao meu salário ou status de relacionamento, conforme já referi anteriormente. A Yoga me fez lembrar que existe uma parte de mim que vai além de todas essas coisas. Essa partezinha que é a minha essência.
Me fez relembrar que não preciso ser um estilo “x” ou “y” de escritora, que não preciso assemelhar minha escrita a de outra pessoa, nem tampouco reproduzir a técnica mais recente de SEO ou Storytelling. O problema não é que exista mecânica na escrita, ela é importante.
O problema é que esse apego à técnica, muito provavelmente, é o que pode bloquear você. Sentir que você precisa “alcançar um determinado objetivo” com sua escrita pode bagunçar sua cabeça toda. Por que não simplesmente deixar fluir?
Praticar Yoga formalmente e meditar faz a gente aceitar com mais leveza o fluxo da vida. Simultaneamente, a escrita também se torna fluida. Menos dolorosa e mais prazerosa.
Ser criativo não funciona quando tentamos nos forçar a sermos criativos, como você já deve ter reparado. Isso porque a verdadeira essência de criar é a leveza, a tentativa de olhar pro mundo ressignificando-o de alguma forma. Moldando-o ao nosso novo olhar e recriando aquilo que há de feio nele.
Esse processo jamais pode ser forçado. A criatividade não floresce à base da cobrança, por meio de uma atividade estritamente mental.
É preciso paciência e amor-próprio. Agora, isto eu posso afirmar: se eu encontrei por meio da Yoga e da meditação uma forma de aflorar minha escrita com mais leveza, menos cobrança e mais amorosidade, você também é capaz de fazer isso.
Pode soar como algo meio “coaching”, mas estou disposta a correr o risco: existe, aí dentro de você, a capacidade de escrever palavras lindíssimas.
E não importa tanto o objetivo final. Se você quer escrever de uma forma bonita para um cliente, ou seu próprio livro, para as suas redes sociais, ou até no seu diário, talvez quem sabe conseguir expressar melhor sentimentos a quem você ama usando as palavras.
Toda essa capacidade já está aí dentro. Você precisa, apenas, se permitir abrir um espacinho para ela.
*observação: este texto é uma adaptação reduzida do sexto capítulo do meu livro “O Nascer da Escrita: encontre sua voz (e a de seus clientes) por meio das palavras”.
Você pode ter acesso a ele gratuitamente ao se inscrever no meu Workshop “O Nascer da Escrita”, no qual também poderá aplicar técnicas mencionadas neste artigo na prática, com a minha mentoria.CLIQUE aquipara se inscrever.
Se você se identificou com a chamada deste artigo (ou seja, anda se sentindo meio cansada e estressada), antes de mais nada, saiba que não está sozinha. Aqui no Brasil, infelizmente, a maioria das mulheres chegou ao seu limite – especialmente agora na pandemia.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), nosso país é o mais ansioso mundo (e o 5º mais depressivo). Se fizermos um recorte de gênero, imagina quem absorve essa carga ainda de forma mais pesada?
Exatamente: as mulheres. A situação atual do Brasil escancarou o quanto a mulher é mais afetada quando o país está caótico…
Você sabia, por exemplo,que trabalha 10,4 horas a mais por semana do que o homem em tarefas domésticas, segundo dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios de 2020?
Além disso, se você também é mãe, provavelmente já experimentou na pele outros desafios nesta pandemia, não é?
Conforme dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), as mamães com filhos e filhas foram as mais afetadas pelo cenário, tendo que abraçar completamente a jornada tripla (dar conta do trabalho remunerado, da casa e das crianças). Ou, então, abrir mão do trabalho formal remunerado.
Segundo esse mesmo levantamento, a participação das mulheres no mercado de trabalho em 2020 foi amenor dos últimos 30 ANOS! Especialmente as que têm filhos de até 10 anos se viram obrigadas a parar de trabalhar formalmente…
Então, amiga, não é por acaso que às vezes você talvez sinta como se estivesse afundando. Desamparada, sem rumo e sem chão.
É neste momento que não ter uma válvula de escape pode ser enlouquecedor…
Vou revelar aqui que eu mesma já me senti assim (e às vezes ainda me sinto) muitas e muitas vezes.
Mas quero contar um segredo (que já nem é mais segredo, de taaaantas vezes que me abri sobre isso nas redes): existe uma forma de aliviar um pouco esse sentimento horroroso de não ter voz, de ninguém te amparar, de não conseguir lidar com tudo isso.
Sabe qual é ela? Escrever.
Sim! Desde que comecei meu blog, em 2019 e assumi minha carreira de escritora, comecei a perceber o quanto a escrita é uma ferramenta mágica. Por quê? Porque nos permite aliviar angústias e extravasar sentimentos.
Conto por experiência própria: quando você não olha para as angústias que fazem parte do seu dia a dia enquanto mulher, parece que tudo vai acumulando, acumulando, acumulando. Até que explode.
E, quando explode, é horrível.
“Mas Rafa, escrever é difícil para mim…”
Sei bem como é isso. Porque é justamente aí que todos os nossosmedosvêmàtona. Bate forte aquela Síndrome da Impostora, não é?
Você fica receosa de escrever algo que não é “bom”, ou que será julgado, ou teme simplesmente travar no processo.
Foi justamente pensando em ajudar você a abrir mão desses medos e dar o próximo passo para jogar os sentimentos no papel e descobrir até onde a escrita pode te levar, que eu decidi fazer um esforço conjunto com as maravilhosas criadoras do projeto Tinha Que Ser Mulher (a Gi e a Mari) e lançar oficialmente…
Meu primeiro Workshop de Escrita 100% voltado para mulheres.
Sim: estou anunciando hoje oficialmente a abertura de vagas para “O Nascer da Escrita” – meu primeiro Workshop online. Vão ser quatro encontros em sábados, nos dias:
19/06
26/06
10/07
17/07
Sempre às 10h30 e com duração de 1h15min, via Google Meet. Ah! E as aulas vão ficar gravadas, caso você não possa participar em algum dos dias presencialmente, para assistir depois e fazer os exercícios de escrita propostos.
A dinâmica dos encontros terá momentos muuuuito legais de acolhimento, além de exercícios de escrita propostos a partir de métodos usados por escritoras que AMAMOS, como a Rupi Kaur, a Virginia Woolf e a Agatha Christie.
“Ah, Rafa, mas quanto vou ter que investir para fazer parte do Workshop?”
Sei que administrar o orçamento na pandemia não é fácil. Por isso, eu, a Gi e a Mari preparamos uma oferta exclusiva para você.
O preço oficial do Workshop é de R$ 397.
Mas para fazer parte da primeira edição, você investirá apenas 4x R$ 49,25, ou R$ 197 à vista.
E não para por aí:
Você ganhará 20% de desconto sobre o valor promocionalse for:
➡️ Madrinha do projeto Tinha Que Ser Mulher
➡️ Assinante da minha Newsletter
Você também vai levar de graça estes bônus de presente:
🎁 Meu livro O Nascer da Escrita: encontre sua voz (e a de seus clientes) por meio das palavras, de Rafaela Dilly Kich (De R$ 34,70 por R$ 0,00)
🎁 Revisão dos seus textos (De R$ 50,00 por R$ 0,00)
🎁 Grupo exclusivo no WhatsApp com as participantes (Não tem preço)
🎁 Participação em episódio do podcast Tinha Que Ser Mulher (Não tem preço)
🎁 Publicação coletiva independente (Não tem preço)
🎁 Certificado digital (Não tem preço).
Então, bora começar a escrever juntas? Eu, a Gi e a Mari queremos que esse Workshop seja um espaço seguro e acolhedor entre mulheres e também estamos muito preocupadas em garantir o MELHOR atendimento para todas as participantes.
Por isso, temos o número máximo de 12 vagas disponíveis para o Workshop. Recomendo muito que, se você se interessou pela proposta, realize agora sua inscrição para garantir a participação.
E, se você tiver qualquer dúvida sobre como vai funcionar ou se o Workshop é realmente para você, dê uma espiada na página de vendas com informações mais detalhadas ou fique à vontade para me escrever pelo e-mail rafaela.kich@gmail.com que posso esclarecer mais detalhes.