Por que criamos sofrimento em nossas carreiras e relacionamentos?

atriz de Dor e Glória

Esse questionamento ecoa em mim desde que saí do cinema no último sábado, depois de assistir ao longa francês “Memórias da Dor”, com uma fotografia e narrativa tão frias quanto era a noite de inverno em Porto Alegre do lado de fora.

O filme acompanha a saga trágica da francesa Marguerite Duras durante a II Guerra Mundial, após seu marido, membro da Resistência, ser preso quando os nazistas ocupam a França.

A atriz Mélanie Thierry, que a interpreta, é a PRÓPRIA FACE da DOR. Às vezes me pego pensando: é inimaginável que o mundo já tenha presenciado tamanho martírio…

E aí entra a grande questão:

Por que nós, em pleno século 21, nos apegamos a sofrimentos tão pequenos? Por que sofremos por coisas às vezes tão banais, como não ter o último iPhone? Por que perdemos tempo falando e observando a vida alheia? Criando sofrimento pela comparação? 

Por que ainda não aprendemos a honrar nossos antepassados sem REPETIR o sofrimento, mas sim criando uma vida com mais SENTIDO? Será que, como humanidade, ainda não nos perdoamos? 

Por que nos mantemos, tantas vezes, trabalhando em empregos dos quais não gostamos para comprarmos coisas de que não precisamos? Será que ainda enchemos os carrinhos do supermercado pelo input do medo da escassez que ficou em nosso DNA? Se temos paz, por que não a desfrutamos e procuramos criar modelos de vida e trabalho que nos proporcionem um senso maior de felicidade? 

A História diz muito sobre quem somos hoje. É por isso que conhecimento é libertação. Que possamos criar menos dor e desfrutar mais da alegria, encontrando formas de trabalho que nos permitam, verdadeiramente, contribuir para um mundo mais harmônico.

Você sabe o que você NÃO quer para a sua VIDA/CARREIRA?

um observador no mirante

E se a pergunta fosse o contrário: você sabe o que você realmente QUER?

Não vale responder com conceitos abstratos. Tipo: quero ser bem sucedido (afinal, o que é ser bem sucedido?), quero viajar (quer viajar por quê? Pra onde? Com qual propósito?), quero ser gerente/empreendedor e ganhar bem (quanto é ‘ganhar bem’ para você? A resposta a esse questionamento varia muito de pessoa para pessoa). 

É por isso que todos esses desejos, na verdade, são bem abstratos. A realidade é que, muitas vezes, quando nos confrontamos com o que VERDADEIRAMENTE queremos, não possuímos uma resposta exata.

Daí, fica mais simples percorrer o caminho OPOSTO. Ou seja: questionar o que você não quer para a sua vida/carreira

O norte americano Mark Manson fala sobre isso no livro “A Sutil Arte de Ligar o Foda-se” que, apesar de ter cara de best-seller barato, traz vários insights interessantes.

Ele escreve que, mais do que nos questionarmos sobre quais prazeres queremos desfrutar, precisamos saber quais DORES não estamos dispostos a suportar.

“O que determina o sucesso não é ‘de que prazer você quer desfrutar?’. A questão relevante é ‘Qual dor você está disposto a suportar?’. O caminho da felicidade é cheio de obstáculos e humilhações. Você tem que escolher alguma coisa. Não dá para levar uma vida sem dor. Nem tudo são rosas e unicórnios o tempo todo. A pergunta sobre o prazer costuma ser fácil, e quase todos temos uma resposta parecida. Interessante mesmo é perguntar sobre a dor. ‘Qual dor você prefere tolerar?’. Essa é uma pergunta difícil, mas relevante. É a pergunta que vai levá-lo a algum lugar. É a pergunta que vai mudar perspectivas, vidas. É o que faz de mim quem eu sou, que faz de você quem você é”.

Bem, a verdade é que esse questionamento foi imprescindível para mim. Decidi mergulhar de vez na vida de nômade digital quando percebi que não estava mais disposta a enfrentar dores como: pegar um trânsito infernal todos os dias, fazer refeições sempre correndo, viver uma vida totalmente pautada por horários, descontar tristezas emocionais em vícios materiais e dos sentidos, como compras e comida.

E assim descobri o que realmente queria para a minha vida: horários mais flexíveis, refeições mais saudáveis, tranquilidade emocional, pausa do almoço com direito a um chazinho, como na foto. Hoje eu sei que isso é o que eu quero, de fato. 

Resumindo: o que você não quer mais suportar pode ser uma pista importantíssima sobre o que você, de fato, quer para a sua vida. Busque essa resposta. 

Ela pode ser LIBERTADORA.